sábado, 5 de abril de 2014

Júlio Pomar, Charles-Louis Philippe e Maurice Barrès, são os autores dos livros da Sistema Solar que em Abril chegam às livrarias


Notas Sobre Uma Arte Útil
Parte Escrita I
de Júlio Pomar

Introdução: Sara Antónia Matos
Organização: Pedro Faro
Edição: Março de 2014
 
Número de páginas: 328 

Júlio Pomar [Lisboa, 1926] vive e trabalha em Paris e Lisboa. Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e as Escolas de Belas-Artes de Lisboa e do Porto. No início da sua carreira, foi um dos animadores do movimento neo-realista, desenvolvendo uma larga intervenção crítica em jornais e revistas. Tem-se dedicado especialmente à pintura, mas realizou igualmente trabalhos de desenho, gravura, escultura e «assemblage», ilustração, cerâmica e vidro, tapeçaria, cenografia para teatro e decoração mural em azulejo. Foram-lhe atribuídos vários prémios. Além de diversos textos publicados em revistas e catálogos, sobre outros artistas e sobre a sua própria obra, Pomar é autor de livros de ensaios sobre pintura.
 
Da Cegueira dos Pintores
Parte escrita II
de Júlio Pomar

Tradução: Pedro Tamen
Introdução: Sara Antónia Matos
Organização: Pedro Faro

Edição: Abril de 2014 
Número de páginas: 134



Greco ou O Segredo de Toledo 
de Maurice Barrès 

Tradução e apresentação: Aníbal Fernandes 
Edição: Abril de 2014 
Número de páginas: 96 (com imagens a cores)


Hoje, Maurice Barrès [Charmes (Vosges), 1862 – Neuilly-sur-Seine, 1923] é largamente referido nas histórias da literatura francesa; é o autor de La Colinne Inspirée, o seu mais belo romance, o homem de Les Dérracinés, romance a várias vozes onde talvez possa ver-se anunciado o fascismo europeu de trinta anos mais tarde, ou deste Greco onde as descobertas de Toledo e do seu pintor se interpenetram sob um olhar crítico, e para fazer o que ele próprio reconheceu como narrativa de uma «ideologia apaixonada». Em 1902, durante a sua demorada peregrinação em Toledo, Barrès entusiasmava-se com o que era então o mais «difícil» pintor da Espanha; com o Greco que nesses anos de públicos muito pouco receptivos às brutais divergências do seu hábito, com olhares só educados pelas regras, hostilizava as suas alongadas e distorcidas proporções humanas; com esse pintor, visto como lúgubre e obscuro, quase resumido a verdes, azuis e amarelos, com carnes de cadáver e raros vermelhos que aos profanos lembravam sangue quente; com a sua arte, que ao querer retratar um povo dividido entre origens mouriscas e semíticas mas dominado pela fé cristã, reivindicava um espaço (dir-se-ia que impossível de encontrar) onde fosse reconhecível a síntese dos padrões do Renascimento e do Barroco, dos artificialismos maneiristas, mas também um frio despojamento não fatal à sua febre de sonho e revelação. O Greco de Barrès não é apenas o génio exterior às normas da pintura da sua época, mas a verdade fugidia da alma toledana. E quando nos enfrenta, esguio e «astigmático», pede para vermos como conferiu aos seus corpos a alma que deles constantemente se escapa. 
Aníbal Fernandes, «Apresentação»
 
 
Bubu de Montparnasse 
de Charles-Louis Philippe 

Tradução e apresentação: Aníbal Fernandes 
Edição: Abril de 2014 
Número de páginas: 144


A história contada em Bubu – que poderia ter-se limitado a prolongar outras histórias que em Zola ou nos Goncourt rondam os meios da prostituição – isolava-se por uma diferença. Fazia a sua denúncia com uma ambiguidade incómoda para muitos leitores dessa época, dir-se-á que escondia mal um elogio da força, que se afastava do bom exemplo moralizador e se decidia por um desfecho que dava vitória aos opressores. Philippe [Cérilly (Allier), 1874 – Paris, 1909] denunciava uma realidade parisiense do seu tempo apoiando-se em factos e em números, como se depreende de uma das suas cartas: «Continuo os meus estudos sobre a prostituição. […] E descubro coisas horríveis. Sífilis, alcoolismos, canalhice, são os fenómenos quotidianos de mais de cinquenta mil mulheres de Paris. […] Sinto sobretudo uma compaixão imensa por esta miséria.» De tudo isto o seu romance fez um retrato implacável mas com voz de homem seduzido pela força pessoal, incapaz de evitar uma vitória do «fortalhaço» Bubu. Que no mundo as coisas vão mal e os fortes vencem, é uma das afirmações que mais facilmente se extraem do seu texto. […] Em toda a sua obra literária Philippe inventa pouco e constrói levemente uma ficção que olha a sua própria vida ou o que bem perto dela andou. Os factos de Bubu de Montparnasse são quase todos reais. 
Aníbal Fernandes, «Apresentação»

Já houve muitos romances sobre a vida no seu baixo nível, sobre o vício e a degradação das grandes cidades. Romances de sentimentalismos, romances de sátira, romances de indignação, romances de reforma social, romances de luxúria. Bubu de Montparnasse consegue não ser nada disto e não pertence ao último caso, categoricamente. É certo que Philippe incomoda e demora-se, complacente, no que podemos sentir pelo mundo como ele é; mas não tem um remédio que lhe permita fazer uma argumentação. É ao mesmo tempo compadecido e desapaixonado; no seu livro não condenamos ninguém, nem sequer condenamos um «sistema social»; e ao lê-lo, até o mais virtuoso poderá sentir isto: pequei enormemente por pensamento, palavra e obra. 
T.S Eliot, «Prefácio»

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