Com tradução assinada por Catarina Ferreira de Almeida, Triste Tigre é uma das grandes apostas da Editorial Presença para a rentrée literária. Este livro de memórias de Neige Sinno, um dos maiores bestsellers do último ano em França, foi vencedor do Femina 2023 e de outros prémios.
Annie Ernaux diz que «ler este livro é como cair num abismo de olhos abertos. Percebemos o que é ver, realmente ver, e não apenas olhar.»
O livro será publicado a 4 de Setembro.
Texto sinóptico
A memória é vívida, mas essa memória tingiu todas as outras imagens, todos os acontecimentos, a vida. Neige Sinno teria sete ou nove anos - a cronologia exata, essa, também está turva - quando o padrasto começou a abusar dela. No corpo de Neige, em tudo o que é matéria ou espírito da mulher que se tornou, a memória exata do abuso permanece. Calada, aos 19 anos, decide quebrar o silêncio, denuncia o agressor, passa pelo julgamento público, sai de França, depois da condenação. E, depois, há este livro, que não queria escrever. E, depois, há o passado que a alcança - e a certeza de que é preciso fazê-lo.
Este livro não é a história de uma criança que foi abusada; é a procura incessante e obstinada de Neige para encontrar a verdade sem adornos, por conseguir ouvir a sua voz real, por no-la fazer escutar, sem esquecimento, sem perdão, sem resiliência. Neste lugar de intimidade, onde só ela e nós habitamos, não há Lolitas, não há reparação de danos, não há a retórica da vítima. Em Triste Tigre - que Annie Ernaux disse ser o livro mais poderoso e profundo que alguma vez leu sobre uma criança devastada por um adulto -, há palavras exatas, há ternura, há violência, há a urgência de testemunhar coletivamente. Porque, no silêncio e na solidão, o abuso acontece, mas o espaço físico que ocupa é o do resto da vida, e a sua dimensão negra torna-se um duplo que se sobrepõe a tudo. Dialogando com os grandes nomes da literatura que mergulharam nesta dimensão, Neige Sinno escreveu um dos mais extraordinários, inclassificáveis e premiados livros dos últimos anos.
Elogios da imprensa francesa
«Tão sensível quanto brutal, este livro, um verdadeiro gesto literário, é de uma inteligência fora de série. Tem de ter muitos e muitos leitores.» L’Obs
«Neige Sinno conseguiu um milagre: encontrou o tom para tornar este livro uma mistura perfeita de delicadeza, violência, emoção. Um texto destes é raríssimo, também por ser tão humano, tão verdadeiro.» Le Point
«Sem poesia ou voyeurismo, Neige Sinno escreve sobre incesto. Podia ter descrito o violador no seu quarto, os seus gestos, a violência. Mas não foi isso que escolheu fazer. Este livro é exatamente o que tinha de ser.» Le Figaro
Outro livro que pode interessar: Consentimento, de Vanessa Springora.
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
«Triste Tigre», obra vencedora do Prémio Femina 2023, fala sobre abuso sexual
publicado por Miguel Pestana
terça-feira, 27 de agosto de 2024
Editora Devir publica «Look Back», banda desenhada do japonês Tatsuki Fujimoto
Look Back é uma história comovente sobre o crescimento, no estilo único do artista de mangá japonês Tatsuki Fujimoto, autor da série Chainsaw Man, que actualmente tem 7 volumes disponíveis no nosso idioma. Esta nova obra será publicada pela Devir a 9 de Setembro.
Fujino tem absoluta confiança no seu talento enquanto que Kyomoto é extremamente introvertida, duas raparigas de uma pequena cidade que são muito diferentes, mas se tornam amigas unidas pela sua paixão por desenhar mangá.
publicado por Miguel Pestana
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
LeYa lança em breve livros sobre sono, pessoas altamente sensíveis, menopausa, bipolaridade e trauma
Dormir É Fácil
Da autoria de médicos psiquiatras com especializações na área do sono, este livro tem uma abordagem completamente inovadora que pretende contribuir para a diminuição da prescrição de ansiolíticos.
Destruir mitos, crenças e preconceitos em torno do sono – como a ideia de que se deve dormir oito horas por noite – é um dos objetivos deste livro. Mas o mais importante é outro: curar a insónia sem ter de ir à farmácia. Muitas pessoas que se habituaram a tratar o problema do sono com medicamentos dirão que é impossível.
