Editora: Gradiva
Data de publicação: 05-03-2024N.º de páginas: 192 |
Este conjunto de textos são o resultado de várias conferências em que Umberto Eco foi orador, em Harvard, em 2008. Antes de mais, Eco explica aos ouvintes – e agora aos leitores – por que se proclama «um jovem escritor» aos 76 anos: «(…) publiquei o meu primeiro romance, O Nome da Rosa, em 1980, o que significa que iniciei a minha carreira de romancista há apenas vinte e oito anos.»
De seguida, convida-nos a visitar os bastidores dos seus romances, revelando-nos pormenores inéditos sobre como teceu essas narrativas e contando-nos histórias peculiares acerca deles. “Escrever da esquerda para a direita” é o título da primeira palestra, que se centra nas diferenças entre a escrita criativa e escrita científica. Neste discurso somos informados que o filósofo e semiólogo falecido em 2016, começou a escrever o seu primeiro romance, por ter aceitado um desafio de uma amiga.
O autor de O Pêndulo de Foulcaut diz-nos que usa com frequência a técnica [literária] de dupla codificação e, conta-nos algumas histórias de leitores que o abordaram por terem interpretado algum trecho de um seu livro, apenas regendo-se por um código interpretativo. A distinção entre o «Leitor Modelo» (leitor sofisticado) e o «Leitor Empírico» (leitor popular) é-nos apresentada através de exemplos testemunhados pelo jovem grande mestre italiano.
Em que sentido Anna Karénina existe? Esta é a questão central do terceiro texto, em que ele traça o perfil desta personagem, porventura, a mais real de todas da Literatura, explicando a grandeza emocional e significado semiótico existencial desta figura fictícia concebida por Tolstoi.
Na última palestra, Eco não surpreende, porque usa os seus tão apurados humor, ironia e erudição.
São vários os pontos de interesse neste livro ensaístico, onde Umberto Eco partilha a sua sabedoria sobre a arte da imaginação e o poder das palavras. Confissões de um Jovem Escritor é recomendado, além do leitor comum, a estudantes da Teoria da Literatura, escritores, tradutores, críticos literários e editores. Eco foi um escritor perspicaz e a sua capacidade de apresentar o complexo, recorrendo à simplicidade, é notória nesta obra envolvente e contundente, que ganha uma nova edição portuguesa, agora com o selo Gradiva.
Sem comentários:
Enviar um comentário