segunda-feira, 2 de março de 2020

«Uma Família Quase Normal», de Mattias Edvardsson

Editora: Suma de Letras
Data de publicação: 07-01-2020
N.º de páginas: 472
Foi publicado no Verão de 2018 e vendeu até à data mais de 175 000 exemplares, somente na Suécia. Vai chegar a leitores de mais de 30 idiomas, tornou-se no quarto livro de bolso mais vendido em 2019 em território sueco e foi o primeiro romance de suspense escolhido pela Suma de Letras para publicar em 2020.
Uma Família Quase Normal é um romance construído de forma meticulosa e com personagens críveis, resultando num verdadeiro page turner, que deixa o leitor totalmente absorto do começo ao fim.

Éramos uma família perfeitamente normal, depois tudo mudou.

Adam, um pastor da Igreja da Suécia, a advogada de defesa Ulrika e a filha rebelde de ambos, Stella, formam a família Sandell. Vista de fora, aparentam ser uma família feliz, exemplar. Mas todos sabemos que famílias perfeitas não existem («As famílias felizes parecem-se todas.» Tolstói).
Algumas semanas após Stella fazer dezoito anos, um homem é encontrado cadáver num parque de Lund, uma cidade do sudoeste da Suécia. Todas as suspeitas apontam para que a homicida tenha sido Stella, pois são encontradas pelas autoridades judiciárias evidências que a ligam ao homem assassinado. Ao ser atribuída a esta jovem adulta, que desde criança sempre tivera uma enorme dificuldade em controlar as emoções, a sanção máxima que um suspeito de crime pode ter antes do julgamento, os holofotes da pequena comunidade onde vivem são virados para os pais de Stella.
Para tirar a filha da prisão, o que um pai superprotetor e uma mãe descuidada são capazes de fazer para defender a reputação da família e, principalmente, afastarem de si a culpa que agora pesa-lhes no âmago dos seus seres?
É isto que as famílias fazem. Protegem-se uns aos outros.
Composto por viciantes e cativantes capítulos curtos, com um trio de narradores (não confiáveis) a contar as suas versões da história, Uma Família Quase Normal resulta num drama familiar e jurídico original, onde Mattias Edvardsson combina suspense com princípios morais e religiosos por que um indivíduo rege a sua conduta pessoal e profissional.
Este é um livro instigante, porque também nos questiona até que ponto seríamos capazes de ir para proteger quem nos é próximo.
A história de Uma Família Quase Normal não decepciona em nenhuma parte; entra-nos na cabeça e não sai de lá, muito tempo após termos voltado a última página.
O sueco Mattias Edvardsson, de 43 anos, foi professor de Sueco e Psicologia durante 15 anos. Publicou dois livros infantis (Ella & Noa - Glass på en onsdag e Ella & Noa - Hoppa från kanten), dois livros YA (April, April e Stå ut) e um outro romance (En nästan sann historia). Após este seu livro ambicioso ter ganhado visibilidade internacional (com destaque para a sua edição nos EUA), escreve a tempo inteiro.
O seu próximo romance, Goda Grannar, está estimado ser lançado na Suécia em Junho deste ano e tem como premissa: Você conhece bem os seus vizinhos?

Excertos
«O amor é uma das tarefas mais difíceis do homem. Não sei se Jesus compreendeu o que estava a exigir à humanidade quando pediu que amássemos o próximo como a nós mesmos. É possível continuar a amar um assassino?» (p. 71)

«É no infortúnio que nos redescobrimos e tomamos consciência do que significa sermos seres humanos entre outros humanos. É na tristeza que precisamos mais do que nunca uns dos outros.» (p. 92)

1 comentário:

Ana disse...

Interessante o tema, cheio de certezas e de dúvidas no que toca aos nossos e ao limite do amor!