Mas os resultados do método prescrito pelo Dr. André Ponte e pelo Dr. Henrique Prata Ribeiro não deixam margem para dúvidas: a abordagem cognitivo-comportamental aplicada à insónia funciona mesmo. O método, validado cientificamente, foi amplamente testado por todo o mundo – com destaque para a Insomnia and Behavioural Sleep Medicine Clinic, em Londres, de Hugh Selsick, o sonologista que assina o posfácio.
Obra prática, que inclui testes, diários do sono e exercícios simples, apresenta um plano de quatro semanas, ao qual pode regressar sempre que precisar. Se seguir à risca a prescrição, é quase certo que vai melhorar dessa insónia que o atormenta.
Dormir é Fácil contém um prefácio da autoria do conceituado Psiquiatra Daniel Sampaio (autor de diversos livros, entre os quais A Arte da Fuga).
O Sono dos Portugueses é um livro publicado recentemente pela FFMS que pode interessar.
Conhece aqui outras obras sobre o sono.
Pais Altamente Sensíveis
Todos sabemos as dificuldades que a parentalidade levanta. No caso dos pais altamente sensíveis, a questão assume contornos diferentes.
Os problemas dos filhos, por pequenos que sejam, tornam-se enormes; as discussões deixam uma marca difícil de gerir; e a sobre-estimulação (pois qualquer criança "enche" uma casa) torna-se por vezes cansativa. Esse é o lado menos bom da parentalidade sensível. Por outro lado, e como comprovam os estudos da Dra. Elaine N. Aron, os Pais Altamente Sensíveis conseguem uma maior cumplicidade com os filhos - ao estabelecerem um grau de proximidade único, que lhes proporciona relações mais saudáveis e felizes.
Neste livro, concebido como um guia prático para os pais - onde não faltam testemunhos reais -, a psicóloga clínica e investigadora propõe: Um autoteste para ajudar os pais a identificarem o seu nível de sensibilidade; Exercícios para lidar com a estimulação excessiva; Técnicas para gerir a crescente teia de relações associada aos filhos (o infantário, as festas, as atividades de grupo, etc.); Dicas para lidar com os cinco maiores problemas que os pais sensíveis enfrentam nas relações.
Outro livro que pode interessar: Crianças Altamente Sensíveis
A Transformação Hormonal
A especialista hormonal da Goop oferece uma nova e poderosa abordagem no controlo das alterações hormonais em todas as fases da vida de uma mulher - especialmente na peri e na menopausa. Os desequilíbrios hormonais parecem avassaladores, mas neste livro a Dra. Tasneem Bhatia (conhecida como Dra. Taz) apresenta-nos uma perspetiva totalmente nova.
Através da sua experiência clínica que combina o Oriente e o Ocidente à saúde da mulher, a Dra. Tasneem combina a sabedoria das disciplinas orientais como a aiurvédica e a medicina tradicional chinesa com tratamentos médicos modernos para o nosso bem-estar geral.
Neste livro, a Dra. Taz explica exatamente o que está a acontecer nos bastidores do corpo de uma mulher ao longo da sua vida e como quase todos os aspetos da saúde estão ligados às hormonas — desde o metabolismo à saúde mental.
Inclui: Plano adaptado de 30 dias de Reequilíbrio Hormonal que utiliza uma combinação de modalidades de cura orientais e ocidentais, para manter o corpo em equilíbrio e minimizar os sintomas desagradáveis em todas as fases. Com dicas, tisanas, receitas e muito mais!
Bipolar, Sim. Louca, Só Quando Eu Quero
Com prefácio da escritora Rita Ferro, a autora brasileira Bia Garbato fala, através de histórias para ler, rir e chorar, sobre saúde mental. Explica como o pai a quis "curar" da "euforia" com chá de camomila e que escovar os dentes, deprimida, pode ser mais difícil do que fazer rapel. Explica que a bipolaridade não a define e que ela pode ser, sim, "muito louca, mas só quando quiser".
Destino Herdado
Um livro sobre os traumas intergeracionais escrito por Noémi Orvos-Tóth, a mais conhecida psicóloga clínica húngara que se tornou num fenónemo editorial. A história dos nossos antepassados chega até nós quando ainda estamos na barriga das nossas mães.
Nesta obra, a autora faz as perguntas certas para nos ajudar a perceber melhor o que ficou para trás; e oferece ainda os conhecimentos necessários para quebrar eventuais círculos viciosos e permitir a cada um de nós viver em paz com a sua história familiar e alcançar uma vida adulta feliz.
