terça-feira, 12 de maio de 2020

Os livros de Maio da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Nos novos 3 Ensaios (a 12 de Maio à venda) e 2 Retratos (a ser publicados no dia 26) da FFMS - Fundação Francisco Manuel dos Santos, os leitores vão-se deparar com temas actuais e pertinentes.

É possível viver melhor e morrer mais dignamente...
Os cuidados paliativos ainda não são um direito adquirido...
O mundo de amanhã está nas mãos da geopolítica...
Somos um país cada vez mais envelhecido...
A experiência da maternidade é inesquecível, mas complexa...
E se eu não puder decidir?, de Lucília Nunes
Sabia que existe um Registo Nacional de Testamento Vital?
Do Registo Nacional de Testamento Vital (RENTEV) constam as pessoas que declararam antecipadamente a sua vontade quanto a instruções de fim de vida. Foi criado com tutela da área da saúde. Pode ser consultado pelos profissionais de saúde e é matéria de sigilo profissional, no respeito da confidencialidade de dados pessoais.
E se eu não puder decidir?: Saber escolher no final da vida propõe uma reflexão apurada sobre como tomar decisões, ter consciência de limites, interessar-se pelo bem do Outro, saber para poder escolher, consentir ou nem por isso, distinguir entre conceitos do final de vida e pensar decisões antecipadas.
A autora é doutorada em Filosofia, com agregação em Filosofia, especialidade Ética, e em Enfermagem.

Cuidados Paliativos, de Isabel Galriça Neto
Sabia que... a maioria dos doentes ainda chega tardiamente aos Cuidados Paliativos, quando há menor possibilidade de os ajudar a ter melhor qualidade de vida? Se por preconceito, medo ou desconhecimento, a família, um médico ou um doente atrasa a ida para os Paliativos, está a prejudicar-se.
Isabel Galriça Neto é médica desde 1985. Dedica-se aos cuidados paliativos (CP) há mais de 25 anos. Neste ensaio, a autora visa clarificar o significado e o impacto dos cuidados paliativos na prevenção e alívio dos problemas físicos, psicológicos, psicossociais e espirituais de pessoas em situação de doença crónica avançada, irreversível, bem como no acompanhamento de familiares e cuidadores.
Excerto do texto introdutório
Ao longo dos tempos, fomos lidando com a morte, umas vezes de formas mais próximas, atualmente de forma mais distanciada, às vezes como se não existisse. Para isso também tem contribuído o “morrer no hospital”, criando distância em relação ao quotidiano, afastando doentes e moribundos do contacto com os seus, medicalizando a morte. Prestamos pouca atenção ao facto de não podermos vencer a morte mas podermos lidar com o medo que temos dela.
Podemos viver melhor e morrer mais dignamente. Pois viver também significa fazer face a doenças, a desaires, a frustrações. Numa relação feliz consigo e com a verdade, de nos reconhecermos finitos, limitados, vulneráveis, mortais. Apropriar-se da sua existência, assumir a sua singularidade, inclui todas as possibilidades, incluindo a da morte. (...)
É um texto que não aspira a mais do que discutir reflexivamente as questões do final de vida, centrado nas preocupações éticas. Que não foi especialmente dirigido a profissionais de saúde, mas também o é. Que não usa argumentos predominantemente técnicos ou científicos, mas também os usa.»


O mundo de amanhã, de Carlos Gaspar
Como se antevê o poder internacional no mundo de amanhã? Mais do que à evolução da ciência e da tecnologia, o autor deste ensaio atribui a direcção desse futuro às dinâmicas políticas que prevalecerem na luta entre as democracias liberais e as autocracias, no quadro da nova configuração diplomática internacional.
A crise da ordem liberal marca o regresso da competição entre as grandes potências. As divergências entre os EUA, a China e a Rússia dominam a política internacional e prejudicam as dinâmicas de integração que garantiram a paz no pós-Guerra Fria. No mundo de amanhã, Portugal e a Europa têm de recuperar as condições de autonomia indispensáveis à defesa dos seus valores e dos seus interesses. Em O mundo de amanhã: Geopolítica contemporânea, um ensaio fundamental, estes e outros esclarecimentos e alertas provam que o destino do mundo está, afinal, nas mãos da geopolítica contemporânea.
Carlos Gaspar é investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA) e professor catedrático convidado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.


Os pombos da senhora Alice, de Ana Catarina André
Sabia que... as repúblicas seniores procuram replicar o conceito das repúblicas estudantis?
Os idosos dividem as tarefas domésticas, assumem a gestão do quotidiano no apartamento e, caso haja algum problema, reúnem o conselho da república. O projecto social das repúblicas seniores, inspirado nas residências estudantis que surgiram em Coimbra no século XIV, foi criado pelo Centro Social Paroquial de São Jorge de Arroios, em Lisboa.
Em Os pombos da senhora Alice: Envelhecer em Portugal relatam-se histórias de quem, ainda autónomo, é vítima da pressão imobiliária, da falta de afecto e da pobreza, ou de quem, por doença, vive num lar ou já não sai de casa. Retratam-se casos de solidão e discriminação, dificuldades e carências dos idosos em Portugal. Mas também se contam finais felizes, porque a esperança é a última a morrer.
Excerto
«Da primeira vez que entrei em casa de Arlete, num prédio centenário, no Chiado, em Lisboa, estava longe de imaginar que aquela seria a única vez que nos veríamos. Sentada junto à cabeceira da cama onde estava deitada — era ali que passava os dias —, contei-lhe que estava a fazer um trabalho jornalístico sobre envelhecimento. Com perspicácia, e após breves minutos de conversa, compreendeu o âmago do projecto. "Pretende dar a conhecer, através de várias histórias, os problemas, dificuldades e carências dos idosos em Portugal", afirmou, segura.»
Quanto tempo tem um dia, de Susana Moreira Marques
«Eu levava a bebé até à janela do quarto e ela já sabia que tinha que fechar as portadas. Isso e apagar a luz no interruptor faziam parte da sua rotina de dormir — a mesma rotina que eu tinha experimentado com a irmã anos antes. Depois, enquanto a tentava adormecer ao colo, ela tinha o hábito de me enfiar a mão no pescoço, no peito, puxando a gola da camisola, às vezes magoando-me. Queria sentir a minha pele.»
Susana Moreira Marques é escritora e jornalista freelance. Foi colaboradora do Público, do Jornal de Negócios e da BBC World Service, e cronista na Antena 1. É autora do livro Agora e na Hora da Nossa Morte.

Sem comentários: