domingo, 30 de dezembro de 2012

Os melhores livros que li neste ano de 2012

Estando quase a terminar 2012, nada melhor do que fazer um balanço sobre os livros que li. Primeiro, este foi o ano em que li mais, em quantidade e em qualidade. Ultrapassei os cem. Li vários Clássicos, o que era uma das metas que tinha objectivado no fim de 2011, além de me ter embrenhado mais na literatura lusófona, onde descobri autores brilhantes como Tânia Ganho ou António Breda Carvalho.

Quem visita este blogue tem conhecimento do rol eclético de temáticas que leio, desde o romance, poesia, desenvolvimento pessoal, policiais, gestão, memórias, espiritualidades, medicinas alternativas, etc.

Dado a colaboração que mantenho com várias editoras, li uma vasta parte de livros publicados em 2012 (40%), mas mesmo assim a fatia maior (60%) foram livros publicados antes de 2012.

Tenho de dizer que passou-me pelas mãos livros mesmo maus, mas esses não interessam referir.


E eis o meu top de livros lidos publicados em 2012:


O Poder das Emoções Positivas – Américo Baptista



Os melhores livros que li este ano, mas publicados em anos anteriores (a ordem é aleatória):


O Crocodilho – Fiódor Dostoiévski
Curar – David Servan Schreiber
Uma Carta a Garcia – Elbert Hubbard

«Alquimia dos Sabores │Guia para uma alimentação saudável», de Guilherme Juvenal e Diana Pinheiro

Editora: Dinalivro

Ano de Publicação/edição: 2011

Nº de Páginas: 336
Há livros que não aparecem na nossa vida por acaso. Alquimia dos Sabores │Guia para uma alimentação saudável é um desses. Numa altura em que estava mesmo a pensar redefinir os meus hábitos alimentares, mas em que estava indeciso sobre qual a melhor dieta a implementar, «apareceu-me» este manual que explica em detalhe, mas não exaustivamente, as origens e essências dos alimentos, conforme as doutrinas tradicionais chinesas. 
A relação Yin-Yang e seus significados e interferências na roda dos alimentos são uma das mensagens cimeiras encontradas neste livro. Como diz no livro: «(…) cada ser, cada fenómeno, é uma constante relação com tudo aquilo que o circunda (…)» (p. 60), e no que toca à alimentação o processo é o mesmo. Tem de haver um meio-termo no que dá-mos ao nosso organismo para se alimentar. 
Fiquei a saber que cada um dos cinco sabores está directamente relacionado com um órgão do nosso corpo (já na reflexologia, quiroprática e outras terapias assim é), como por exemplo o sabor Ácido está ligado ao Fígado. 
Foi com surpresa que li os significados que são atribuídos quando «recusa-se» certos sabores, ou quando sentimos na boca um determinado sabor. O que descobri mais: o acne, que todos tivemos na adolescência, pode ser atenuado através da ingestão de determinados alimentos; vinho morno com canela é uma óptima combinação para quem está com pirexia; a temperatura dos alimentos e bebidas que consumimos interfere sobre todo o organismo; etc.  
Alquimia dos Sabores │Guia para uma alimentação saudável explica o modo que os alimentos podem potenciar a desintoxicar o corpo, por exemplo nos dias após a quadra natalícia, em que houve uma sobredosagem de doces, salgados, etc. 
O livro contém uma secção destinada às grávidas, outra com receitas e uma tabela com a classificação da maioria dos alimentos (sabor, natureza, função, acção,etc.) 
São inúmeros e úteis os conhecimentos que adquiri ao ler este guia - que não será guardado tão cedo na estante - da autoria de dois especialistas em Medicina Tradicional Chinesa. 

