é como a hera que envolve as paredes da casa.
Quero ser a casa
e que arranhes a cal da minha pele
e te aninhes nos meus ouvidos fendas
e perturbes a porta minha boca.
E por fim
procures o perigo das janelas
e enfrentes os meus olhos
infinitos de mágoa
noite e assombração.
De ti só quero o cheiro dos lilases
e a sedução das coisas que não dizes
De ti só quero os gestos que não fazes
e a tua voz de sombras e matizes
De ti só quero o riso que não ouço
quando não digo os versos que compus
De ti só quero a veia do pescoço
vampira que já sou da tua luz
De ti só quero as rosas amarelas
que há nos teus olhos cor das ventanias
De ti só quero um sopro nas janelas
da casa abandonada dos meus dias
De ti só quero o eco do teu nome
e um gosto que não sei de mar e mel
De ti só quero o pão da minha fome
mendiga que já sou da tua pele.
in A Noite Inteira Já Não Chega - Poesia 1983-2010, Guimarães (Babel)
p.s.: O lançamento do livro decorrerá no dia 25 deste mês (ver aqui mais informações).
4 comentários:
Lindo poema, não conhecia,achei maravilhoso.Vou colocá-lo no meu blog e deixo referências da fonte.Ok.
Olá Miguel, achei lindo o poema,não conhecia,achei maravilhoso e intenso.
Abraço.
Fabulosos!
Saudades de Rosa Lobato de Faria...
São apenas dois de tantos poemas belíssimos de RLF.
Obrigada por passar aqui.
Um abraço
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