O mostrengo que está no fim do marNa noite de breu ergueu-se a voar;À roda da nau voou três vezes,Voou três vezes a chiar,E disse: «Quem é que ousou entrarNas minhas cavernas que não desvendo,Meus tectos negros do fim do mundo?»E o homem do leme disse, tremendo:«El-Rei D. João Segundo!»«De quem são as velas onde me roço?De quem as quilhas que vejo e ouço?»Disse o mostrengo, e rodou três vezes,Três vezes rodou imundo e grosso.«Quem vem poder o que só eu posso,Que moro onde nunca ninguém me visseE escorro os medos do mar sem fundo?»E o homem do leme tremeu, e disse:«El-Rei D. João Segundo!»Três vezes do leme as mãos ergueu,Três vezes ao leme as reprendeu,E disse no fim de tremer três vezes:«Aqui ao leme sou mais do que eu:Sou um povo que quer o mar que é teu;E mais que o mostrengo, que me a alma temeE roda nas trevas do fim do mundo,Manda a vontade, que me ata ao leme,De El-Rei D. João Segundo!»
quinta-feira, 5 de julho de 2012
«O Mostrengo», de Fernando Pessoa
publicado por Miguel Pestana
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5 comentários:
Continua a ser a voz mais adequada ao poema.
Sei este poema de cor desde miúda! :)))
Quer dizer, agora só mais ou menos! Uma professora da minha irmã obrigou-a a decorá-lo e eu de tanto a ouvir a declamar acabei a decorar também... :D
Vou ouvir na voz de João Villaret, um grande declamador! :)
Óptima ideia ter vindo espreitar o blogue...
Bom fim de semana
Me desculpará, mas ideia das letras de verifucação é que está longe de ser óptima, rrss
Olá São,
obrigada pelos 2 feedbacks.
A verificação de palavras é somente para evitar SPAM.
Volte sempre.
simplesmente o meu preferido.
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