«Como posso ficar e partir, ficar e partir quando as
rochas choram sob o verde que as já não cobre; onde te encontro se o chão está
coberto de chuva e as mãos forradas de Inverno se calam dentro de tanto vento
fatigado.» (p. 16)
«Do alpendre contemplo este pedaço de terra regada a mar
e o horizonte que trouxe nos bolsos, colhido dentro de portas benévolas que se
abriram numa cidade longínqua, para poder, hoje, ter um lugar, o meu, aqui.
Inventei, forjei lugar para ter lugar; o lugar de pertencer, que não me foi
cedido sem apelo, sem esforço. Só que já não sei onde pertenço… Emigrei, e a
dor que choveu dentro de mim derramou-se em raízes líquidas.» (p. 46)
in Emigrei - chove música nas minhas mãos, de Maria João Saraiva
Sem comentários:
Enviar um comentário