quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

«Crime e Castigo», de Fiódor Dostoiévski

Ano de Publicação (11.ª edição): 2013
N.º de Páginas: 512

Fiódor Dostoiévski (1821-1888) publicou Crime e Castigo em 1866, vinte anos após ter escrito o seu primeiro romance. Se em Gente Pobre muitas das suas inquietações sociais e filosóficas já estavam bem camufladas na história, nesta obra em análise um leitor atento, que tenha conhecimento da biografia do escritor russo encontrará vários flagrantes traços autobiográficos, muitos, ou pelo menos a maioria, estão presentes no personagem central do romance: Raskólnikov, um jovem ex-estudante de São Petersburgo, «às portas de uma doença grave», com tendência para a misantropia («evitava toda e qualquer sociedade»), melancolia e hipocondria. Como acrescento à sua índole, este jovem que largara os estudos temporariamente por motivos financeiros, era um ser «cheio de amor-próprio». Este orgulho aumenta quando ele é informado pela sua mãe que Dúnetchka, a irmã, ficara noiva de um homem rico para que a família pudesse se reestabelecer da miséria. Esta notícia apenas se juntou às humilhações sociais que nos últimos tempos lhe escureciam o «cubículo» onde vivia só, longe da interacção social, fazendo com que a sua mente se ofuscasse com alucinações e delírios. O jovem, nesses dias sombrios, entusiasmava-se com o facto de «muitos homens geniais não se terem preocupado com o mal pontual e terem seguido em frente». Perseguindo a voz da sua consciência o jovem russo comete duplo homicídio, fazendo uso de um machado. Aos poucos, este acto de extrema violência o leva a ficar com remorsos, e por isso os dividendos do roubo que engendrara (em especial o dinheiro de que tanto precisava para seguir com os estudos, ajudar a família, etc.) são escondidos debaixo de uma pedra, numa praça da cidade russa.
Ao longo dos capítulos que se seguem à acção central do romance e até ao seu término, Dostoiévski faz o leitor reflectir sobre a questão: «É a doença que engendra o crime ou é o próprio crime que, pela sua natureza especial, é sempre acompanhado por uma espécie de doença?»
Crime e Castigo (em russo, Prestuplénie i Nakazánie) é uma obra intensa, dramática, construída por um enredo de onde sobressai a ideia de que o bem e o mal, crime e punição, são faces do mesmo dado. Alguns dos temas explorados pelo autor são aqueles que o obcecaram durante toda a vida, como por exemplo a destruição dos valores familiares. É um romance ‘sério’, escrito sem pitada de humor, o que sublinha com que seriedade se deve reter as mensagens sobre a condição humana que o autor nos brinda em Crime e Castigo. Como prós desta edição da Editorial Presença aponto uma exímia tradução pertencente a Nina Guerra e Filipe Guerra, e a inexistência de qualquer tipo de falha na revisão.


Excertos:

«Enganar-mo-nos é o único privilégio humano frente a todos os outros organismos! Quem erra, chega à verdade! Sou ser humano precisamente porque erro.» (p. 192)

«O principal é a nobreza do homem, o resto adquire-se com os talentos, os conhecimentos, a razão e o génio» (pp. 492-493)


22 comentários:

Joana Esteves disse...

Um dos livros que mais curiosidade tenho para ler!

André Silva disse...

Livro que me desperta curiosidade :) A ler em breve!

André Silva disse...

Livro que me desperta curiosidade :) A ler!

myyrvip disse...

Iniciei-me este ano com Dostoiévski. Quem sabe, será o meu próximo ;)

myyrvip disse...

Iniciei-me este ano com Dostoiévski. Quem sabe, não será o meu próximo? ;)

nuno chaves disse...

Hum... vou aproveitar o balanço de literatura russa e quem sabe ler Crime e Castigo (é imperdoável) nunca o ter lido.
De Dostievsky apenas Noites Brancas e o Idiota.
Actualmente a ler Tolstoi Anna Karenina e depois Guerra e Paz (Finalmente)

Unknown disse...

um livro a ler em breve

Maria João Freire disse...

Dostoiévski já me conseguiu surpreender de formas completamente antagónicas: desde à paixão por um livro devorado até à última linha ao ter que abandonar a leitura por não ter apreciado a história. Mas tal não faz esmorecer o fascínio por este ícone da literatura! Mea culpa ainda não ter lido Crime e Castigo, mas está na lista!!

Arnaldo Santos disse...

"Crime e Castigo", um grande livro de um enorme escritor, considerado um dos maiores romancistas da literatura russa. A não perder.
Já agora: todas as pessoas que cometem crime, deveriam ser castigadas, exemplarmente!

Unknown disse...

Não conhecia o livro mais parece interessante uma leitura que irei tentar realizar.

Espiral disse...

Adorei este livro =)

Pedro Ramos disse...

Brilhante obra marcada pela já clássica mão de Dostoievski. Imortal.

susemad disse...

Dostievsky é brilhante na construção desta obra intemporal!

Unknown disse...

Um clássico! Tenho de voltar a ler em breve.

Psicológicamente disse...

Iniciei-me este mês na leitura de Dostievsky, com o livro O duplo, e estou a adorar o mesmo.

Dostievsky é um autor brilhante.

professora.susanasimoes disse...

Excelente. Um livro a não perder.

Helena Isabel Bracieira disse...

Um clássico que me desperta imensa curiosidade. Deste autor ainda só li "O Idiota" e gostei. Espero que o venha a ler em breve.

Boas leituras! (:

Helena Granjo disse...

A ler em breve, felizmente herdei praticamente a bibliografia toda do Dostoievski do meu pai e já ando a pensar há muito em iniciar-me na sua leitura,acho que vou começar por este ;)

Unknown disse...

Um clássico, que ainda não tive oportunidade de ler, talvez num destes dias de Inverno o tire da estante!

isabel magalhaes disse...

Já li este livro há algum tempo e gostei muito...

Alexandra Igreja disse...

Um dos melhores clássicos russos....imperdível!

Patrícia Xará disse...

Gostava de ler este livro, mas comecei pelos Irmãos Karamazov e fiquei desiludida.