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sexta-feira, 30 de maio de 2025

«A Água das Lágrimas» é um dos novos livros da Fundação

Em três novos livros, mede o tempo fora do tempo nos jardins da Quinta das Lágrimas, desvenda o que se passou no lisboeta Museu de Arte Contemporânea durante o tempo da epidemia Covid19 e conhece a cultura das comunidades das margens do Tejo, de Oeiras ao interior raiano. São os mais recentes Retratos da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

A Água das Lágrimas

Na Quinta das Lágrimas, em Coimbra, o restauro da mata e dos jardins baseou-se na beleza nostálgica do seu ambiente, no estudo das árvores, em textos e imagens das várias épocas para abrir o jardim como um palco de futuras inspirações.
Este livro retrata 20 anos de intervenção neste jardim icónico e complexo. Combina arquitetura paisagista, botânica, história da arte, considerações técnicas e paixão pessoal. É uma leitura obrigatória para amantes de jardins, entusiastas de história e qualquer pessoa interessada no cruzamento entre natureza e cultura.


Cristina Castel-Branco é professora e arquiteta paisagista pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA). Doutorou-se (1993) e é docente no mesmo Instituto. Dirigiu o Jardim Botânico da Ajuda. É autora do anfiteatro e dirige os restauros da Quinta das Lágrimas desde 2004. Fundou, em 2002, a Associação de Jardins Históricos. É membro internacional do ICOMOS (UNESCO) no Comité de Paisagens Culturais e membro correspondente da Academia Nacional de Belas Artes (2016). Foi condecorada em França com a Ordre d’Officier des Arts et des Lettres (2013) e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, que lhe atribuiu o Louvor de Mérito (2020). É autora de mais de 20 obras sobre jardins e Arquitetura Paisagista.



Quando o museu fechou

Entre Março de 2020 e Maio de 2021, o Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) manteve as portas encerradas durante 137 dias, mas abriu-se como nunca ao público.
Diário de conquistas de uma equipa obrigada a reinventar metodologias, linguagens e recursos, este livro retrata esse teste real da função de um museu. Foco na educação e entretenimento, simplificação de conteúdos e participação de artistas em discurso directo foram alguns dos caminhos explorados. O alargamento de público então conquistado atesta a importância deste registo de quando a pandemia forçou à flexibilidade e inovação.


Emília Ferreira é licenciada em Filosofia, mestre e doutora em História da Arte Contemporânea. Investigadora e historiadora de Arte. Dirige o Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, desde dezembro de 2017.


Tejo, um cruzeiro religioso e cultural

O Cruzeiro Religioso e Cultural do Tejo assinala também as artes, os saberes e a cultura dos pescadores avieiros, oriundos da Praia da Vieira, em Vieira de Leiria.
Este livro relata uma dessas travessias de vários Tejos, do interior raiano, ainda espanhol, até Oeiras, celebrando a união entre margens e identidades, dos avieiros aos campinos, dos marítimos aos fragateiros. Através de testemunhos, paisagens, iguarias, danças e cantares, traça-se um perfil do passado e presente do rio e da luta para que não sejam esquecidos os que dele fizeram casa e ganha-pão.


Ana da Cunha licenciou-se em Teatro-Interpretação, pós-graduada em Dramaturgia e Argumento e mestre em Jornalismo. É jornalista na 'Mensagem de Lisboa'. Em 2016, venceu o Prémio Aldónio Gomes com a obra (Des)Controlo

Próximos livros da FFMS a editar em Junho
O Poder da Literatura, de Maria do Carmo Vieira; Investimento em Ciência, de Maria de Lurdes Rodrigues.

Livros que a LeYa lança em Junho

Eis algumas publicações do Grupo LeYa que chegarão às livrarias durante o mês de Junho.

O Amante, de Helene Flood
Como se pode ocultar um caso amoroso quando o nosso amante é assassinado? Será pior enganar o marido ou a polícia? Rikke está a mentir a ambos. Depois do êxito internacional O Olhar Que me Persegue, publicado anteriomente pela Dom Quixote, Helene Flood oferece-nos outro tríler brilhante e consolida-se como uma das mais importantes autoras do romance noir escandinavo do momento.
Chega às livrarias a 10 de Junho com tradução assinada por Beatriz Sequeira.

Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa
Depois de O Amor nos Tempos de Cólera, este é o segundo romance de uma colecção de tiragem única com que a Dom Quixote assinala os seus 60 anos. Tradução de J. Teixeira de Aguilar. Nas livrarias a 10 de Junho.


Condor, de António Carlos Cortez
Na leitura alegórica que o autor aqui propõe, o condor é o próprio poema, augúrio, profecia e símbolo de um despertar pessoal e colectivo.
Esta obra poética, com o selo da Editorial Caminho, chega às livrarias a 10 de Junho.
Uma Questão de Culpa, de Jørn Lier Horst
O best-seller que inspirou a terceira temporada da série Wisting, transmitida no AMC. Tradução de Francisco Silva Pereira, nas livrarias a 17 de Junho.

A Desconhecida do Retrato, de Camille de Peretti
Mais um título de Literatura Traduzida da
Dom Quixote, com tradução de Joana Cabral. Ganhou os Prémios: Prix Maison de la Presse, Prix des Romancières, Prix du Roman Marie Claires, Prix Nice Baie des Anges, Prix de la Passion e Prix Charles-Exbrayat.
Nas livrarias a 17 de Junho.

Beleza Vermelha, de Arantza Portabales
Este policial, traduzido para o nosso idioma por Rui Elias, estará nos escaparates daslivrarias a 24 de Junho
.
Um cadáver, seis possíveis assassinos. Ninguém está livre de suspeitas, nem mesmo a própria vítima. Um crime passional em Santiago de Compostela narrado pela nova senhora do romance policial espanhol.


