quarta-feira, 26 de março de 2025

Reedições de obras camilianas homenageiam o grande escritor da literatura portuguesa

No mês em que se assinala o bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890), uma das figuras mais proeminentes da literatura portuguesa do século XIX, destacar a reedição, pela editora Opera Omnia, dos romances No Bom Jesus do Monte e Mistérios de Fafe (com introdução assinada por José Cândido Oliveira Martins).
A editora minhota irá reeditar em breve as obras Amor de Perdição e Maria Moisés. Estes quatro títulos integram a colecção camiliana, composta por cerca de 12 títulos que estão previstos publicar ao longo de 2025.


Editado em 1864, o livro No Bom Jesus do Monte é geograficamente centrado no conhecido santuário da cidade de Braga. Ao mesmo tempo que narra histórias de amor diversas, explora inicialmente uma forte dimensão biográfica de Camilo Castelo Branco.

Outro elemento central desta narrativa é uma conceção romântica da paisagem. Neste caso, a natureza minhota na sua diversidade e beleza é tomada como espaço central da ação e, sobretudo, como cenário de confidências do ser humano triste e atormentado. Mais do que explorar a cor local, o romancista perspetiva a natureza como espaço de devaneio e de confidência, como lenitivo para a perturbada solidão e dramas existenciais.


Mistérios de Fafe foi publicado em 1868, primeiro em folhetins no Jornal do Comércio e logo depois em 1.ª edição em livro, tendo conhecido 2.ª edição em 1877 e 3.ª edição em 1881, indiciando o bom acolhimento do público e da crítica.
Privilegiando uma história urdida com cativante naturalidade balzaquiana e realista, Mistérios de Fafe, não escondendo alguma ligação ao género do romance-folhetim, entra diretamente no relato de uma história contemporânea (com balizas temporais ancoradas entre 1838 e precisamente 1868). Camilo lança mão de um estilo vivo e cativante, de vocação muito mais narrativa do que descritiva, como convém a uma história com assinalável verosimilhança. A história acompanha as consideráveis transformações sociais desta época, que vão desde a celebração dos heróis liberais do Mindelo, passando pelos excessos sentimentais do ultrarromantismo, até à prática dos novos casamentos com “brasileiros” nobilitados, no Portugal da Regeneração.

Sem comentários: