Editora: Porto Editora
Ano de Publicação: 2013
Nº de Páginas: 336 |
«É muito difícil escrever estas páginas, Paula…» (Isabel Allende)«Depois da minha filha ter morrido e depois de ter escrito Paula, passei três anos sem conseguir escrever…estava vazia, sem nada cá dentro», disse Isabel Allende numa entrevista à TVI, na sua última visita a Portugal para o lançamento de O Caderno de Maya (Porto Editora, 2011). Quem leu Paula, entende o porquê desse hiato na sua escrita. Quem leu Paula, sabe que 1992, foi, para a escritora chilena, um ano muito doloroso. Sabe que as palavras «hospital», «dor», «doença», «morte», abundam (n)o livro, o livro escrito, inicialmente, em forma de carta, uma carta para a sua filha ler futuramente, e tomar conhecimento dos meses em que esteve em coma. Allende contava com o «se» e com o «quando», quando exorcizava a sua dor para o caderno amarelo, para onde extravasava os seus medos.Este livro fala de e da morte, todavia esse não é o tema que subjaz nesta obra, escrita por entre corredores de um hospital madrileno e na sua casa dos E.U.A.: «A morte anda à solta pelos corredores e a minha função é distraí-la para que não me encontre a tua porta.» (p. 87)Allende, além de estar devastada, suportava com calma exclamações como: «”Que linda que é a sua filha, pobrezinha, peça a Deus que a leve depressa”» (p.131).Paula não é uma obra de ficção, é um testemunho, uma catarse, da escritora e jornalista nascida em 1942. Esta obra, inicialmente editada em Portugal pela falecida Difel, em 1995, tem um cariz autobiográfico, percorrendo os momentos de maior felicidade e tristeza de Allende: a sua infância, a importância que a família teve na sua vida, os namoros, o início da sua carreira de jornalista na TV e cronista em revistas, a sua reputação de feminista, o relacionamento que tinha com o seu tio Salvador Allende – ex-presidente Chileno –, o golpe militar ocorrido no Chile em 1973, e por conseguinte o seu exílio na Venezuela, a sua amizade com Pablo Neruda, o acaso que foi escrever o seu primeiro romance, e magnum opus, etc. Uma parcela considerável do livro é uma verdadeira aula de História do Chile.Paulatinamente, a autora de A Casa dos Espíritos revela aos leitores o seu percurso constituído por inúmeros percalços, perigos, aventuras. É por esse teor íntimo e pessoal que Paula é uma obra de leitura intensa, ora sincopada, ora célere, e por vezes inquietante. A ironia é a figura de estilo que Allende recorre mais na sua escrita, não obstante o seu sarcasmo é benevolente, nunca compreendido como impetuoso.Como curiosidade cito uma das quatro previsões que uma vidente de Buenos Aires fez a Isabel Allende, na década de 70, e que esta nos conta no livro: «”Um dos teus filhos, Paula, será conhecido em muitas partes do mundo.”» (p. 161)E é precisamente o que tem vindo a acontecer, como Allende confirmou na mesma entrevista a que já me referi: «A Paula vive dentro de mim, mas também vive no mundo, vive no livro, vive nas pessoas que me escrevem (…) a Paula morreu há 19 anos e todos os dias, todos os dias!, pelo menos, recebo uma mensagem de alguém sobre Paula (…) o livro que mais toca as pessoas é o Paula.»Numa parte do livro Isabel Allende, ao se questionar sobre dois «momentos» da vida, afirma: «Silêncio antes de nascer, silêncio depois da morte, a vida é puro ruído entre dois insondáveis silêncios.» (p. 237)
17 comentários:
perdi um irmão de 20 anos quando tinha eu 24. A doença foi prolongada, mas não muito, talvez felizmente. O luto foi longo e a dor imensa. Mas nada se compara à dor a que assisti nos meus pais. A sombra dessa dor está-lhes estampada no rosto ainda hoje, catorze anos depois.
Eu tenho este livro para ler de uma outra edição. Mas pelos vistos vai ter de ser lidos a intervalos, pois pelos que li da sinopse é muito forte. E vai-me de certeza fazer-me lembrar dos dias terríveis em que estive prestes a perder o meu filho poucas horas depois de ter nascido.
Li este livro há muitos anos, numa altura em que seguia a autora e mal saia um livro eu comprava e lia logo.
Um livro difícil, dramática sem exagerar no sentimentalismo, muito bem escrito, muito profundo. Gostei muito e recomendo!
Li este livro há muito tempo e adorei! Fantástico! Recomendo.
Daniel Nascimento
Também li este livro há alguns anos e é pesaroso conseguir ultrapassar uma situação deste género. Espero nunca ter essa experiência.
Perder alguém querido...é uma dor que não desaparece.
Perdi a minha insubstituível mãe vai fazer 10 anos...e ainda hoje sofro directa e indirectamente por isso!!!
Estou ansiosa por ler este livro. Adoro Isabel Allende
Já li! :)
Ainda não li este livro mas suscita-me muito interesse. Parece uma história muito intensa.
Boa tarde!
Os livros de Isabel Allende são verdadeiras obras de arte. Umas vezes compreendo-os e adoro-os (como "A Casa dos Espíritos"), outra custa-me a entrar na história e fico com eles a meio. Mas, pelo que leio deste, acho que irei adorá-lo.
Uma leitura comovente... li há alguns anos e tocou-me profundamente. Lembro-me de ter de para inúmeras vezes por causa da tristeza que me causava. Ao mesmo tempo foi uma leitura bela...
Teresa Carvalho
Sou fã desta escritora, estou curiosa em relação a este livro <3
Nunca li o livro mas depois de ler este post sem dúvida que está na lista dos livros a ler. Gosto muito da escritora, já li muitos livros de ficção dela e a julgar pela qualidade da escrita, Paula deve ser um livro arrebatador.
Já li este livro há bastante tempo. Gostei bastante, como é comum com esta autora.
Já li este livro!
Simples, comovedor, sincero, e claro triste, mas sem ser piegas!
Gostei muito
O meu segundo livro favorito de Isabel Allende... Claro que nada se compara à Casa dos Espíritos, mas os livros biográficas da Isabel são sempre fabulosos de ler, mesmo tratando dum tema tão triste.
Este livro é simplesmente fabuloso...recomendo vivamente a todos os que puderem adquirir ou até mesmo pedir emprestado!Boa Leitura!
Enviar um comentário