Cruzeiros de Inverno, de Mário Cláudio
Nas livrarias a 27 de Junho.

Uma obra de que emana o humor e a verve que só Mário Cláudio consegue resgatar a percursos de vida tão singulares e tão pouco conhecidos dos leitores.

Mudar de Ideias, de Aixa de la Cruz
Literatura Traduzida por Pedro Rapoula.
Vencedor do Prémio Euskadi de Literatura em Castelhano, Vencedor do Prémio Librotea Tapado, Finalista do Prémio Dulce Chacón. Aterra nas livrarias a 30 de Junho.


A Violinista, de Harriet Constable
A Casa das Letras lança este retrato escaldante de ambição e traição. É a história irreprimível de uma mulher e da sua ascensão ao topo. É também a história das órfãs de Veneza que superaram a miséria e o abuso para fazer música, e cujas contribuições para algumas das obras mais importantes da música clássica.

Mentiras em Cadeia, de Sophie Stava
Mesmo quando pensamos que a verdade vai ser descoberta, a história toma um novo rumo. E o suspense recomeça. E é de cortar a respiração… 
Liane Moriarty, autora de Nove Perfeitos Desconhecidos, Pequenas Grandes Mentiras e Quem Sai aos Seus, diz que este livro é «a própria definição de leitura compulsiva!» Um romance de estreia a não deixar escapar! Edição da Lua de Papel.

Outra novidade da Dom Quixote: Lobos, de Tânia Ganho.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

«Lobos» marca o regresso de Tânia Ganho à ficção

Lobos marca o regresso de Tânia Ganho ao romance, apresentando ao leitor personagens que enfrentam os seus demónios num momento de viragem das suas vidas e do mundo. 
Neste romance protagonizado por quatro personagens em rota de colisão – consigo mesmas, com o mundo, e entre si – a autora aborda temas que lhe são caros e que marcam a actualidade: as relacções pessoais, a noção de privacidade e a descoberta da sexualidade na era digital. Num mundo de referências essenciais em constante redefinição, os seus protagonistas buscam a normalidade. Com Lobos, uma poderosa reflexão sobre o que é ser humano perante o Mal, Tânia Ganho confirma o seu estatuto literário.
A obra, que segue-se a Apneia (2020) e O Meu Pai Voava (2024), tem o selo da Dom Quixote e será publicada a 10 de Junho.

Texto sinóptico
Fedra passou mais de vinte anos nalguns dos piores lugares da Terra. Depois de ter estado no Ruanda, Kosovo, Iraque, Mali, a antropóloga forense regressa por fim a casa. O seu novo trabalho no Instituto de Medicina Legal obriga-a a mergulhar diariamente nas profundezas sórdidas da dark net, uma experiência irreparavelmente solitária.
Stefan vive na cabana que construiu numa floresta. Após décadas de nomadismo, o antigo repórter de guerra alemão leva uma vida de eremita, procurando na sua relação com a natureza um contraponto à crueldade humana que testemunhou.
Leonor, uma adolescente de 14 anos, isola-se no apartamento familiar, num bairro privilegiado de Lisboa, após ser vítima de um crime sexual. Helena, a mãe, revela-se incapaz de lidar com o trauma e refugia-se numa obsessão que ameaça destruí-la a ela e à filha.
Nos bastidores destas vidas que se entrelaçam, Amélia, uma mulher no limite da memória e da sobrevivência, guarda a chave de um mistério que poderá nunca ser desvendado.

A escritora e tradutora literária Tânia Ganho - que cedeu uma entrevista em 2020 para este blogue (aqui) - tem publicados também A Lucidez do Amor (2010) e A Mulher-Casa (2012), ambos com o selo da Porto Editora.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Novo livro de Raimundo Quintal intitula-se «Flores do Nosso Jardim»

Flores do Nosso Jardim é o título do mais recente livro de Raimundo Quintal, publicado pelas Edições Letras Lavadas, chancela do grupo Publiçor. O álbum contém mais de duzentas fotografias a cores de flores de árvores, arbustos, trepadeiras e herbáceas.

Texto de apresentação
Alcandorado na arriba sobranceira à Fajã do Mar, na baía do Faial, no nordeste da Ilha da Madeira, o Jardim do Tojal, com uma área aproximada de 1000 m2, é um recanto onde, em novembro de 2024, prosperavam 504 tipos de plantas, com predomínio para as de origem subtropical.
Cuidámos com carinho, bromélias e justícias-vermelhas, da América tropical, gincos e hortênsias, da Ásia oriental, próteas e flores-paraquedas, da África meridional, grevíleas e fetos-arbóreos, da Austrália, leptospermos, da Nova Zelândia, cedros, dragoeiros, marmulanos e cilas, da Madeira. No nosso ‘cottage garden’, localizado 200 metros acima do nível do oceano, tratámos com igualdade de direitos a estrangeira faia-europeia e a nativa faia-das-ilhas, a exótica árvore-da-canela e o loureiro indígena, o folhado da Europa Mediterrânica e o folhado da Madeira. Durante doze anos, praticámos uma jardinagem ecologicamente sustentável e jamais nos esquecemos de que as plantas são seres sencientes.

