Editora: Civilização
Ano de Publicação: 2013Nº de Páginas: 424 |
A Revolução Francesa foi um acontecimento glorioso, cujo alcance abalou irreversivelmente as estruturas sociais e políticas da Europa. Valores como a Liberdade, Igualdade e Fraternidade resultaram desse ínclito marco da história, que também revelou-se um dos mais sangrentos acontecimentos de que há memória. É a este período que Charles Dickens dedicou a sua escrita, e como resultado em 1859 foi publicado pela primeira vez A Tale of Two Cities (História de Duas Cidades ou Um Conto de Duas Cidades, em português).O incipit da obra é composto por: «Era o melhor de todos os tempos, era o pior de todos os tempos, era a idade da sabedoria, era a idade do disparate (…) tínhamos tudo à nossa frente, não tínhamos nada à nossa frente, íamos todos direitinhos para o Céu, íamos todos direitinhos no sentido oposto». Assim o autor apresenta o ano em que está datado o início do romance: 1775. O enredo tem como centro duas cidades e dois homens: Paris e Londres e dois homens que disputam o amor de Lucie Manette, a filha de um médico francês que estivera preso em Bastilha (estabelecimento onde se internavam os presos influentes) durante dezoito anos por ter desobedecido, aparentemente, as ordens da Corte.Libertado da prisão o Dr. Manette parte imediatamente para Inglaterra e começa uma nova vida junto da filha. Esse será também um tempo de resiliência para Manette que sai da prisão livre mas não incólume, mentalmente. Sydney Carton é um advogado afamado e um dos pretendentes da filha do médico, mas tem também a sua saúde instável. Charles Darnay é um francês exilado que esconde um segredo sobre a sua estirpe familiar ligada à aristocracia. Por renunciar os privilégios de consanguinidade abandonara o seu país. É com este homem que Lucie casa. Anos passados, em 1789 eclode a Revolução na França; o rei é julgado, condenado e decapitado, e todos os nobres começam a ser perseguidos, mas o conteúdo de uma carta (dada a conhecer ao leitor nas pp. 359-374) escrita há muito tempo poderá alterar o destino a muitos na «afiada fêmea recém-nascida chamada La Guillotine». Nesta sociedade em mudança a sombra fatal da guilhotina abarca tudo e todos. O casal Defarge, moradores no bairro Saint-Antoine, fará o possível e o impossível para fazer enaltecer os seus sentimentos de ódio, vingança e malevolência à família Manette e a todos os que se interporem nesse pressuposto.Na primeira centena de páginas de História de Duas Cidades é difícil criar um elo de empatia leitor-história. Muito se deve à utilização pelo autor de uma sintaxe rica, de longos parágrafos e por narrar aspectos específicos da época que retrata. Mais interiorizados com o estilo de Dickens somos levados na primeira parte do romance a captar o lado altruísta e humanista da maioria das personagens, que embora não sejam os mais empobrecidos da trama, são os que mais lutam pela sua reputação e dignidade. Numa segunda parte é mostrado o lado mais obscuro e vil dessas mesmas personagens, que regidas de Vingança, querendo aniquilar os seres seus inimigos, se matam elas próprias com o seu veneno.O autor de Um Conto de Natal e Grandes Esperanças apresenta-nos assim uma história dramática reveladora de determinação, resistência e redenção de um povo sofrido, de duas cidades, de uma só época.
5 comentários:
Um dos livros que vou querer ler. Gostei bastante desta tua opinião.
Gosto bastante destas edições da Civilização, são bastante em conta e com bastante qualidade.
Um abraço Miguel.
Vai sair mais 8 volumes desta colecção daqui a uma semana.
Realmente estão a preços económicos, e têm a vantagem de serem em capa dura.
Boas leituras Nuno
É verdade Miguel, são mesmo em conta, comprei alguns e do que comprei gostei bastante... Por exemplo Anna Karenina, cuja a edição das publicações Europa América, custam 38.90 e esta apenas 9.90
Gostei bastante da opinião. Já entrou para a minha lista de futuras leituras. E já que gosto bastante das edições da Civilização, pelo equilíbrio muito bem conseguido entre a qualidade/preço, é de aproveitar
Adoro Charles Dickens :D A sua escrita é mágica!
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