segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Os romances que marcam a reentrada literária da Editora Alfaguara


O Meu Nome é Lucy Barton
de Elizabeth Strout

Texto sinóptico
Lucy Barton está numa cama de hospital, a recuperar lentamente de uma cirurgia que deveria ter sido simples. As visitas do marido e das filhas são escasssas e pouco aproveitadas por Lucy. A monotonia dos dias de hospital é quebrada pela inesperada visita da mãe, que fica cinco dias sentada à sua cabeceira. Mãe e filha já não se falavam há anos, tantos quantos os que Lucy passou sem visitar a casa onde cresceu e os que a mãe passou sem a visitar em Nova Iorque, nem sequer para conhecer as netas. Reunidas, as duas trocam novidades e cochichos sobre os vizinhos de infância de Lucy, mas por baixo da superfícies plácida da conversa de circunstância pulsam a tensão e a carência que marcaram a vida de Lucy: a infância de pobreza e privação no Illinois, a vontade de ser escritora e a desconfortável sensação de não pertencer a lado nenhum, a fuga para Nova Iorque e a desintegração silenciosa do casamento, apesar da presença luminosa das filhas. Com um passado que ainda a atormenta e o presente em risco iminente de implosão, Lucy Barton tem de focar para ver mais longe e para voltar a pôr-se de pé. 
Mais do que uma história de mãe e filha, este é um romance sobre as distâncias por vezes insuperáveis entre pessoas que deveriam estar próximas, sobre o peso dos não-ditos no seio das relações mais íntimas e sobre a solidão que todos sentimos alguma vez na vida. A entrelaçar esta narrativa está a voz da própria Lucy: tão observadora, sábia e profundamente humana como a da escritora que lhe dá forma.



A Denúncia
de Bandi
Texto sinóptico
A grande fome da Coreia do Norte, na década de 1990, acordou em Bandi, escritor oficial do regime norte-coreano, um crítico feroz e um resistente inabalável. A publicação deste livro - que terá saído da Coreio do Norte disfarçado de propaganda comunista - é prova do triunfo da humanidade e da resiliência da literatura num mundo dominado pelo absurdo.

Nestes sete contos, Bando denunciona e responsabiliza o regime norte-americano mas, mais ainda, retrata as vidas dos cidadãos que dele são vítimas: o dia-a-dia dilacerado pela fome, pelo medo, pela repressão. Neles lemos o sofrimento quotidiano e atroz de todo um povo e tememos por um futuro que nunca o será enquanto os destinos do país estiverem nas mãos de um líder delirante, megalómano e cobarde, de proporções kafkianas.

A Denúncia não deve ser lida apenas pela seu inegável valor literário, mas sobretudo pelo realismo e humanidade com que retrata um povo a quem, geração após geração, é sonegado o mais importante dos direitos: uma voz.

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