Herberto Helder: Se eu quisesse enlouquecia
Organizado por Catherine Dumas, Daniel Rodrigues e Ilda Mendes dos Santos
Sobre a obraEnlouquecer é palavra potente na obra de Herberto Helder. Aqui, é também sintagma instigante que faz parte do título do livro organizado por Catherine Dumas (Universidade Sorbonne Nouvelle — Paris 3), Daniel Rodrigues (Universidade Blaise Pascal — Clermont 2) e Ilda Mendes dos Santos (Universidade Sorbonne Nouvelle — Paris 3). Se eu quisesse enlouquecia é a verso herbertiano que abre Os passos em volta e que abre este livro de ensaios - um livro de muitos inícios e fins, que pôde ter seu início primeiro antes de ser livro, no ano de 2013, em Paris, quando alguns dos ensaístas aqui reunidos se encontraram, na Fundação Calouste Gulbenkian e na Universidade Sorbonne Nouvelle — Paris 3, para partilhar leituras e celebrar os 50 anos da primeira publicação de Os Passos em Volta.Agora, em 2015, ano da morte de Herberto, o livro, que nasceu em partilha, encontrará outros leitores afins para construir leituras e significados a partir da coletânea aqui presente, apresentando um intenso movimento e um diálogo profícuo entre aqueles que, juntos, se propõem a celebrar, novamente, um poeta contínuo.Os ensaios, divididos em quatro seções que transpassam a obra herbertiana, trazem as acentuadas leituras de pesquisadores imensos. Rosa Maria Martelo, por exemplo, com “Visões, vozes, imagens”, proporciona ao leitor um poço do qual saem vivas as palavras; Gastão Cruz, ao apresentar a primeira década herbertiana, demonstra que a literatura primeira de Herberto é mesmo atemporal, a arder para toda a eternidade. E uma autora como Maria Lucia Dal Farra, pioneira na leitura do poeta no Brasil, comenta um dos últimos livros do autor. E há mais leitores, mais leituras...Decerto, Se eu quisesse enlouquecia é um livro de muitas mãos que encontrará, nos olhares atentos, espaço para que seja possível relembrar a já conhecida e bela dedicatória de Lugar: este livro, belíssimo encontro entre autores e leitores, proporciona, proporcionará, um lugar herbertiano “de paixão”.
Beber contra livros, incendiar bibliotecas. Palavras, fogo, destruição. […] Deitei-me no chão, e não é fácil. É preciso ter sido queimado por muitos nomes, ter esquecido e relembrado a delicadeza, o sangue, a ironia, paisagens e transmutações, as formas, as vozes. Como se pudéssemos existir sem qualquer herança, com a fortuna apenas de um tesouro criado pela solidão. (Herberto Helder, 1995)
LançamentoA sessão de apresentação de Herberto Helder: se eu quisesse enlouquecia será no dia 23 de Novembro, às 19h, no Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense (Rua Visconde do Rio Branco, s/n, sala 218 do bloco C), após a mesa de abertura do Colóquio Soldado aos laços das constelações: Dia Herberto Helder 2, que celebra a data dos 85 anos do autor.
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