O autor
Nasceu no Funchal, em 1954. Doutorado em Geografia Física pela Universidade de Lisboa. Investigador no Centro de Estudos Geográficos, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, Universidade de Lisboa. Vereador com o Pelouro do Ambiente, Educação e Ciência da Câmara Municipal do Funchal, entre 1994 e 2002. Entre os projetos de conservação da natureza, de requalificação paisagística e de educação ambiental que liderou, destacam-se a criação do Parque Ecológico do Funchal e o Galardão Ouro das Cidades e Vilas Floridas da Europa (2000).
Fundador da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal e presidente da direção desde fevereiro de 2002. Autor de livros e de numerosos artigos de Fitogeografia, Ecologia e Educação Ambiental. Autor e realizador de 84 documentários sobre património natural e cultural, exibidos em televisões nacionais e internacionais. Coordenador do projeto de restauração da biodiversidade, que a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal vem realizando no maciço montanhoso do Pico do Areeiro, Ilha da Madeira, desde 2001. Responsável científico do projeto de requalificação do Jardim Botânico José do Canto, em Ponta Delgada, Ilha de São Miguel, 2014 — 2017. Responsável científico pela criação e desenvolvimento do Campo de Educação Ambiental do Santo da Serra — Eva e Américo Durão, Ilha da Madeira, desde abril de 2019.

Livros publicados pela Letras Lavadas
Árvores dos Açores – Ilha de São Miguel | Trees of the Azores – São Miguel Island (2020), Plantas do Jardim António Borges / Plants of the António Borges Garden (2021), Ilha da Madeira – 300 Árvores / Madeira Island – 300 Trees (2022), Mata do Dr. Fraga – Herança Viva de um Madeirense (2022) e Flores de Cá e de Lá (2023).

A história da publicação de «O Diário de Anne Frank» entre os lançamentos da Livros do Brasil


Thomas Sparr nasceu na Alemanha, em 1956. Estudou Literatura e Filosofia, foi professor e actualmente é editor da Suhrkamp, considerada como uma das mais importantes editoras da Europa. Publicou, entre outros, os livros Grunewald im Orient (2018) e Todesfuge (2020). O livro que conta a história de O Diário de Anne Frank, Quero Continuar a Viver depois da Minha Morte, é o título que marca a sua estreia em Portugal.

Texto sinóptico
Fechada num anexo secreto em Amesterdão, escondida dos nazis, Anne Frank sonhava vir a tornar-se uma escritora famosa. Anne morreu com quinze anos num campo de concentração, mas o seu pai, Otto Frank, o único elemento da família a sobreviver ao Holocausto, quis cumprir o seu sonho. Em 1947, saía nos Países Baixos Het Achterhuis, a primeira edição do diário de Anne Frank, hoje um dos livros mais lidos em todo o mundo. Mas a história da publicação deste que é indubitavelmente o mais famoso dos testemunhos tornados públicos no pós-Segunda Guerra Mundial não se fez sem vicissitudes, sem trabalho árduo e acasos felizes – e é agora pela primeira vez contada. Thomas Sparr teve acesso ao arquivo do Anne Frank Fonds, aos documentos da família e a uma série de informações de intervenientes internacionais e revela neste livro a empolgante aventura de como os cadernos de uma adolescente se transformaram n’O Diário de Anne Frank.



Ernest Hemingway (1899-1961) terá trabalhado em O Jardim do Paraíso, texto repleto de tensão e erotismo por mais de uma década, sem nunca o dar como concluído. Quando já postumamente, em 1986, a obra por fim foi publicada revelou-se um romance inquestionavelmente magistral, aclamado pela crítica e pelos leitores e surpreendente dentro do cânone do autor. Um retrato poderoso das relações humanas e do apelo da transgressão por um dos grandes mestres da literatura do século XX. Em 1953, Hemingway ganhou o Prémio Pulitzer, com O Velho e o Mar, e em 1954 o Prémio Nobel de Literatura.

Texto sinóptico
David e Catherine Bourne são um jovem casal americano em lua de mel no sul de França. Em dias longos e luminosos, sucedem-se as refeições bem regadas, os passeios de bicicleta e em carros desportivos, os demorados banhos de mar e de sol, as idas provocatórias ao cabeleireiro. Todas as manhãs, David redige mais um par de páginas do seu próximo livro, mas, para já, o dinheiro está assegurado por uns tempos e querem continuar a viajar, a divertir-se, a quebrar convenções. Conhecem então a bela Marita e entre os três desenham-se laços cada vez mais enredados, à medida que também a escrita do romance de David se aproxima dramaticamente do final.

As mais recentes publicações com o selo das Edições Letras Lavadas

Elisabeth Phelps – Com a Madeira no coração
de Cláudia Faria

Elisabeth Dickinson (1796-1876), filha do Capitão Thomas Dickinson (1754-1869) e de Francis de Brissac (1760-1854), chega à Madeira em 1819 acompanhada pelo seu marido, Joseph Phelps, um dos herdeiros da Phelps Page & Co. Instalada no Funchal, na rua do Carmo, a jovem integra-se no círculo britânico residente na capital madeirense. Enquanto se dedica à família e até aos negócios, ocupa-se do bem-estar e da melhoria das condições de vida da população local, tendo mesmo estabelecido uma escola para raparigas.
Detentora de um espírito aventureiro e de um carácter pragmático e dinâmico, Mrs. Phelps foi pioneira na organização de excursões aos pontos mais altos da ilha, de picnics e plantação de árvores. Viveu na Madeira durante mais de 40 anos, aprendendo a conhecer e a disfrutar da ilha que a recebeu de braços abertos. Adoptou alguns hábitos madeirenses e introduziu outros que trouxe de Londres. Viveu entre cá e lá, mas sempre com a Madeira no coração.