Outros livros com a mesma temática: Herança Emocional; Eu Sou Porque Eles Foram; Mini Traumas Exigem Grandes Soluções.
publicado por Miguel Pestana
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Casa das Letras publica romance de estreia de Scott Alexander Howard
O Outro Vale é uma exploração poética, distópica e emocional das complexidades do tempo, do amor e das escolhas que definem as nossas vidas. Scott Alexander Howard cria uma história inesquecível sobre perda, livre-arbítrio e esperança, tendo como cenário uma cidade isolada, vizinha de seu próprio passado e futuro.
Com tradução de Sebastião Belfort Cerqueira e com o selo da Casa das Letras, a obra chega às livrarias a 3 de Setembro.
Elogios da imprensa
«Uma abordagem singular à viagem no tempo, uma experiência de reflexão filosófica e uma história profundamente comovente e emocionante sobre memória, amor e arrependimento.» The Guardian
«Uma história especulativa muito bem concebida, que não se consegue parar de ler.» The Wall Street Journal
O autor
Scott Alexander Howard vive em Vancouver, na Colúmbia Britânica. Fez doutoramento em Filosofia pela Universidade de Toronto e foi bolseiro de pós-doutoramento em Harvard, onde o seu trabalho se centrou na relação entre a memória, a emoção e a literatura.
Sinopse
Odile, de dezasseis anos, é uma rapariga tímida e tranquila que concorre a um lugar cobiçado no Conselho. Se ganhar o lugar, será ela a decidir quem pode atravessar as fronteiras fortemente vigiadas da sua cidade. Do outro lado, é o mesmo vale, a mesma cidade — exceto que, a leste, a cidade está vinte anos à frente no tempo. A oeste, está vinte anos atrasada. As cidades repetem-se numa sequência interminável através do deserto.
Quando Odile reconhece dois visitantes, os quais não era suposto ver, apercebe-se de que os pais do seu amigo Edme foram escoltados através da fronteira do futuro, numa visita de luto, para verem o seu fi lho enquanto ele continua vivo no presente de Odile.Edme — que é brilhante, divertido e a única pessoa que conhece verdadeiramente Odile — está prestes a morrer. Jurando guardar segredo para preservar a linha do tempo, Odile torna-se na principal candidata ao Conselho, mas dá por si a aproximar-se do rapaz condenado, pondo em perigo todo o seu futuro.
Conhece aqui outras novidades do Grupo LeYa.
publicado por Miguel Pestana
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
Bertrand Editora lança edição especial do 1.º livro de Stephen King, para assinalar os seus 50 anos de carreira
Foi em 1974 que Stephen King publicou Carrie, o primeiro romance de uma longa e brilhante carreira literária, que o consagrou como um dos nomes maiores da narrativa moderna norte-americana. Passados 50 anos, a Bertrand publica uma nova e muito especial edição da história de Carrie White, há muito esgotada em grande formato em Portugal.
Um dos clássicos que redefiniu os géneros do tríler e do terror, Carrie é uma história de isolamento e vingança, que esconde um terror muito mais «verdadeiro» do que o horror sobrenatural, típico de King: o dos «piores abusos, todos eles demasiado reais, que existem na América de hoje», refere Margaret Atwood no prefácio.
Baseado em duas raparigas que Stephen King conheceu no secundário, Carrie conta a história de Carrie White, de Chamberlain, no Maine. Inadaptada e alvo de bullying, Carrie descobre que consegue que detém um poder extraordinário – a capacidade de mover objetos apenas com o poder da mente. Subjugada por uma mãe dominadora e ultrarreligiosa e atormentada pelos colegas de escola, Carrie, que deseja pertencer ao meio que insiste em a ostracizar, é convencida a comparecer no baile de finalistas no lugar da popular Sue Snell. O que Sue não sabe é que, ao convidar Carrie, está a coloca-la numa situação de humilhação, que resultará num confronto dramático e na sua fantástica vingança.
publicado por Miguel Pestana
domingo, 11 de agosto de 2024
Novíssima edição de «O Processo», de Kafka
Depois de lançar no final de Maio duas obras de Franz Kafka (A Metamorfose e O Abutre e Outras Histórias), a Editorial Presença continua a assinalar o centenário da morte do autor de língua alemã, considerado pelos críticos como um dos escritores mais influentes do século XX, publicando mais uma outra sua obra. O Processo, publicado originalmente há quase 100 anos (em 1925), é um «retrato do burocrático e, por vezes, vazio sistema judicial, hoje considerado um dos romances mais importantes da primeira metade do século XX, e também uma moderníssima metáfora da existência humana, um livro em que o absurdo, o procedimental e o claustrofóbico são mecanicizados e expostos a olho nu, em todo o seu esplendor.»
