1ª edição: novembro de 2011
edição original: 1884, Londres e Edimburgo
páginas: 254
isbn: 978-989-97271-1-3
preço de venda ao público: 16,50 €
(dia 21 nas livrarias)
a obra
Longe de panfletário, Spencer orquestra aqui uma profunda análise da sociedade, ao ponto de a tratar como um organismo — propriedade, economia, justiça, educação, as condições da paz e do progresso, nada escapa à sua lupa científica — e polemiza com escritos de Hobbes, Thomas Huxley, Bentham ou até com normas de Hotentotes, Veddas ou Polinésios.
Segundo postula, o mercantilismo e a liberdade contratual são índice e condição de sociedades pacíficas, conquanto liberdade e propriedade sejam respeitadas. Já as disposições socialistas se assemelham ao estado de guerra, em que grande parte da vida dos cidadãos está sujeita ao arbítrio dos governantes.
Se é verdade que a dada altura parece resvalar para o dogma, o seu furor anti-colectivista e anti-paternalista não deixa de ser exemplar. Decerto ficaremos a matutar nas questões levantadas: Qual é a competência do governo? Até que ponto o poder das maiorias não é coercivo? Que direitos existem de inalienáveis no indivíduo? Que é afinal isso de liberalismo?
o autor
Filósofo, biólogo, sociólogo e renomeado teórico liberal, Herbert Spencer nasceu em Derby, Inglaterra, a 27 de Abril de 1820, e faleceu a 8 de Dezembro de 1903.
Na juventude beneficiou duma educação naturalista empírica e individualista por via do pai, George, que lhe infundiria a sua paixão pela natureza e o desprezo pelas autoridades. O seu tio, o Rev. Thomas, antigo professor de Cambridge, ensinou-lhe matemática, física e química, e os rudimentos de francês, grego e latim. Assistia ainda a palestras na Derby Philosophical Society, associação fundada em 1790 por Erasmus Darwin, avô de Charles.
Em 1837 engajou-se como engenheiro civil na construção dos caminhos-de-ferro ingleses, empresa que cumpriu com denodo até 1841 (numa segunda fase entre 1845 e 1848), chegando inclusive a publicar artigos especializados, e cuja eficiência lhe viria fortalecer a fé na actividade privada que perpassa pela sua obra.
a sua determinação literária e a sua veia interventiva levá-lo-iam a publicar uma série de cartas intituladas The Proper Sphere of Government no The Non-Conformist, em 1842. de resto, ao longo da sua carreira a sua participação na imprensa seria extensa, com artigos publicados por exemplo na North British Review, na British Quarterly Review, na fortnightly review e na Westminster Review. Em 1848 foi aliás convidado para o cargo de vice-editor do Economist, jornal de grande pendor liberal, fundado por um opositor das Leis do Milho, mas acabaria por deixar o cargo em 1853 para se dedicar à escrita a tempo inteiro, tirando partido da herança legada pelo testamento do seu tio Thomas.
em 1851 havia publicado Social Statics, expressão tomada de empréstimo de Auguste Comte, no qual já manifestava alguma influência positivista, mas também evolucionista, por via de Lamarck. O seu editor, John Chapman, levou-o ao salão frequentado por muitos dos mais proeminentes e progressistas pensadores da capital, como Stuart Mill, Harriet Martineau, George Lewes, George Eliot e Thomas Huxley, com os quais viria a trocar pródiga correspondência. Nos anos 70 era já o filósofo mais famoso da época, subsistindo inteiramente dos proventos das vendas das suas obras, depois de ter sido eleito para o selecto clube intelectual londrino Atheneum, e de ter recusado ser membro da Royal Society.
o seu fero pacifismo e anti-imperialismo, particularmente durante as campanhas das guerras boers, acabariam contudo por lhe valer o descrédito na grã-bretanha.