A Vida de Pi, de Yann Martel

Ano de Publicação/edição: 2011
Nº de Páginas: 328

Piscine Patel, Pi, é um jovem de dezasseis anos que vive na cidade indiana de Pondicherry. Desde pequeno habituado a lidar com os animais, Pi trata-os por tu – não fosse a sua família proprietária de um zoo. Devido a circunstâncias políticas, a família decide mudar-se para o Canadá, com todos os animais que trataram e que de certa forma fazem parte do clã familiar. Assim, fazem a viagem no navio cargueiro Tsimtsum, no Verão de 1977. Porém, poucos dias depois, o navio afunda-se em pleno Pacífico, tendo como únicos sobreviventes Pi e quatro animais, entre os quais Richard Parker, um tigre de Bengala.
A bordo de um salva-vidas («Tinha exatamente um metro e seis centímetros de fundo, dois metros e quarenta e três de largo, e sete metros e noventa e dois centímetros de comprimento.» (p. 147)) restarão apenas Pi e o felino, e a única hipótese para enfrentarem os que serão os 227 dias seguintes à deriva no imenso Oceano, será consciencializarem-se de que necessitam um do outro para sobreviverem; literalmente, estavam no mesmo barco.
Da forma como é narrado esta história, sabemos que Pi sobrevive incólume, mas o desafio é sabermos como ele supera cada desafio? Ao ler-mos as citações seguintes [de Pi] temos conhecimento do primeiro obstáculo que ele ultrapassou, o medo: «Só o medo é capaz de derrotar a vida. (…) começa sempre na nossa mente. (…) Depois o medo trabalha todo o nosso corpo (…) O medo, que é apenas uma impressão, triunfou sobre nós. (…) [o medo] aninha-se-nos na memória como uma gangrena: procura apodrecer tudo (…).» (cap. 56, pp. 170-171) É uma lição de Psicologia todo este capítulo.
Já considerado uma das mais extraordinárias criações literárias da última década, A Vida de Pi é uma obra bem escrita, original e intensa, capaz de fazer surgir sentimentos de gratidão, altruísmo, resiliência e tristeza ao leitor, além de este ficar com um melhor conhecimento de biologia marinha, o que revela um trabalho de investigação sublime por parte do autor.
Agora só falta ver o filme baseado nesta obra, estreado recentemente.
Post scriptum: o filme http://silenciosquefalam.blogspot.pt/2013/01/filme-vida-de-pi.html

sábado, 29 de dezembro de 2012

Um Conto de Natal, de Charles Dickens

Editora: Europa-América
Ano de Publicação/edição: 2009
Nº de Páginas: 182

Ebenezer Scrooge é um homem de negócios, cuja vida é inteiramente centrada nos assuntos financeiros. É um ser temível por quem o conhece. O seu principal feitio é ser avarento. Trabalha num escritório em Londres com o subserviente Bob, seu pobre, mas feliz empregado, pai de quatro filhos, sendo o mais pequeno Tim, que tem deficiência nos membros inferiores. Da sua família apenas um sobrinho tem contacto com Scrooge e chegado a altura do Natal o seu sobrinho convida-o para o jantar de Natal, mas este é insultado pelo velho, pois o Natal não significa nada para ele a não ser uma desculpa para o consumismo desenfreado.
Na véspera de Natal Scrooge recebe a visita fantasma de Jacob Marley, seu ex-sócio que faleceu precisamente há sete anos. Marley diz que seu espírito não pode ter paz, já que não foi bom nem generoso em vida, mas que Scrooge tem uma chance para se redimir e por isso três espíritos o visitarão em breve, aquando das 12 badaladas: o espírito do passado, o do presente e do futuro.
O primeiro, leva Scrooge de volta ao tempo da sua infância e relembra lugares e pessoas que marcaram a sua juventude. Muitas lembranças tristes vêm ao de cima e fazem o velho chorar. O segundo espírito leva o velhote à casa de Bob, para que este presencie a família e casa humildes do empregado que tanto faz questão em maltratar. O espírito «abre» os olhos do velho para que este compreenda que a felicidade e união podem habitar na mesma casa que a pobreza. O último espírito, apresenta-se como uma figura alta envolta num traje negro que oculta seu rosto; não fala, mas aponta, e mostra a Scrooge a sua morte iminente e solitária, se, se ele não mudar. Após a visita dos três espíritos, Scrooge amanhece como um homem regenerado espiritualmente e socialmente.
Um Conto de Natal é uma história rica, em diferentes aspectos. O autor centra a história no Natal, mas conscientemente não menciona os presentes, nem tão pouco o Pai Natal. Dickens foca apenas o essencial e imaterial da quadra natalícia.
(Quem leu e viu as aventuras do Tio Patinhas, o personagem mais avarento da Disney, irá certamente reconhecer a personalidade de Scrooge; mas é conhecido outras inspirações, por exemplo uma citação no filme Shrek.)
Esta é a ilação sobre o primeiro conto sobre a quadra natalícia, de Charles Dickens, contido neste livro. Dada a dimensão e popularidade deste conto, o segundo, Os Sinos de Ano Novo, não se lê com a mesma intensidade, até porque a mensagem que este transmite não se equipara à do primeiro.
Uma nota positiva para esta edição é que inclui as ilustrações originais de John Leech, ilustrador predileto de Dickens.
Escrito em 1843, A Christmas Carol (título original) foi inúmeras vezes adaptado ao teatro, cinema e televisão, tendo a última adaptação cinematográfica, em 2009, merecido uma grande produção da Disney. Recomenda-se ler o livro (principalmente para quem quer começar a ler Dickens e não quer se estrear com David Copperfield ou Oliver Twist) e ver o filme.

