A Assírio & Alvim é a editora que a 26 deste mês publica Bach, o mais recente livro de Pedro Eiras (n. 1975), autor versátil que tem nos últimos anos se dedicado a produzir obras de géneros literários como ensaio, teatro, poesia, conto e novela, que encontram-se catalogadas em diversas editoras portuguesas. Bach é o primeiro título do escritor de A Cura (Quidnovi, 2013) com o selo da chancela pertencente ao Grupo Porto Editora.
Bachde Pedro Eiras
Data publicação: 26/09/2014Páginas: 160Editora: Assírio & Alvim
SinopseEste é um livro sobre Bach, assente em catorze tentativas de aproximação à sua música. Uma carta de Anna Magdalena, uma cena de montagem de um filme, as conversas de técnicos de som em Nova Iorque, os pensamentos de Etty a caminho do campo de concentração, o silêncio. Intérpretes, biógrafos, romancistas, ouvintes - regra geral, nunca se encontraram e apenas a presença da música, em séculos diferentes, os aproxima, e a eles de nós. Mas qual música, qual linguagem, beleza, angústia e desespero, se ela é a pesquisa para o intérprete, pretexto para o guerreiro, última companhia para aqueles que vão morrer?
Excertos
«Leio estas páginas, sites, fac-similes com os meus olhos extemporâneos; leio, interrogo, comparo, trezentos anos depois. Ignoro tanto sobre estes nomes; mas sei o que eles não souberam: que o mundo deles acabou, tudo quanto parecia eterno se revelou perecível, a ordem da sociedade e das nações mudou mil vezes, o que era proibido tornou-se corrente e necessário escusado, crime e inocência confundiram-se, mas nessa violenta desordem das coisas — a que devagar fomos habituando, quase inconscientemente, no ciclo das gerações — música do Kantor, irascível, enveljhecido e fora de moda, sobreviveu.»
«Os apartamentos parecem maiores, agora. Os cravos, a espineta, o alaúde já não estão connosco, nem os violinos e as violas da gamba: o meu falecido esposo ofereceu três instrumentos de tecla a Johann Christian, que os levou; quanto aos restantes instrumentos, foram partilhados pelos irmãos, logo depois de se lavrar o inventário. Um dia vieram dois homens buscar a espineta, e na parede onde ela esteve encostada tantos anos ficou uma sombra mais clara, por o sol nunca bater ali, e um risco de tinta vermelha, raspada na parede. Sigo o risco vermelho com os dedos, esforço-me por me lembrar do som.»
Outras novidades do mês lançadas pela mesma editora:
A Palavra Imediata — Livro de Horas IV, de Maria Gabriela Llansol
Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa (nova edição)Longe de Veracruz, de Enrique Vila-Matas
Sem comentários:
Enviar um comentário