quarta-feira, 19 de novembro de 2014

«A Balada do Café Triste», de Carson McCullers

Data Publicação: 15/11/2011
N.º de Páginas: 80

O livro n.º 21 da colecção ‘Obras Literárias Escolhidas’ da Editorial Presença intitula-se A Balada do Café Triste, romance de 1951 escrito pela americana Carson McCullers (1917-1967). The Ballad of the Sad Café quarenta anos depois de ser publicado foi adaptado para o cinema com direcção de Simon Callow.
O cenário que a autora delineou para esta obra é uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, durante a Grande Depressão, onde existe apenas uma fábrica, uma igreja, uma rua principal e algumas casas onde vivem maioritariamente operários. Neste lugar remoto, sombrio, manter as aparências é a principal preocupação dos poucos habitantes. A rudeza e a bestialidade dos homens ignóbeis são neste livro retratados com mestria. A única habitante rica da cidade é Miss Amelia Evans, uma mulher de modos grosseiros e másculos, que foi criada por um homem muito solitário. Miss Amelia viveu sozinha toda a vida e nem mesmo o seu fracassado e recente casamento de dez dias conseguiu alterar a sua personalidade sombria. Miss Amelia era indiferente ao amor dos homens e preferia a solidão, simplesmente. Apenas o trabalho de administrar a sua herdade e as suas terras e tratar pacientes satisfazia o seu gosto por viver. Sem amigos, assim ia sobrevivendo até ao dia em que um forasteiro bate à sua porta e diz ser seu parente. Lymon Willis, um anão corcunda, é, para espanto de todos os habitantes, acolhido no mesmo tecto que Miss Amelia, que todos sabem ser avarenta, pouco hospitaleira e fria. Ao longo da narrativa, a partir deste ponto o anão vai “amansando” o coração desta sua suposta prima e torna-se seu sócio, ao fazer do rés-do-chão do casario um café. Marvin Macy, o marido de Amelia, um homem de mau carácter que estivera preso noutra cidade é solto e volta para a sua ainda mulher. Até ao descortinar desta misteriosa e invulgar história McCullers descreve paulatinamente a tensão que surgirá entre este triângulo de personagens, fazendo-o através de frases curtas e precisas.
O isolamento social, o desprezo, a redenção, a desgraça e o amor são temas presentes em A Balada do Café Triste, romance que poderá divergir opiniões entre leitores, dado o seu carácter sui generis, que provoca estranheza. Da mesma colecção e da mesma autora encontram-se publicados os títulos Reflexos num Olho Dourado e O Coração É um Caçador Solitário.


Excerto
«Quem viveu acompanhado teme ver-se abandonado. O silêncio de um quarto aquecido onde de repente o relógio para de trabalhar, as sombras de uma casa vazia… É melhor receber o pior inimigo do que enfrentar o terror da solidão.» (p. 64)

2 comentários:

macy disse...

Muito sui generis de facto, pessoalmente gostei muito este pequeno/grande livro....
Bom fim-de-semana :)
Teresa Carvalho

kassie disse...

Tenho este livro para ler já há uns tempos mas ainda não tive oportunidade. Mas já li várias opiniões muito positivas. Vou mudá-lo para a mesa de cabeceira para ser uma das próximas leituras :)