A Oxalá Editora publicou recentemente o primeiro livro de Luz Marina Kratt, autora nascida da ilha da Madeira. O Cheiro da Anoneira, obra apresentada por Gonçalo Nuno dos Santos e José Manuel Rodrigues no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal no passado dia 21 de Dezembro, é um romance com reminiscências biográficas carregado de mistério e magia, que tem como pano de fundo a pequena localidade do Paul do Mar, localizada no norte da ilha madeirense.
A autora, actualmente a residir na Alemanha, encontra-se já a trabalhar no segundo livro que está previsto ser dado à estampa no decorrer de 2017. Até lá, O Cheiro da Anoneira encontra-se à espera que leitores o descubram (pode ser adquirido on-line, aqui, ou em breve em algumas livrarias portuguesas).
Texto sinóptico
Quando o mundo que Rafaela havia construído para si e para a filha se desfaz como um castelo de areia, ela não se deixa abater pela derrota e pelo desespero.
O destino, consultado numa mesa de tarot, diz-lhe que o futuro fica no lugar da infância.
Ele abre, então, a porta desse mundo esquecido. Como quem folheia um álbum de fotografias, recorda a velha quinta onde nasceu, a aldeia de casinhas brancas, os barcos coloridos varados no cais.
Os homens a jogar à bisca debaixo de palmeiras queimadas pelo sol. As mulheres a bordar à sombra da montanha a pique. E aquele mar azul fundo, que em noites de tempestade se atira à vila em ondas brancas de raiva e espuma.
Perdida, procura no passado a rota que uma carta de tarot lhe aponta como uma seta numa cruz de caminho.
O Cheiro da Anoneira é um romance pungente e também humorístico, salpicado aqui e ali de cenas hilariantes, protagonizadas por alguns habitantes da aldeia. Mas é sobretudo um romance carregado de mistério e magia, que revela uma faceta oculta, onde dimensões paralelas se cruzam.
Rafaela vive na fronteira entre o mundo que conhecemos e um mundo que pressentimos e que, de alguma forma, receamos.
Espiritismo, vidência e contactos com o paranormal são uma constante nesta obra, que não pretende revelar nada de novo. Apenas tocar uma realidade que, quer queiramos quer não, irá marcar decisivamente este novo milénio.
Desde cedo, Marina Luz Kratt viveu fora dos horizontes da ilha que a viu nascer. A emigração tem tradição e registo de gerações no seu álbum de família. A sina repete-se como um sinal de nascença, que se traz marcado na pele.
Marina passou assim longos anos entre a Inglaterra, a terra do pai, e a Austrália, país que a marcou profundamente.
A ilha chamou-a sempre de volta e, durante largos anos, Marina trabalhou como jornalista no “Jornal da Madeira”, RDP e RTP Madeira.
As voltas do destino levam-na de novo a deixar a Madeira, vivendo agora no sul da Alemanha com a filha e o marido.
Ali, numa pequena cidade nas margens do Lago Konstance, entre a Suíça e a Áustria, comprou um velho museu, que restaurou e transformou em hotel rural, projeto que a mantém ocupada e em contato permanente com as comunidades de emigrantes portugueses naqueles países.
E como a escrita é um velho hábito que nunca abandonou, faz da língua de Camões a ponte que a ligará sempre a Portugal.
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