Diversa e Absoluta
Estudos Sobre a Obra de Natália Correia
de Rui Tavares de Faria

Ler Natália Correia, interpretá-la, compreendê-la e conhecer o seu pensamento não são tarefas que se concretizam e se esgotam num volume com cerca de uma centena de páginas. Natália pervive e deve ser estudada com afinco, rigor e persistência. Os sete estudos que integram o presente volume pretendem ser disso mais um exemplo. Procura-se, por um lado, dar a conhecer ao leitor hodierno a produção nataliana, evidenciando o quão vasta e diversificada é, e, por outro, pretende-se promover e estimular a investigação científica e académica sobre o legado da mulher que se definiu “metade fêmea, metade mar como as sereias.”
Os capítulos que compõem Diversa e Absoluta. Estudos sobre a Obra de Natália Correia abrangem tanto a obra narrativa da autora, como também a lírica e integra, ainda, um ensaio sobre uma peça dramática de Natália.
Os estudos que agora se reúnem neste volume resultam de um trabalho de investigação que se desenvolveu ao longo do ano de 2024, por parte de Rui Tavares de Faria.


Lady Bobs, o seu Irmão e Eu
de Jean Chamblin

Minha querida, encontrei-as! Estão aqui todas, as nove ilhas dos Açores. Pequenas ilhas cheias de orações e santuários e sinos vespertinos, enfiadas num fio de água, como as dezenas nas voltas de um Rosário do Mar. Lady Bobs equilibra-se com leveza feminina, muito humor e virtuosa elegância no cruzamento entre a literatura de viagem e o romance epistolar. Escrito após uma digressão de Jean Chamblin pelo arquipélago açoriano, o livro oferece um interessante retrato da sociedade micaelense em inícios do século XX. Por entre descrições de paisagens rurais que se iluminam ou fantasmagorizam consoante os caprichos do clima, o olhar sensível da viajante americana capta as pessoas, lugares e costumes ilhéus, tecendo uma narrativa ancorada no casamento fértil entre a estranheza, o equívoco, a ironia e o fascínio. Um livro imprescindível, finalmente publicado nos Açores. - Paulo Ramalho


Diário de Um Homem Só
de J. Chrys Chrystello

Este Diário de um homem só, chegou ao termo do seu prazo de validade, após 12 meses de desabafos e dor, cumpriu a missão, e não sendo de catarse, expurgou silêncios, prantos e medos, neste doentio e anómalo sossego, nesta calma podre, nesta serenidade irreal, nesta tranquilidade artificial de autocontrolo, nesta paz doméstica da solidão, sem agitação da vida em comum, sem o dessossego da tua doença, sem o tumulto das tuas crises, sem a desordem do lento e inexorável caminhar terminal do teu enfisema pulmonar. O tempo passa, aumenta a saudade, a dor, a impotência de te rever apenas em fotos e filmes, sem poder(mos) regressar aos locais que passam, todo o dia, nas imagens na moldura digital em frente a mim.


Casa do Tempo
de Lélia Pereira da Silva Nunes

A habilidade de Lélia Pereira da Silva Nunes em reproduzir literária e afetivamente suas memórias de infância e trazê-las para o presente hipnotizam o leitor/leitora. Neste Casa do tempo, uma experiência coletiva geográfica e historicamente situada – os Açores e a Ilha de Santa Catarina, sua gente e sua cultura – ganha, nas teclas dessa admirável intelectual catarinense, uma verdade pessoal e comunitária a que o leitor se alia sem pestanejar.
O eu único da narradora se revela na escritura do eu-social. Lélia, ao se referir a autores tais Nereu Corrêa, que ela aproxima de Miguel Torga, às relações culturais entra as ilhas citadas, como os ritos religiosos e profanos respectivos, ao realçar a importância de Othon d’Eça, de Ana Luiza de Azevedo e Castro, Willy Zumblick e das festas do Divino Espírito Santo, nos fala da condição humana universal.
Não posso deixar de sublinhar a referência ao elo da convergência cultural entre a literatura dos catarinenses e a literatura nascida nos Açores. Vozes de diferentes histórias e gerações a percorrerem os caminhos do mar – Vitorino Nemésio, Eduíno de Jesus, Pedro Almeida Maia, Pedro da Silveira, José Andrade. Escreve sobre o passado com os dois pés no presente, com a autonomia de uma narradora do futuro. Não há nesta bela obra uma ilusão naturalista nem uma mitificação da chamada religião do vivido, mas, sim, uma análise de um eu-sujeito a serviço da arte e da causa Humanista. - Godofredo de Oliveira Neto (Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Catarinense de Letra)

É publicado livro inédito sobre a história da homossexualidade em Portugal


A Âncora editora publica História da Homossexualidade em Portugal, um estudo inédito sobre a homossexualidade entre os séculos XIII e XX, da autoria do
filósofo Victor Correia.

Texto de apresentação
Como este novo livro editado em Portugal, que é inédito no que diz respeito ao tema, preenche-se uma lacuna no mundo editorial nacional e internacional, pois é a primeira vez que é publicado um livro sobre a história da homossexualidade em Portugal.
Muitas pessoas consideram que a homossexualidade é uma coisa do nosso tempo, que é um fenómeno moderno, uma “modernice”, como afirmam alguns em sentido pejorativo. Ora, de maneira nenhuma isso é verdade, que é o que se pretende mostrar com esta obra, apresentando historicamente Portugal como exemplo muito significativo, pois a homossexualidade sempre existiu, ao longo da História de Portugal, e tem muitos factos desconhecidos do público.
Este trabalho é constituído por duas partes: a abordagem da homossexualidade ao longo dos séculos no nosso país, e por um conjunto de anexos, constituídos por documentos antigos.
Este livro pretende ser um instrumento de cultura, não abordando a homossexualidade só em si mesma, mas também ligada à História de Portugal. Tendo como pretexto e fio condutor a homossexualidade em Portugal ao longo da sua História, é também uma forma de conhecer melhor a História de Portugal.

O autor
Victor Correia frequentou a Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma - formação em Filosofia. Concluiu a licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e pós-graduado em Formação Educacional, na mesma Faculdade, e tem o Mestrado em Estética e Filosofia da Arte, na Faculdade de Letras da Universidade de Letras (certificações obtidas antes do Processo de Bolonha). É doutorado em Filosofia Política e Jurídica, na Universidade da Sorbonne, em Paris. É pós-doutorado em Ética e Filosofia Política, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem exercido funções de docência na sua área de formação, e tem organizado e apresentado comunicações em várias conferências. É autor de mais de vinte livros, entre os quais constam Homossexualidade e Homoerotismo em Fernando Pessoa (2018), A Homossexualidade de Fernando Pessoa (2022), Textos de Rejeição para com as Mulheres (2024) e Sexualidade e Erotismo na Bíblia Sagrada (2024).

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Oficina da Escrita publica «Coração de Açúcar», um livro de autodescoberta, da autoria de Magda Franco

Magda Franco, nascida no Funchal em 1968, é professora de Inglês do ensino secundário desde 1991 e doutorada em Saúde Mental pela Universidade de Northumbria, no Reino Unido. Publicou artigos de opinião no 'Jornal da Madeira', entre 2009 e 2013. Dedica-se ao estudo do comportamento humano e neurociência. Em 2024, fundou a Academia Magda Franco de Desenvolvimento Humano, com foco em programas de autocrescimento e saúde mental preventiva. O propósito desta marca é de se tornar numa plataforma dedicada ao crescimento integral do ser humano.  Escreveu os livros Espelhos de Vida (Ed. Chiado Books, 2016), Fragmentos do Eu, (Ed. Primeiro Capítulo, 2023) e em Novembro de 2024 publicou Coração de Açúcar, com a chancela da Oficina da Escrita.
A obra, cuja sessão de lançamento decorreu a 15 de Novembro transacto no Museu de Eletricidade da Madeira | Casa da Luz, no Funchal, contém catorze capítulos - cada um dedicado a um tema - e oferece vários exercícios simples e práticos.


Excerto
«Este não é um livro de autoajuda mas de autodescoberta! A viagem é de descoberta, de saborear memórias esquecidas, de curar dores que foram suprimidas e que precisam de ser trabalhadas, para que o vosso entendimento sobre a natureza das vossas ações vos faça sentido.» (p. 14)

Texto sinóptico
Coração de Açúcar é uma emocionante jornada literária que convida o leitor a explorar as profundezas das suas emoções e a descobrir a verdadeira essência da sua história. com sensibilidade e perspicácia, Magda Franco conduz o leitor por uma dança delicada entre a escritora e a leitora, onde, juntas, percorrem os caminhos incertos da vida.
Ao longo das páginas, cada sentimento, evento e descoberta é cuidadosamente revelado, compondo o Mapa Emocional único de cada pessoa; em alguns momentos, essa jornada será intensa e arrebatadora; noutros, tranquila e reflexiva. no entanto, o fio condutor é o autoconhecimento, a chave para alcançar a harmonia entre coração, mente e corpo.
Nesta obra, a leitora encontrará a sua própria história que se desdobrará com leveza e profundidade, levando-a a rir e, talvez, a derramar algumas lágrimas. Afinal, viver é sentir, e só através da unicidade dos nossos sentimentos é que encontramos a completude.
Em Coração de Açúcar, Magda Franco oferece um convite especial: uma viagem interior ao seu próprio legado. Está pronta para desvendar a sua história?

Algumas razões pelas quais deves adquirir este livro:
- Reflexão sobre autoconhecimento e harmonia emocional;
- Uma narrativa sensível sobre sentimentos e descobertas;
- Momentos de leveza e profundidade que tocam o coração.

Valter Hugo Mãe tem um novo livro

Após Deus na Escuridão (2024), a Porto Editora publica Educação da Tristeza, o novo livro de Valter Hugo Mãe. Este livro de crónicas, que chega às livrarias a 5 de Junho, inclui desenhos do autor.


«O tamanho da vida está todo dentro do amor.
Se amarmos, somos extensos, infinitos.
Se não amarmos, recolhemos como bocadinhos de poeira sem sentido, sem valor.»

As pessoas que perdemos somam. Somam à ausência mas são nosso património mais delicado, um reduto de fortuna e saudade que detemos mais dedicadamente do que ouro.
Nestes textos, Valter Hugo Mãe revela parte do seu ouro mais caro. Um muito íntimo retrato da tristeza que não se quer vencedora. Muito ao contrário. Uma tristeza educada não desaparece, ela torna-se respeitosa com a necessidade de sobreviver, de continuar a lembrar, de continuar a amar.

sábado, 24 de maio de 2025

O livro que inspirou o filme 'O Quarto ao Lado', de Almodóvar


Da consagrada autora norte-americana Sigrid Nunez, a Livros do Brasil publica a 29 de Maio uma obra de rara sensibilidade, que aprofunda temas como a amizade, o sofrimento, o envelhecimento e a empatia. 
Qual É o Teu Tormento
é uma narrativa contida e poderosa, assente num diálogo contínuo entre a narradora — uma mulher sem nome — e uma amiga próxima, que enfrenta uma doença terminal e lhe pede um último e irreversível favor: estar presente até ao fim.
Nunez explora neste novo romance o peso do cuidado e da responsabilidade emocional entre seres humanos, e destes para com a natureza, sem nunca perder o humor e a lucidez crítica que caracterizam a sua escrita. Qual É o Teu Tormento (traduzido de What Are You Going Through por Francisco Agarez) é um texto extraordinário de homenagem ao poder da empatia e do companheirismo.
O livro foi adaptado ao cinema em 2024 por Pedro Almodóvar, sob o título 'O Quarto ao Lado', filme protagonizado por Tilda Swinton e Julianne Moore.

