Mário Soares - Uma vida
Biografia
de Joaquim Vieira
Texto sinópticoA carreira política de Mário Soares não se compara, na realidade, com a de nenhum outro português. No seu currículo conta com 70 anos de vida política ativa. Durante este período foi: cabeça de lista ou em nome individual, disputou 10 atos eleitorais, dos quais venceu seis (constituintes de 1975, legislativas de 1976 e 1983, presidenciais de 1986 e 1991 e europeias de 1999) e perdeu quatro (legislativas de 1969, 1979 e 1980 e presidenciais de 2006). Não admira, por isso que Mário Soares seja considerado um nome maior do século XX português e o pai da democracia portuguesa. Hoje, aos 88 anos, continua a ser uma voz ativa na política, considerada pela sociedade civil. Um verdadeiro senador. A apetência pelo poder nasceu cedo, estimulada por uma educação de príncipe que parecia programá-lo para o destino que viria a ter. Mas o seu período de formação decorreu contudo em ambiente hostil, no qual teve de enfrentar a cadeia por 12 vezes. Teria sido mais fácil abandonar os desígnios políticos e enveredar por uma carreira profissional estável e próspera como advogado. Resistiu. Ganhou fibra, a mesma que viria a manifestar em diferentes situações ao longo da vida, como, por exemplo, na rutura com os comunistas, no lançamento de um movimento social-democrata em plena ditadura, no patrocínio jurídico à causa da família do assassinado general Humberto Delgado, na teimosa opção por uma candidatura separada do resto da oposição em 1969, na fundação do Partido Socialista, na liderança do movimento contra a radicalização no período revolucionário, na defesa da integração europeia de Portugal, na rutura com António Ramalho Eanes, ou nas opções para a revisão constitucional de 1982. Soares mostrou-se sempre à frente do seu tempo. Para os portugueses sempre foi o «Bochechas». O homem que todos gritavam na rua «Soares é fixe». Afinal, Soares não se portava como um político remetido ao seu Olimpo, mas como um português comum, com as suas dúvidas e hesitações, baralhando números e menosprezando estudos, capaz de dialogar de igual para igual tanto com príncipes como com plebeus, relevando da mesma maneira as cerimónias oficiais e os contactos de rua, sorrindo até nas mais adversas circunstâncias, bonacheirão, atencioso, incapaz de dispensar os melhores confortos, um bom almoço ou uma sesta retemperadora. Sempre foi o presidente de todos os portugueses. O jornalista Joaquim Vieira, depois de vários anos de investigação, e de entrevistas ao próprio biografado, a amigos e inimigos, traça-nos a história de uma vida complexa, com algumas sombras por revelar, como o caso do fax de Macau.Um livro fundamental não só para perceber o homem, mas também a História recente de Portugal
O Homem que Come, Bebe e Respira Política
de Ana Sá Lopes
Texto sinóptico«O Dr. Soares diz que quer parar, mas não para. Nunca vai parar. Não lhe peçam que descanse da política, porque ele não irá cumprir.» «Só já depois do Dr. Mário Soares ter saído do Poder comecei a conviver mais de perto com ele. Não me posso esquecer da sua participação na campanha eleitoral de 2009, num comício no Porto. Estava um calor terrível, uma multidão arrasadora, e eu não consegui encontrar outro sítio para trabalhar que não fosse no palco. O discurso do Dr. Mário Soares foi simplesmente arrebatador. Enquanto eu quase desmaiava sentada no palco sob aquele sol demente, o Dr. Soares estava fresco e mostrava toda a sua energia. Ele come, bebe, alimenta-se, respira política. Sempre foi assim e sempre assim será. Arrisco dizer que é uma coisa física - nunca vi ninguém assim.»
Cartas e Intervenções Políticas no Exílio
Texto sinópticoEste livro reúne um conjunto de documentos do Arquivo Fundação Mário Soares escritos e/ou publicados entre 1970 e 1974 e que retraçam a atividade política do autor durante o exílio em França e a forma como esta atividade se articulava com a de diversas figuras da oposição ao regime, tanto em Portugal como noutros destinos de exílio. Inclui: - Correspondência entre o autor e Raúl Rêgo, Piteira Santos, Pinto Balsemão, Medeiros Ferreira, Tito de Morais, Vitorino Magalhães Godinho, Victor da Cunha Rego, António Macedo e Jorge Campinos - Artigos publicados no República e no Portugal Socialista, Revue Politique International, L’Unité, Combat Socialiste e Le Monde (França); The Nation (EUA), Express Español (Espanha) e Weltwoche (Suíça) - Entrevistas publicadas na Veja (Brasil), L’Espresso (Itália) e Combat (França) - Outros documentos de grande interesse histórico. Com prefácio do historiador David Castaño.
