terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Um poema de António Gil ('Rio de Doze Águas')

 


















O silêncio em relevo
nos versos em que me teço
é a corda em que tropeço
enleado no que escrevo

e a voz que me enleia
entretecida hesita
entre os sentidos da escrita
e os da voz que a premeia

e nesse intervalo denso
entre o andar e o cair
já nem logro distinguir
entre o que sinto e o que penso


António Gil
in Rio de Doze Águas, Coisas de Ler, 2012

1 comentário:

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Que bom descobrir esta lindeza! Abraços alados, querido amigo amante das letras!