Texto sinóptico
Todo o ser humano tem necessidade de falar sobre si e de ser ouvido. É com esta convicção que a mulher que aqui nos narra olha em redor, presta atenção às histórias das pessoas e se questiona sobre as suas dores. Quando toma conhecimento de que uma amiga que não vê há longos anos está internada com um cancro terminal, visita-a e aceita partilhar casa com ela e acompanhá-la até ao fim. Conversam, riem, leem, veem filmes, recordam a juventude e as relações mais ou menos complicadas dos seus passados, produzindo uma reflexão comovente, polvilhada de humor e de crítica social, sobre o nosso tempo e o absurdo da vida e da morte.

Elogios da imprensa
«Beleza, amizade, natureza e arte: são estas as tábuas de salvação para a solitude e o desespero, e Nunez oferece-as todas nesta minuciosa indagnação sobre a vida e a morte.»

The New York Times Book Review


«Curto, afiado e serenamente brutal (...). Divertido de modo franco e profundamente meigo.»

Kirkus Reviews


A autora
Sigrid Nunez nasceu em 1951, em Nova Iorque, e é autora de uma dezena de romances, ensaios e contos, publicados em mais de trinta países. Em 2018 venceu o National Book Award com O Amigo (Ed. Clube do Autor, 2021), selecionado pelo jornal The New York Times como um dos 100 melhores livros do século XXI e adaptado ao cinema em 2025 - Naomi Watts, Bill Murray e Ann Dowd são os actores que protagonizam 'The Friend'. É membro da Academia Americana de Artes e Letras, foi professora em várias universidades norte-americanas e colaborou com diversas publicações prestigiadas.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Os romances mais icónicos de Jane Austen estão a ganhar reedições

Jane Austen (1775-1815) foi uma romancista inglesa cuja escrita marca a passagem do Neoclassicismo para o Romantismo. Na produção literária desta autora, que para Henry James estava ao mesmo nível de Shakespeare e Cervantes, cujos livros serão imortais, nas palavras de Virginia Woolf, e elogiada de "génio" por Martin Amis, constam quatro romances obrigatórios que a Editorial Presença tem vindo a reeditar desde o passado mês de Março. São eles, nos seus títulos originais: Sense and Sensibility (1811), Pride and Prejudice (1913), Emma (1816) e Persuasion (1818).

Por uma Senhora. Foi com esta singela - e, porém, tão significativa - definição de autoria que, em 1811, Jane Austen publicou, a suas expensas e em três volumes, o primeiro romance, Sensibilidade e Bom Senso. Aquela que viria a tornar-se uma das autoras mais lidas de todos os tempos morava, então, em Chawton, Hampshire, e estava já longe de ser uma novata na escrita, pois encontrara a vontade e a imaginação para as letras ainda jovem, antes de ter comemorado o vigésimo aniversário.
No primeiro livro que publicou, encontramos duas irmãs, Elinor e Marianne, filhas da pequena burguesia inglesa do século XVIII, arrebatadas pelo amor, e por ele feridas. Comandada pela razão, Elinor procura esconder as suas emoções e fazer prevalecer o bom senso. Sob o ímpeto da paixão, Marianne mostra-se ao mundo sem reservas, escolhendo como bússola a sensibilidade. Contudo, ambas sabem que o seu lugar de mulheres, naquele mundo, está subjugado à vontade dos homens, do socialmente correto, do vil metal - e não do que mandam as suas cabeças ou os seus corações. E, enquanto os dias passam e a vida se mostra pouco gentil, algo parece definir-se no horizonte: será o equilíbrio entre a sensibilidade e o bom senso o lugar da felicidade inaugural?
Ironia fina, fôlego romântico, personagens inesquecíveis e diálogos intemporais: eis, em poucas palavras, o que a injusta economia de uma frase nos permite escrever sobre a inigualável Jane Austen.


É em Persuasão, o último romance terminado de Jane Austen, publicado seis meses após a sua morte, que encontramos a sua heroína mais notável - Anne Elliot. Então com dezanove anos, Anne é persuadida a terminar o noivado com o oficial da marinha Frederick Wentworth, o homem que tanto ama. Esta união, que não lhe confere estatuto nem fortuna, não é bem vista pela sociedade inglesa do início do século XIX. No entanto, oito anos depois, o casal reencontra-se inesperadamente. Rapidamente percebem que os sentimentos do passado continuam despertos e impossíveis de ignorar.
Naquela que é a sua obra mais amadurecida, que traça um afastamento nítido em relação ao tom predominantemente satírico dos seus anteriores romances, Jane Austen trata o carácter e os afetos da protagonista de uma forma que, sem perder de vista a ironia, é, sem sombra de dúvida, inundada de ternura, e anuncia já uma perceção mais aberta e dinâmica dos comportamentos humanos.
Uma história de amor, desenvolvida com profundidade e subtileza, com personagens inesquecíveis e diálogos intemporais: eis, em poucas palavras, o que a injusta economia de uma frase nos permite escrever sobre a inigualável Jane Austen.


