Após lançar em Janeiro os livros A Inteligência Artificial Generativa, A Qualidade do Ar e Aprender (ver aqui), a FFMS já deu a conhecer os seus novos 'Retratos', onde dá a conhecer aos leitores: os habitantes originais do areal de Monte Gordo e da Alta de Coimbra e a realidade dos jornais portugueses, cujo coração bate cada vez mais fraco.
Os Filhos de Monte Gordo
O turismo esbateu as fronteiras, terraplenou. Para o bem e para o mal.
Hoje já não há linhas imaginárias, tão reais, a separar as zonas dos pescadores e as zonas dos ricos, os cuícos e os outros.
Excerto
«O turismo esbateu as fronteiras, terraplenou. Para o bem e para o mal. Hoje já não há linhas imaginárias, tão reais, a separar as zonas dos pescadores e as zonas dos ricos, os cuícos e os outros. Mas Ingrid Bergman, quando aqui andou em 1962, ainda viu os pescadores pelos postais ilustrados que comprou numa tabacaria.»
José Carlos Barros é arquiteto paisagista, formado pela Universidade de Évora, foi diretor do Parque Natural da Ria Formosa e da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. É autor de três romances, tendo vencido o Prémio LeYa com As Pessoas Invisíveis (Abril de 2022).
Os Salatinas - Coimbra da saudade
É difícil contabilizar quantas pessoas foram exactamente realojadas neste ou naquele bairro depois da sua saída da Alta. Uma estimativa grosseira pode ser feita para o Bairro de Celas, por exemplo. Aqui estimam-se entre 300 a 400 salatinas iniciais, ou mais.
Excerto
«Enquanto arquiteto crescido e formado em Coimbra, tenho particular conhecimento do momento transformador em que parte significativa da Alta da cidade, pelas décadas de 40 e 50 do século xx, foi arrasada para cumprir a visão do regime para uma nova cidade universitária, mas escapavam-me inúmeros detalhes desse processo que pediam um olhar mais próximo. As Teresianas onde a minha avó viveu foram um de entre centenas de edifícios demolidos nesse ímpeto renovador.»
Além de arquiteto, Rafael Vieira é jornalista-colaborador em regime freelancer. Foi ativista do «Movimento Acorda Lisboa», editor da DIF e Le Cool Lisboa e jornalista na revista Coimbra Coolectiva. Licenciou-se em Arquitetura na Escola de Tecnologias Artísticas de Coimbra e é mestre em Reabilitação de Edifícios pela Universidade de Coimbra.
O jornal
A luta pela sobrevivência dos jornais continua a fazer-se todos os dias nas redações, agarrada a esses pequenos pontos de luz. Se a missão dos jornalistas está mais atual do que nunca, como pode o Jornalismo estar em risco?
Excerto
«Se ao abrir este livro, caro leitor, sentir um carregado odor a fumo de tabaco, não apague desde já a leitura. É uma consequência inevitável quando se abre a porta das memórias olfativas e visuais de quem entrou numa redação ainda no século xx, quando uma névoa persistente deambulava por entre secretárias. Por vezes com a fúria de uma chaminé industrial das mais poluentes, entranhando-se entre dedos que caíam velozes sobre teclados ruidosos e rostos que se colavam a telefones fixos a tocar um após outro, muitas vezes em simultâneo, conversas a cruzarem-se.»
O autor, Rui Frias, é jornalista desde 1997. Formou-se em Comunicação Social na Escola Superior de Jornalismo e estreou-se na Comunicação na delegação Norte do Diário de Notícias. Começou no Desporto, foi enviado a Jogos Olímpicos e Europeus de Futebol, dedicou-se depois a outros temas, da Ciência à Educação, e editou as secções de Sociedade e Online.
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