«Diário de um homem de 50 anos», de Henry James

Editora: Palimpsesto
Ano de Publicação: 2008
Nº de Páginas: 80

O tempo de acção desta história contada por Henry James, através dos escritos contidos no diário do narrador e protagonista, passa-se entre 1874 e 1977, com as cidades de Florença, Bolonha, Paris e Londres a surgir em pano de fundo. O diário tem como incipit: «Disseram-me que acharia a Itália completamente mudada; e em vinte e sete anos há espaço para mudanças. Mas para mim está tudo perfeitamente inalterado que me parece que estou a viver de novo a minha juventude.» (p. 7)
A nostalgia é o primeiro sentimento que apodera-se do protagonista, pois este decide reviver o seu passado – feliz – na cidade toscana em que vivenciou uma grande paixão, a maior de todas, ou a única. Um amor que foi fracassado, mas nunca esquecido, mesmo volvidos tantos anos, durante os quais ele trabalhou arduamente, viajou muito, e certamente que manteve-se ocupado para não pensar no «estilhaço» amoroso por que passou, por que passa, ainda. Este ex-militar de aparência «grisalho e gasto», ao chegar a Florença depara-se com um clone da sua tão lembrada amada; no seu pensamento explodem reminiscências, mágoas, mas também lembranças alegres, de momentos únicos de plena felicidade. A jovem apresenta-se como a filha da mulher que amou, quando abordada na rua, nas margens do rio Arno (o mesmo local em que conheceu a mãe da jovem), pelo ex-militar e então ele conta-lhe o romance que foi os tempos que ele passou a sua falecida mãe, iniciando assim: «Cheguei há uma semana a Itália, onde passei seis meses quando tinha a sua idade.» (p. 18)
Ele é convidado a visitar a casa desta jovem – a casa em que outrora habitou – mas ele receia os «ecos» que nessa casa, nas paredes, nos móveis, etc. possa ouvir/sentir. Ele decide ir.
O leitor ao folhear as entradas seguintes do diário, terá conhecimento de outras recordações que ainda habitam a alma do homem com meio século de vida.
A história, por vezes, regride no tempo e dá-nos uma sensação de estamos vendo através dos olhos do homem de 50 anos, os seus arrependimentos e os breves momentos de felicidade por que passou. Por outras vezes estamos a reviver juntamente com o jovem que um dia ele foi, a sua efervescência de amante.
O livro foi escrito em 1879 (um ano após ter escrito a sua novela mais famosa: Daisy Miller), mas (ainda) mantém a sua mensagem de turbulência emocional, a sensação de vazio que os homens sentem quando confrontados com o fim de um(a história de) amor. Um livro curto, cujo final pouco explicativo, mas que nos deixa a reflectir sobre o impacto que exercem as relações humanas – neste caso as amorosas – e os sentimentos de perda e ganho adjacentes, sobre as pessoas e seus destinos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O estrabismo e a leitura

[William Wegman, 1971]

Com todo o respeito, mas o estrabismo dava-me jeito!

