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terça-feira, 5 de agosto de 2025

DEVIR lança no final de Agosto o 4.º volume da colecção Angoulême

A novela gráfica O Caderno Azul / Depois da Chuva é o novo título, o 4.º, da colecção Angoulême, da DEVIR, e será publicado a 28 deste mês.
André Juillard (1948-2024), nascido em Paris, foi um mestre da banda desenhada, com predominância do estilo realista. A sua paixão pelo desenho desenvolveu-se logo em criança, em que devorava a revista semanal "Tintin". São da asua autoria obras como Formule 1, Les Sept Vies de l’Épervier, La Ruée vers l’or, Les Frères de la côte e Après la pluie.

Texto sinóptico
Louise sai do banho nua e, sem se aperceber, é vista pela janela por Armand. Inicia-se, assim, um jogo de sedução entre dois estranhos.
O romance desenrola-se na cidade de Paris, cuja arquitetura e principais ruas são representadas de forma clara e sensível. 

O Caderno Azul é complementado com Depois da Chuva, outra história inesperada e envolvente de amor e mistério, que nos absorve até às páginas finais deste livro.

Prémios do Festival Internacional de Banda Desenhada Angoulême

Os Prémios do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême são os mais prestigiados galardões do mundo da BD. Criados em 1974, são atribuídos anualmente no festival realizado em Angoulême, França, um dos maiores e mais influentes eventos dedicados à banda desenhada a nível global.
Estes prémios distinguem obras, autores e editoras que se destacam pela sua originalidade, qualidade narrativa e impacto artístico. Ganhar um Prémio Angoulême significa reconhecimento internacional. Em suma, os Prémios Angoulême são o equivalente aos Óscares da BD, um selo de qualidade que distingue as melhores criações do meio.
As oito obras premiadas que serão publicadas ao longo do ano pela DEVIR transcendem o simples ato de ler banda desenhada. São narrativas que abordam temas complexos – da distopia e crítica social à introspeção psicológica e aos retratos biográficos – acompanhadas por uma arte visualmente arrebatadora. Cada título convida o leitor a uma viagem única, repleta de simbolismo, emoção e reflexão sobre a humanidade.

Volumes já publicados
Trilogia Nikopol, de Enki Bilal
Alack Sinner Bófia 
ou Detetive, de Muñoz & Sampayo
O Silêncio de Malka, de Jorge Zentner & Rubén Pellejero

A lançar nos próximos meses
Silêncio, de Comès
Anaïs Nin, de Léonie Bischoff
O gosto do cloro, de Bastien Vivès
Kiki de Montparnasse, de Catel & Bocquet

domingo, 3 de agosto de 2025

«Renascer das Cinzas», de João Carlos Melo e Maria C.

Data de publicação: 05-06-2025
N.º de páginas: 288

A dor fingida é, muitas vezes, a única forma de gritar por ajuda.
Quantas vezes, na infância, simulámos estar enfermos para fugir a um dia de escola? Agora, imaginemo-nos viver aprisionados a esse comportamento, não por capricho, mas como manifestação de um sofrimento psicológico profundo. 

No seu mais recente livro, o psiquiatra, grupanalista e psicoterapeuta João Carlos Melo aborda com profundidade três perturbações psicológicas complexas e estigmatizadas: a Perturbação de Personalidade Borderline (TPB), a Perturbação Factícia (conhecida como Síndrome de Munchausen) e a Mentira Patológica. 
A protagonista e co-autora de 
Renascer das Cinzas é Maria, que desde os 22 anos simula múltiplas doenças; quatro anos depois (em 2016), um médico diagnosticou-lhe Síndrome de Munchausen. O Verão de 2021 assinala o início de uma nova etapa em sua vida, marcada pelo início de psicoterapia com o autor de Uma Luz na Noite Escura
Este livro
-testemunho é o relato que ambos traçam dos últimos quatro anos de aliança enquanto paciente e terapeuta, e também dos acontecimentos - avanços, retrocessos e impasses - relativos às doenças mentais de que Maria estava refém, com ênfase na Síndrome de Munchausen, considerada a variante mais grave da doença de Perturbação Factícia. Trata-se de uma condição psíquica em que o indivíduo fabrica, exagera ou induz sintomas, por vezes falsificando exames e laudos médicos, ou submetendo-se a intervenções invasivas, para assumir o papel de paciente e obter cuidado e atenção por parte dos profissionais de saúde — uma tentativa de suprir necessidades afectivas negligenciadas na infância (muitos destes doentes só receberam afecto e atenção quando adoecidos). 
Melo considera-a «a mais perturbadora, devastadora e intrigante das doenças [mentais]», uma enfermidade muito mais árdua de tratar do que a esquizofrenia. Pouco se sabe sobre estas pessoas, que frequentemente fogem após o diagnóstico; o tratamento é extraordinariamente desafiante e «o que está em causa, em muitos casos, é o sentimento de não existem.» Em 2013, um artigo científico mencionava que, no mundo inteiro, apenas três casos de recuperação haviam sido documentados. 

