Editora: Colares
Data de Publicação: 2007N.º de Páginas: 114 |
Além de escritor de peças de teatro Oscar Wilde dedicou muito do seu tempo a escrever histórias onde se cruzam figuras do imaginário infantil, como princesas, reis, fadas, anões, etc. Os três contos selecionados neste livro permite ao leitor redescobrir uma das facetas literárias mais originais e características do autor de De profundis.O primeiro conto, que dá título à obra, foi publicado em 1888 e tem como incipit: «Era o dia de aniversário da Infanta: completava doze anos, e o sol brilhava magnífico nos jardins do palácio. Embora ela fosse princesa real e infanta de Espanha, fazia anos apenas uma vez em doze meses, como os filhos dos pobres». A festa da aniversariante, órfã de mãe, é comemorada no jardim do palácio e, sendo um dia especial, o rei convidara todas as crianças pobres da cidade, e pagara a um anão que vivia na floresta, para animar as crianças, com os seus jogos e gestos engraçados. O anão, uma criatura de aspecto horripilante, «corcunda», «selvático», em vez de fazer rir a assistência infantil com os seus jogos, reparou que era dele próprio, da sua aparência, que elas gozavam. Ele só tinha consciência do seu eu interior, e portanto, a bondade que demonstrava para com os animais da floresta, a amizade que estabelecia com as aves, os lagartos, não era visível para quem o criticava, pelo seu aspecto exterior. Quando o anão recebe uma rosa branca da infanta, que embora achara graça às suas brincadeiras, também ficara fascinada com a sua figura, ele se enamora por ela. Somente quando o anão entra numa das salas espelhadas do palácio é que a sua verdade alvorece, horripilantemente. Em frente à sua própria imagem, o anão sente o desgosto a se lhe invadir pela alma. Será este o momento do despertar, para ele e para a infanta.Esta bela narrativa, que o autor de A Alma Humana escreveu para os seus dois filhos, faz-nos refletir sobre o que é a nossa percepção do belo. Temas habituais nos escritos do autor são facilmente encontrados em O Aniversário da Infanta: a discriminação física, intelectual e social, a vaidade, a arrogância, a paixão desmesurada, a generosidade, o egoísmo, a imortalidade, etc. Tal como era apanágio de Wilde, neste conto ele crítica a sociedade dos seus tempos.Ainda neste livro encontramos os contos O Foguete de Lágrimas e O Pescador e a Alma. Ambos são narrativas breves, simples e encantadoras.Citação:«O verdadeiro amor sofre em silêncio.» (p. 42) [O Foguete de Lágrimas]
1 comentário:
Li este livro há cerca de três meses, uma das sugestões de leitura da prof. de português do 5ºano da minha filha para um trabalho. Foi uma alegre surpresa.
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