quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um texto do livro «Palavras de Maldizer & Bem-querer», de António Barroso Cruz

Partilho aqui um texto de rara beleza, q.b. sensual, do poeta António Barroso Cruz, com quem tive o gosto de trocar algumas impressões, há uns meses, e cujo resultado podem ler aqui.

Entre a Noite e o Dia é o texto que vem na página 76, do livro Palavras de Maldizer & Bem-querer, publicado pela editora O Liberal, em 2010.
























Entre a Noite e o Dia

A beleza de uma cama alvoraçada.
Os lençóis que se moldaram em vales e suaves colinas esculpidas no ardor da noite.
As manchas que ficaram, quais mapas de tesouros que andámos a perseguir e que ficaram espalhados na arena do erotismo.
O sol que entreabre as pálpebras. As sombras que se agigantam.
A música do acaso. Poemas (d)escritos sob a generosidade da lua que brilham agora com o sol.
As palavras que não se disseram. Os gemidos que se penduraram no estendal da luxúria.
Os gestos inacabados, interrompidos por outros gestos. Mais urgentes.
Tanta coisa a noite consegue induzir.
Quantas maravilhas sabe o amor (re)produzir.

António Barroso Cruz

(Todos os livros do autor podem ser adquiridos, contactando-o na sua página no Facebook aqui)

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