(No final do livro, a co-autora fala em «superação» da Síndrome de Munchausen; o autor afirma que a sua paciente «venceu» esta doença. Contudo, é informado ao leitor que «o início de 2025 foi muito difícil. A Maria esteve internada ainda mais uma vez em Psiquiatria por ter ficado gravemente deprimida. Além do sofrimento depressivo, tinha ideação suicida, risco de suicídio e chegou mesmo a fazer uma tentativa» (p. 196) e «A Maria teve alta do último internamento em Psiquiatria em meados de março [de 2025].» (p. 198) Em geral, considera-se que uma doença mental está em remissão ou “curada” quando a ausência de sintomas perdura por um período prolongado — normalmente, entre seis meses e um ano. Assim, falar em «cura» e «superação» parece prematuro, no entender de quem leu e está a escrever esta recensão.) 

Conforme relata Maria, «inventava sintomas só para ter cuidados médicos e não me sentir tão sozinha»; «as urgências acabavam por ser um conforto para mim»; «somos vistos como bichos venenosos para a grande maioria dos médicos». 
No capítulo dedicado à Mentira Patológica — ainda não reconhecida formalmente como doença 
, somos informados que mais do que enganar terceiros, o mitómano busca proteger-se de uma realidade emocional intolerável, traço que liga esta perturbação à TPB e à Síndrome de Munchausen. 
Em Renascer das Cinzas, ao fundirem suas vozes, juntos, paciente e psiquiatra, rompem o silêncio do estigma e brindam o leitor com um olhar profundamente humano sobre o que significa sobreviver e recomeçar. Nesta obra, que por vezes não é de leitura leve, a dor encontra palavras e a escuta se transforma em acolhimento - João Carlos Melo revela-se um ser dotado de rara humanidade. 
Este é o quinto título do autor publicado pela Bertrand Editora, uma leitura imprescindível para quem deseja apreender as subtilidades da saúde mental, do comportamento humano e dos delicados limites entre verdade, mentira e sofrimento. É um livro inspirador, que demonstra que, mesmo na mais profunda escuridão, é possível acender uma luz — e renascer. Que a beleza possa brotar das cinzas.

Excertos 
«A escuta atenta e empática facilita a verbalização e a partilha de pensamentos, receios, fantasias e desejos por parte do paciente, e proporciona-lhe a oportunidade, valiosa e única, de ser efetivamente compreendido.»

«Em algumas alturas sentia-se tão triste, tão desamparada, com um crescendo de angústia e desespero tão incontroláveis que a única saída que encontrava era ir a uma Urgência. Noutras alturas era só o impulso, sem motivo: podia estar a caminhar na rua e, de repente, do nada, mudava a rota e dirigia-se para uma Urgência, a que estivesse mais perto.» 

«Um dos fatores transformadores numa psicoterapia é a experiência de recebermos do terapeuta as palavras e as melodias que dão sentido e significado às nossas vivências internas.»

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Hábitos poderosos para vencer num mundo em constante mudança


Para quem leu Hábitos Atómicos (de James Clear), Adaptar, uma das novas publicações da editora Bookout, é um livro obrigatório para enfrentar as rápidas transformações em curso. Porque não há momento mais perigoso para ser neutro em relação à mudança do que este que vivemos.


Texto sinóptico
Precisamos de uma nova relação com a mudança nomundo. Tem sido unânime que depois da pausa global de 2020, encontramos um mundo mais rápido, mais imprevisível e menos estruturado — as realidades profissionais foram alteradas, as normas sociais, políticas e culturais mudam mais rapidamente e enfrentamos o advento galopante da Inteligência Artificial. Mais mudanças, mais frequentes, mais imprevisíveis e mais depressa! Mas continuamos presos a uma mentalidade desatualizada que pensamos ser protetora. Andrea Clarke propõe abrir a porta aos muitos sinais de mudança e preparar-nos com novos hábitos para moldar o futuro a nosso favor. 
Estes novos Hábitos de Adaptabilidade acolhem as grandes tendências de um mundo imprevisível e são poderosas ferramentas para transformar a vulnerabilidade em força, a adversidade em resiliência e os desafios em oportunidades.

A autora, a australiana Andrea Clarke, ajuda líderes, trabalhadores e estudantes a preparem-se para o futuro, envolvendo-se mais com os sinais à sua volta, antecipando mudanças. Em Março de 2019, o seu livro de estreia 
Future Fit venceu o prémio Australian Business Book of the Year 2019 e está entre os 5 melhores livros de negócios australianos.