Em Defesa do Futuro
Texto sinóptico«Um político a sério é aquele que se preocupa com o seu país acima de tudo, aquele que é patriota e busca não o seu bem-estar pessoal, mas sim o do país a que pertence.»«O País está num impasse, sem saída. Não há qualquer estratégia. Tudo está parado e a incerteza quanto ao futuro é enorme.»
A Esperança é Necessária
Texto sinóptico«A crise vai-se agravando. Sem remédio? Creio que não. Porque a esperança deve ser a última a perder-se. Sempre pensei assim e não me arrependo.» «Quem tem estado no poder são os partidários dos mercados usurários, das troikas e do dinheiro acima de todos os valores. Têm o sentido de que o que conta é a austeridade e a pobreza das pessoas. As próprias pessoas que se lixem, para usar o termo que hoje alguns usam. Os valores não contam. A ética e o humanismo, que permaneceram depois da Segunda Guerra Mundial, hoje são motivo de riso dos tecnocratas, que enchem os bolsos e nada mais. Pois bem, isso vai ter de mudar ou a Europa cai no abismo e nada nos vale. Não creio que sejamos tão estúpidos que caiamos nesse abismo. Por isso, tenhamos esperança. E acreditemos nos nossos valores.»
Crónica de um Tempo Difícil
Texto sinóptico«Pobre país, dirão os portugueses mais atentos. O futuro que se lhes apresenta não será nada brilhante. É preciso que os portugueses tomem consciência disso e ajam em conformidade. Já que não podemos mudar o Mundo nem sequer a Europa, sejamos ao menos capazes de mudar Portugal.»«O livro que ora vos apresento representa a compilação de artigos diversos e outros escritos publicados nos anos de 2011 e 2012 em jornais e revistas portugueses e estrangeiras. Foram anos de aprofundamento da crise europeia e nacional, ainda não resolvida, bem pelo contrário.[…] A democracia - no plano europeu e nacional , considerada um dos fundamentos essenciais do projeto europeu, bem como os Direitos do Homem e os Estados Sociais começaram a ser conceitos e valores cada vez menos seguidos e respeitados. Porque, como se sabe, a crise financeira, dando a prioridade aos mercados, pôs o dinheiro acima das pessoas, como supremo valor.»
Um Político Assume-se
Texto sinópticoUma vida de militância desinteressada, com uma linha de orientação coerente, embora com ajustes, ruturas e adaptações às realidades mutáveis da Europa e do Mundo.
Diálogo de Gerações
Texto sinópticoEm 2002 o mais velho dos autores lançou em Bruxelas, na Livraria Orpheu, o livro Português e Europeu e pediu ao mais novo que fosse o seu apresentador. O picante da situação resulta não só da diferença de idades que os separa — quase meio século! — mas também das díspares experiências existenciais vividas e de formações culturais distintas, embora com traços comuns. Com efeito, o mais velho é predominantemente francófono, como acontecia na sua geração; e o mais novo anglófono, como em geral sucede nas gerações mais novas. No entanto, ambos são socialistas, não têm medo da palavra e acreditam no socialismo democrático como um contributo insubstituível. Os autores acreditam que este livro pode representar um contributo útil, ainda que modesto, para a reflexão política e para a dignificação da política.
Em luta por um mundo melhor
Texto sinóptico"Devemos ter confiança e não nos deixar abater. A crise vai libertar novas energias. O mercado não morrerá se ficar sujeito a regras éticas e políticas. O mesmo sucederá com a globalização, desde que seja objecto de maior regulação. Novas energias e novas gerações aparecerão. É preciso regulamentar e supervisionar os mecanismos de mercado. Reforçar os Estados de Direito. E reformular o socialismo democrático - que em muitos casos se deixou "colonizar" pelo neoliberalismo - dignificando o trabalho, aprofundado as politicas sociais e lutando a sério em defesa do planeta, ameaçado, e pela solidariedade entre os humanos, em exclusões.
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