História Prodigiosa de Portugal Mitos e maravilhas, de Joaquim Fernandes (Novidade Quidnovi)


História Prodigiosa de Portugal
Mitos e maravilhas


de Joaquim Fernandes


Edição: 2012
Páginas: 360
Editor: Quidnovi
ISBN: 9789896282356


Sinopse
Diante do leitor abre-se a história de um Portugal profundo, descoberto nas fundações mais arcaicas da sua alma, que o pudor das narrativas historiográficas comuns geralmente omite. Um país formatado pelos enlaces com o sobrenatural, os compromissos com o milagroso, as alianças com o maravilhoso e o fantástico. Um país onde se revelam episódios de uma vida coletiva, mentalmente organizada em torno de mitos, crenças e lendas, que orientaram muitos dos atos políticos ao longo dos séculos, da pré- nacionalidade ao século XVIII. É por tudo isto a descoberta de um país ligado aos céus, mas piscando sempre um olho aos infernos…
Este livro torna-se uma espécie de libelo "acusatório" que elenca as deficiências e fraquezas da "lusitana gente", a sua excessiva sacro-dependência e credulidade para-religiosa e o predomínio da emoção sobre a acção, que estão nos alicerces das nossas crises coletivas, como a do presente. Este inventário de "prodígios" transporta do passado os ingredientes essenciais que sustentam o Portugal do presente: visto ao espelho, melhor nos revemos nas nossas debilidades estruturais, nas tragicomédias do actual quotidiano.
Uma visita guiada aos subterrâneos do inconsciente coletivo que promete prosseguir numa próxima viagem à nossa época contemporânea, prometida para o segundo volume de História Prodigiosa de Portugal: Magias e Mistérios

Joaquim Fernandes é professor na Universidade Fernando Pessoa e co-fundador do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência (CTEC). É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e mestre em História Moderna. Doutorou-se em História, com a tese "O Imaginário Extraterrestre na Cultura Portuguesa - do fim da Modernidade até meados do século XIX", a primeira no seu género a ser apresentada numa universidade portuguesa e europeia.
  

As últimas aquisições do ano

O carteiro trouxe-me hoje estes 2 livros: 
«Todos os sonhos do mundo - Poemas de Fernando Pessoa l Porfirio Barba-Jacob», uma antologia com tradução para espanhol de poemas de Pessoa e tradução para português dos poemas do poeta colombiano, da autoria do investigador pessoano Jeronimo Pizarro (Taller de Edición Rocca, 2012);

«A arte sem história», de Filipa Lowndes Vicente (Athena, 2012).

Poesia e História de Arte. Duas temáticas que me deslumbram.
 

Passatempo: O diabo no corpo, de Raymond Radiguet

Em colaboração com a Palimpsesto│editora, o blogue tem para sortear 1 exemplar da seguinte obra:

Consulta aqui a sinopse do livro

Podes também consultar o catálogo editorial da Palimpsesto aqui e usufruir de descontos nos livros.

Para te habilitares a ganhar este livro tens de:  
- Fazer 1 "Gosto" na página do Silêncios que Falam no Facebook [aqui], caso ainda não sigas a página;  
- Fazer 1 "Gosto" na página da editora no Facebook [aqui], caso ainda não sigas a página;
- Responder acertadamente ao Formulário e respeitar as regras dos passatempos. 


nota: Poderás participar neste passatempo uma vez por dia, todos os dias, até ao último dia de passatempo. Já sabes que a matemática não falha; quantas mais vezes participares, mais hipóteses tens de ganhar!


 
O passatempo decorrerá até ao dia 3 de Janeiro. 

Regras do Passatempo: 
1) O passatempo decorrerá entre os dias mencionados, sendo exclusivo a participantes residentes em Portugal (Continental e Ilhas); 
2) Será validado exclusivamente as participações com as respostas acertadas e será aceite apenas uma participação por pessoa ou email; 
3) O vencedor será sorteado aleatoriamente através do Random.org e o seu nome publicado aqui neste post, além de ser comunicado ao mesmo via e-mail. Se ao fim de 15 dias, após ser contactado pelo administrador deste blogue, o vencedor não enviar os seus dados para envio do livro, será escolhido outro vencedor; 
4) O administrador deste blogue e/ou a editora não se responsabiliza por eventuais extravios dos livros, aquando da expedição dos mesmos ao vencedor.