A 3 de Maio a Editora Companhia das Letras publica O Deslumbre de Cecilia Fluss, o terceiro livro da «trilogia dos lugares sem nome» iniciada com O Luto de Elias Gro, seguida de O Paraíso de Lars D., de João Tordo.
Para a escritora Lídia Jorge, João Tordo neste romance «cria (…) dois palcos contíguos, que equilibra entre o atrevimento cruel que o realismo comanda e o clima introspectivo que dele resulta, conjugados com particular desenvoltura e absoluta eficácia.»
João de Melo elogia O Deslumbre de Cecilia Fluss por este ser um «romance extraordinário, que se lê à transparência de um talento mais do que confirmado, porventura único entre nós, na primeira linha das vozes literárias da geração a que João Tordo pertence.»
Texto sinóptico
Aos catorze anos, Matias Fluss é um adolescente preocupado com três coisas: o sexo, um tio enlouquecido e as fábulas budistas. Vive com a mãe e a irmã mais velha, Cecilia, numa espécie de ninho onde lambe as feridas da juventude: a primeira paixão, as dúvidas existenciais, os conflitos de afirmação. Sempre que sente o copo a transbordar, refugia-se na cabana isolada do tio Elias.
Cedo, contudo, a inocência lhe será arrancada. Ao virar da esquina, encontra-se o golpe mais duro da sua vida: o desaparecimento súbito de Cecilia que, afundada numa paixão por um homem desconhecido, é vista pela última vez a saltar de uma ponte.
Muito mais tarde, Matias será obrigado a revisitar a dor, quando a sua pacata vida de professor universitário é interrompida por uma carta vinda das sombras do passado, lançando a suspeita sobre o que aconteceu realmente à sua irmã — sem saber ainda que regressar ao passado poderá significar, também, resgatar-se a si mesmo.
Incipit
«Os factos são este.
Um dia, a minha irmã perdeu a virgindade, o mundo abriu-se como uma flor recente e todos ficámos expostos, o cálice, vermelho e sangrento, à mercê de uma sombra criminosa.»
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