Editora: Ática
Ano de Publicação/ Edição: 2009
Nº de Páginas: 176
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Foi no nº42 da Rua da Assunção, que Fernando Pessoa conheceu Ophélia Queiroz. 1920. A firma em que o poeta trabalhava tinha posto um anúncio no Diário de Notícias e Ophélia veio apresentar-se, sendo que logo que viu «um senhor todo vestido de preto (…), com um chapéu de aba revirada e debruada, óculos e laço ao pescoço», o seu primeiro instinto foi o de rir.De desconhecidos passaram a colegas de trabalho e alguns dias depois, a afeição, os olhares e a corte veio acelerar o sentimento que os uniu por todo um sempre, independentemente das cartas mútuas que em breve iriam ser trocadas.Antes da correspondência, precederam-se alguns versos endereçados a Ophélia:Fiquei louco, fiquei tonto, / Meus beijos foram sem conto, / Apertei-a contra mim, / Enlacei-a nos meu braços, / Embriaguei-me de abraços, / Fiquei louco e foi assim.Se Fernando Pessoa foi o primeiro a abrir as hostes com os seus versos, a destinatária dos mesmos foi a iniciadora das cartas. O intuito desta primeira carta era saber o que Pessoa tinha a dizer sobre o que tinha acontecido dias antes entre eles, que a tinha deixado «comprometida e confusa». Os dois epistoleiros continuavam a se ver todos os dias no escritório da firma, mas era através das cartas que eles trocavam carinhos que em local de trabalho seria inapropriado. Assim começou a primeira fase de troca de afectos por escrito, de Março a Novembro desse ano.Por decisão de Pessoa, que necessitava de se isolar para dar continuidade à sua obra, eles separaram-se e deixaram de se ver e comunicar. Um hiato de 9 anos passou. Em 1929 e por causa de uma fotografia, houve um reatamento da comunicação oral e escrita de ambos, designado por segunda fase, todavia com tratamento menos íntimo.Da correspondência amorosa com Ophélia Queiroz, são conhecidas 50 belas cartas de amor, as que nesta compilação estão organizadas por David Mourão-Ferreira. A primeira edição destas cartas de Pessoa só vieram à luz do dia em 1978, ou seja, 43 anos após o desaparecimento do poeta. A resposta para esta demora em publicar deve-se a Ophélia, que nesses anos manteve-se relutante e ciosa em que fossem publicadas as cartas. Ao lermos estas cartas nota-se o tom intimo e pessoal com que eram escritas, nota-se uma tonalidade infantil (não literária) nas terminologias, nos diminutivos com que Pessoa tratava a sua amada: «Bebé»; «Bébézinho»; «Ophelinha»; «Nininha», etc.Álvaro de Campos também foi um mensageiro e comunicou com Ophélia, através do seu mentor. Este heterónimo de Pessoa é pouco mencionado nas cartas, mas pelo testemunho de Ophélia Queiroz que vem em prefácio, e pelas notas e posfácio de David Mourão-Ferreira, sabemos que se Pessoa se “serviu” desse seu heterónimo, não o fez em vão, não fosse ele o autor do poema Todas as cartas de amor são Ridículas.São desconhecidas, além destas cartas, quaisquer outras epístolas do foro sentimental escritas pelo poeta. São exatamente meia centena de cartas de amor, que demonstram a filoginia Pessoana.A ressalvar e a adverter: Não leiam estas cartas de forma apressada.
8 comentários:
Olá Miguel,
Que bom foi recordar este livro que li há muitos anos. Acho,aliás, que é daqueles livros que devemos ter sempre "à mão". A propósito... vou já procurar o meu.
As cartas de amor nunca são rizíveis. Eu adoro receber cartas, ou bilhetinhos - desde que sejam de amor.
Quem não gosta?!
Cartas de amor quem as não tem, Teresa? (há uma música com este verso, não lembro qual...)
São cartas intemporais, estas de Fernando Pessoa á sua amada.
Já terminei de as ler, mas continuam na cabeceira :)
Já terminei de ler é uma obra magnífica
adoroooooo <3 <3
Sempre quis ler as cartas de amor do Fernando, mas o tempo nunca me sobra. De qualquer das formas, agora estou demorada no Livro do Desassossego e mais noutros três :)
Parabéns pelo blog, sinceramente, adorei :D
Obrigada Ruby
Adoro Pessoa, um mago das palavras e o maior nome da língua portuguesa.
Sinceramente Fernando Pessoa é o Maior Poeta,tenho que Ler livro.
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