Orgulho e Preconceito é o mais conhecido dos romances de Jane Austen e aquele em que assume a maturidade da sua escrita. Publicado pela primeira em 1813, e retratando a sociedade inglesa rural da época, o universo desta obra consegue ultrapassar as fronteiras geográficas e temporais, graças ao génio criativo da autora, mantendo intacta a intemporalidade da trama.
Esta é uma história de amor poderosa vivida entre Elizabeth Bennet, uma das cinco filhas de um pequeno proprietário rural, a de espírito mais vivo e independente, e Mr. Darcy, um aristocrata altivo da mais antiga linhagem. Mas Orgulho e Preconceito é também uma deliciosa comédia social, à qual estão subjacentes temáticas mais profundas. A sua atmosfera é iluminada por uma jovialidade contagiante, por uma variedade de personagens e vozes que tornam o enredo vibrante e constantemente agitado pelo elemento surpresa.
A genialidade da inteligência e da ironia de Jane Austen, associados ao seu apurado poder de observação, dão-nos um retrato impressionante da pequena burguesia inglesa do seu tempo, onde nem todos são o que parecem, mas em que o amor é capaz de vencer tudo.
Um dos maiores romances de sempre, protagonizado pelo par romântico mais arrebatador da literatura: eis, em poucas palavras, o que a injusta economia de uma frase nos permite escrever sobre a inigualável Jane Austen.


Entre erros e acertos, Emma lembra-nos que o amor nem sempre segue todos os planos!
Bela, inteligente, otimista e segura de si, Emma é uma das heroínas mais complexas e encantadoras de Jane Austen, dando título a um dos seus livros mais acarinhados. A jovem Emma Woodhouse acredita que é a pessoa ideal para promover casamentos entre os que a rodeiam, mesmo que o amor não seja uma prioridade para ela e que esteja convencida de que nunca se casará.
Após ter orquestrado o enlace da sua antiga governanta, menina Taylor, com o viúvo senhor Weston, Emma está decidida a encontrar um marido para a sua protegida, Harriet Smith. no entanto, o que parecia ser uma boa ideia, dá origem a uma série de desastres amorosos.
Em Emma, Jane Austen constrói um universo repleto de julgamentos precipitados e normas grotescas da sociedade do início do século XIX, revelando como as pessoas, mesmo através de enganos e mal-entendidos, se apoiam nas convenções sociais para se encaixar e sobreviver.
Personagens memoráveis e diálogos ágeis e cheios de humor: eis, em poucas palavras, o que a injusta economia de uma frase nos permite escrever sobre a inigualável Jane Austen.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Os novos títulos que a Opera Omnia publica de Camilo Castelo Branco

Depois de publicar recentemente No Bom Jesus do Monte e Mistérios de Fafe, a editora Opera Omnia continua a homenagear Camilo Castelo Branco, com o lançamento de novos títulos da colecção camiliana, em capa dura: Amor de Perdição (a sua magnus-opus, escrita durante um período de quinze dias, durante o seu cárcere na Cadeia da Relação, no Porto) e A Filha do Arcediago (publicada pela primeira vez em 1858).

Amor de Perdição é, sem dúvida, a obra mais conhecida e mais emblemática de Camilo Castelo Branco, e é um livro que tornou o seu Autor um caso sério de popularidade, o que se verifica ainda hoje. Muitos críticos consideram que Camilo atingiu com este livro a plena maturidade artística. Trata-se de uma obra de texto conciso e de leitura rápida, tal a velocidade da ação e da narração, bem como o humor que impregna o livro.
Este livro voltou a integrar o programa de Língua Portuguesa no ensino secundário, o que é também uma marca da sua modernidade e da sua relevância.


A intriga de A Filha do Arcediago é a história de uma relação invulgar e imoral — do cínico padre Leonardo Taveira, arcediago de Barroso, com Ana do Carmo, uma das várias amantes do concupiscente padre. Dessa ligação nasce Rosa Guilhermina Taveira, “filha do pecado” e verdadeira protagonista deste enredo. Não aceitando o casamento imposto pelo pai tirano com um rico idoso da cidade, o sórdido e grotesco António José da Silva, a jovem Rosa é forçada a ir para o Recolhimento de S. Lázaro, tornando se íntima amiga de uma rapariga pobre e órfã, Maria Elisa. Preenche se a narrativa com os relacionamentos afetivos e as experiências amorosas destas e de outras personagens, com lances ora confessionais, melodramáticos e lacrimosos; ora ridículos, hilariantes (protagonizados especialmente por António José da Silva, bem como Angélica, sua velha irmã solteirona e supersticiosa beata, e ainda Maria Elisa).

terça-feira, 20 de maio de 2025

Antologia poética de Nuno Artur Silva é editada pela INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda

Nuno Artur Silva
(n. 1962) é autor, diretor criativo e produtor de livros, peças de teatro, eventos, programas e séries de televisão e de rádio. Cronista, conferencista e professor. Foi fundador e diretor da Produções Fictícias, fundador e diretor do Canal Q, fundador e publisher do jornal satírico O Inimigo Público. É autor de diversos livros, sendo os mais recentes Como é que os Nossos Amigos Ficam Nossos Amigos? (Ed. Bertrand, 2023) e Trilogia Filipe (Ed. Asa, 2024).

O seu mais recente livro, Erros Meus - Poesia Incompleta, que terá uma sessão de apresentação no próximo dia 26, na Sala Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa, é publicado pela editora INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda.

Texto de apresentação
«Com Erros Meus apresenta-se a primeira recolha de éditos e inéditos dos últimos 40 anos. O livro está organizado por capítulos (12). Os capítulos correspondem mais a temas, motes ou motivos do que a épocas de escrita. A definição e o nome de cada capítulo partem quase sempre de textos escritos em tempos diferentes ou ao longo do tempo, em várias versões, sobre o mesmo tema ou variações dele. Cada capítulo pode juntar textos muito recentes com textos muito antigos. Pode acontecer parecerem textos antigos textos que são mais recentes. E vice-versa. Há muitos textos que ficaram de fora da escolha, há muitos textos que foram totalmente reescritos. Sem contrariar a autonomia de cada texto, que pode ser lido isoladamente, há unidades sequenciais ou narrativas. Cada capítulo é uma coleção de poemas de um livro independente inacabado. Os livros anteriormente editados agora aqui incluídos têm uma nova versão, não necessariamente definitiva (com uma exceção, As Passagens do Tempo, que está quase igual à primeira edição). A maior parte dos capítulos corresponde a escolhas de poemas de livros inéditos com o mesmo título de cada capítulo, que poderão, ou não, vir a ser publicados. Esta antologia é, portanto, uma coletânea de versos e prosas de livros futuros.»

domingo, 18 de maio de 2025

Nova edição de «Orlando», a grande obra exuberante de Virginia Woolf


Depois de Desconhecido Nesta Morada, de Kathrine Kressman, a colecção Dois Mundos da Livros do Brasil (chancela do Grupo Porto Editora) ganha um novo título: Orlando. Esta obra é considerada o primeiro grande romance do pós-modernismo e o livro que comprovou a genialidade e a ousadia da autora britânica Virginia Woolf.
Publicado originalmente em 1928, Orlando (com tradução de Cecília Meireles) é uma biografia ficcionada, que desafia convenções e explora as fronteiras entre o tempo, o género e a identidade. A obra, que chegou às livrarias a 15 de Maio, é uma homenagem a Vita Sackville-West. amiga e musa inspiradora da autora falecida em 1941.
O romance agora reeditado, permanece como um texto essencial para a compreensão da fluidez da identidade e do papel do género na sociedade actual.

Sinopse
Esta é a extraordinária história da vida de Orlando, jovem nascido na Inglaterra isabelina. Envolto em riquezas e mesuras, poeta e apaixonado, viaja um dia até à Turquia e acorda sem aviso num imortal corpo feminino cujo percurso acompanharemos por mais de três séculos, até à modernidade.
Obra exuberante, repleta de fantasia e de inovação, carta de amor disfarçada de biografia que a autora dedicou à artista Vita Sackville-West, Orlando chegou como uma pedrada no charco ao meio literário britânico em 1928 e conquistou para Virginia Woolf um lugar de protagonismo na história da literatura universal, fixando-a para sempre como uma das autoras centrais dos textos feministas e da reflexão sobre a sexualidade. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

«Memórias do Cárcere» é uma das obras de Camilo Castelo Branco editadas pela INCM

Além de Amor de Perdição, O Morgado de Fafe, Vinte Horas de Liteira, O Regicida, A Filha do Regicida, Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado, Novelas do Minho, O Demónio do Ouro e Coração, Cabeça e Estômago, de Camilo Castelo Branco, que este ano assinala-se o bicentenário do seu nascimento, a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) publicou também as obras Memórias do Cárcere e A Sereia.

Em Memórias do Cárcere, Camilo traça um retrato duro mas emocionante das inauditas condições de vida na histórica Cadeia da Relação do Porto bem como da pesada justiça oitocentista, tendo como fio condutor a experiência vivida na primeira pessoa e outros testemunhos de vida, cuja singularidade Camilo quis deixar para memória futura.

Com edição de Ivo Castro e Raquel Oliveira este volume da «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco» oferece um rigoroso mas discreto aparato crítico, uma completa nota editorial e uma reveladora obra camiliana para (re)descobrir.

Excerto
«Não estranhei o ar glaciar e pestilento, nem as paredes pegajosas de humidade, nem as abóbadas profundas e esfumeadas dos corredores, que me conduziram ao meu quarto.
Em 1846 estive eu preso ali, desde nove até dezasseis de outubro. Foram sete dias de convivência com sujeitos conversáveis,, que entraram comigo, ou poucos dias antes, por cúmplices na contrarrevolução, baldada pela captura do senhor duque da Terceira.»


«Um falsário que conta histórias, mais a biografia do famigerado Zé do Telhado, além de parricidas e infanticidas e ainda o homem que matou o burro dum abade: uma coleção de desgraçados, incluindo o próprio romancista, como sempre preso na maior vocação, falar dos outros.» Abel Barros Baptista


Neste eterno clássico da literatura portuguesa, A Sereia, Camilo elege duas realidades antagónicas: o amor e o conflito, que sincronamente convivem através da narrativa intensa, apaixonada e apaixonante, tão característica do autor.

A presente edição, da responsabilidade de Ângela Correia e Patrícia Franco, acrescenta à genialidade do autor o rigor crítico e notas que contribuem para um olhar científico da obra e do seu autor, e que se colocam a par da íntima experiência da leitura.

Excerto
«Naquele tempo,os dias de maio, no Porto, eram temperados, alegres, perfumados, encantadores. A primavera, há cem anos, aparecia quando o calendário a dava. Ninguém saía de sua casa às cinco horas duma tarde cálida de maio com um casaco de reserva no braço para resistir ao frio das sete horas; nem o peralta portuense levava escondido na copa do chapéu o cache-nez com que, ao anoitecer, havia de resguardar as orelhas da nortada cortante.»


«Uma noite na ópera, a primeira que houve no Porto, e suas consequências. Mais que a sentimentalidade amorosa, a exposição do poder paterno: austero e intransigente, cruel e violento, ao cabo encurralado e destroçado. Um livro implacável.» Abel Barros Baptista



Outra obra de Camilo relançada recentemente: Maria da Fonte.