O livro sai a 21 de Agosto, numa tradução assinada por Carlos Leite.
Texto sinóptico
É um dia normal, e um homem normal, Josef K., bancário, acorda no seu quarto. Depois disso, tudo parece acontecer numa realidade paralela, sem sentido, em que, protagonista, e nós, leitores, com ele, caímos: sem saber porquê, Josef K. é acusado de um crime que não cometeu nem sabe qual é. A vertigem provocada pelo vazio de explicação, aliada à pressão exercida pela personagem incorpórea que responde pelo nome de justiça, desencadeia uma sucessão de acontecimentos que parece imparável: preso, Josef K. é depois libertado mas terá de se apresentar regularmente em tribunal e responder pelo que nem ele nem nós vamos saber.
publicado por Miguel Pestana
domingo, 4 de agosto de 2024
«A Mulher do Camarote 10», de Ruth Ware
Editora: Clube do Autor
Data de publicação: 22/07/2024 N.º de páginas: 344 |
Depois do seu livro de estreia, Numa Floresta Muita Escura (Abril, 2016), a editora Clube de Autor publicou em Julho de 2017 um novo romance de Ruth Ware, escritora inglesa que segundo o The Guardian é considerada a Agatha Christie do século XXI — um elogio arrebatador para uma autora que apresenta o seu segundo trabalho no panorama dos tríleres de crime psicológico.
Traduzido por Eugénia Antunes a partir de The Woman in Cabin 10, esta história remete o leitor para a actualidade londrina e norueguesa. Quem nos narra todos os acontecimentos da trama é Laura (Lo) Blacklock, uma jornalista de viagens de 32 anos, que fica incumbida de fazer a cobertura da viagem inaugural de um pequeno mas luxuoso barco. Todavia, devido a dois acontecimentos que antecedem esse seu novo desafio profissional, a sua ansiedade dispara exponencialmente, fazendo com que o seu estado anímico e psicológico fique destabilizado.
Já em pleno cruzeiro, a bordo do Aurora Borealis, com apenas 10 camarotes, Lo auspicia que essa viagem não seja apenas de trabalho; idealiza recuperar energias e relaxar. Mas logo na primeira noite, estando no seu camarote, ela acorda sobressaltada devido ao som estridente de alguém ou algo a ser lançado ao mar. Ao abrir a portada, repara que na balaustrada da varanda anexa, a do camarote n.º 10, há pingos de sangue. Depois de reportar o sucedido ao chefe de segurança do barco, este informa que não há justificação para iniciar uma investigação policial, e aconselha-a a descansar um pouco. Pelos vistos, o excesso de álcool que bebeu ao jantar e o seu histórico médico depressivo não jogam a seu favor, e ninguém acredita no que ela diz, principalmente que pediu nessa tarde um rímel emprestado a uma rapariga que estava nesse camarote. «Há um assassino neste barco. E ninguém sabe disso a não ser eu», diz, e acrescenta: «Se a história vier a público, o futuro do Aurora não será muito risonho.»
Quem é afinal a mulher do camarore 10? A amante de algum dos magnatas que estão a bordo? Alguém que tentava sair do país clandestinamente? Ou será que tudo será fruto da mente «neurótica» de Laura Blacklock? Estas interrogações permanecem em supense até ao virar da última página.
A primeira impressão que ficamos sobre A Mulher do Camarote 10 após lermos a sua sinopse é a de que a história tem grande potencial para captar bons momentos de leitura — crimes em alto-mar, em cruzeiros, não são assim tão vulgares em romances psicológicos. Após folheadas as primeiras páginas, é notório o talento que Ruth Ware (que actualmente já escreveu mais dois trílheres: Um Por Um (2021) e A Suspeita (2024)) possui em tecer um bom início de trama e apresentar uma personagem principal tão complexa. É através de pequenos laivos de prolepses — um recurso narrativo que funciona bem neste romance — ao longo dos capítulos que a autora vai desvendando e criando mais tensão no leitor. A verdade é que a parte final revela-se muito intensa e surpreendente.
Esta é uma leitura que se recomenda para quem é seguidor deste género de livros.
A adaptação cinematográfica de A Mulher do Camarote 10 já foi realizada e será apresentada na Netflix, numa produção de Simon Stone e com a actriz Keira Knightley como protagonista.
publicado por Miguel Pestana
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