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sexta-feira, 12 de abril de 2024

É lançado este mês «Antigos Mestres - Comédia», de Thomas Bernhard

Após lançar em 2014 Autobiografia, a Sistema Solar, através da chancela Documenta, volta a apresentar aos leitores uma nova edição de uma obra de Thomas Bernhard (falecido em 1989), considerado um dos mais importantes escritores germanófonos da segunda metade do século XX. José A. Palma Caetano, tal como acontecera com outros títulos do autor (publicados pela Assírio & Alvim), assina a tradução de Antigos Mestres - Comédia.
Moscardino, de Enrico Pea, é outra novidade da Sistema Solar para este mês.

Texto sinóptico
Como classificar esta narrativa? Em subtítulo, Thomas Bernhard chama-lhe Comédia. Será afinal a comédia da vida? Ou não será esta antes uma tragédia? Já no fim da obra, Bernhard fornece-nos talvez uma pista para reflexão: «Tanto que nós pensamos e que falamos e julgamos que somos competentes e na verdade não somos, essa é a comédia, e quando perguntamos, como é que vai ser agora? é a tragédia, meu caro Atzbacher.»

«Bernhard é considerado hoje uma das figuras mais relevantes da literatura de língua alemã na segunda metade do século XX. Ainda há relativamente pouco tempo o famoso crítico alemão Marcel Reich-Ranicki dizia, num livro constituído por entrevistas sobre vários autores, o seguinte: "Se me perguntassem quais foram os três maiores talentos da literatura alemã, no domínio da prosa, depois de 1945 […] eu indicaria decerto três nomes: Wolfgang Koeppen, Günter Grass, Thomas Bernhard. São as três mais fortes energias épicas na nova prosa alemã. Considero, portanto, Thomas Bernhard um dos verdadeiramente grandes."» José A. Palma Caetano

Excerto
«[…] Julgamos que podemos passar sem as pessoas, julgamos até poder passar sem uma única pessoa e imaginamos também que só temos uma possibilidade de continuar a viver se estivermos a sós connosco, mas isso é uma ilusão. Sem outras pessoas não temos a mínima possibilidade de sobrevivência, disse Reger, podemos ter tomado por companheiros tantos grandes espíritos e tantos Antigos Mestres quanto possível, eles não substituem pessoa nenhuma, assim disse Reger, no fim são sobretudo esses chamados grandes espíritos e esses chamados Antigos Mestres que nos deixam sós e vemos que esses grandes espíritos e Antigos Mestres ainda por cima troçam de nós da maneira mais infame e verificamos que tivemos sempre com todos esses grandes espíritos e com todos esses Antigos Mestres apenas uma relação de troça e só com ela existimos.»

Em breve será reeditado Derrubar Árvores - Uma irritação.

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