domingo, 14 de setembro de 2014

«Gabinete de Curiosidades», de Douglas Preston e Lincoln Child

Editora: Arcádia
Ano de Publicação: 2010
N.º de Páginas: 500

«Nada criado a partir de tanto sofrimento pode ser autorizado a existir», lê-se na penúltima página deste romance, lançado pela Ulisseia em 2007 e três anos depois por outra chancela do Grupo Babel, a Arcádia. The Cabinet of Curiosities, traduzido para a língua de Camões por Mário Dias Correia, é um dos dezassete livros que os autores americanos têm publicados em Portugal, à data. A expressão «gabinete de curiosidades» não foi criada pelo duo de escritores; o termo designa os lugares, que a partir do Renascimento e até ao século XIX, onde se coleccionavam uma multiplicidade de objectos raros, estranhos, ou simplesmente onde se depositava os achados arqueológicos procedentes de diversas explorações. Os gabinetes de curiosidades eram nessa época o que na era moderna se chama de museus.
Assim que começa-se a ler o primeiro capítulo do livro ficamos logo rendidos. No início do século XXI, são encontrados os restos mortais de trinta e seis pessoas num estaleiro de construção em Manhattan, presumivelmente o lugar onde há mais de cem anos um excêntrico doutor, Enoch Leng, levava a cabo as suas depravadas experiências ao dissecar corpos de seres humanos que raptava. O seu trabalho macabro, que incluía retirar parte do sistema nervoso central das vítimas para preparar um elixir… acontecia no seu cubículo alugado, no piso superior de um gabinete de curiosidades. Pendergast, um agente especial do FBI, que esconde segredos sobre os seus antepassados, pede auxílio a Nora Kelly, a arqueóloga do Museu de História Natural de Nova Iorque, para tomar conta da ocorrência, que pusera os habitantes nova iorquinos incrédulos. Afinal, um século depois era descoberto um dos maiores assassínios em série da história dos Estados Unidos. Dias depois, uma carta é encontrada nos arquivos do ‘American Museum of Natural History’ que poderá ajudar a explicar o lúgubre ossário descoberto na cidade, ao mesmo tempo que três pessoas são assassinadas com o mesmo modus operandi que Leng utilizara na altura. Collopy, Fairhaven e Smithback são outros nomes de personagens que Preston e Child juntaram à acção para a derradeira caça ao serial killer.
Este par de escritores de best-sellers é especializado em thrillers de ritmo rápido com um elemento de fantasia ou sobrenatural. Com Gabinete de Curiosidades os autores mantêm o mesmo método e não desiludem. Douglas Preston (autor de O Codex Maia) trabalhou no museu que no romance é o epicentro de onde toda a acção gira, o que se revela muito útil para a formulação e precisão de elementos históricos verídicos. A história apresenta personagens muito bem conseguidas, que revelam oscilações entre o que dizem e o que sentem, o que para o leitor é um desafio, pois terá que esperar até ao epílogo para montar todas as peças do puzzle, bem organizado pelos autores de A Dança da Morte e O Livro dos Mortos — dois dos nove romances de Lincoln Child e Douglas Preston publicados pela Ulisseia e Arcádia (Babel).
Gabinete de Curiosidades além de um rol de personagens cativantes tem tudo o que um excelente thriller precisa: muita acção, suspense, voltas e reviravoltas inesperadas e momentos de pura adrenalina que se estendem até a um clímax imprevisível.


1 comentário:

Angelina Violante disse...

Eu adoro os livros do Douglas Preston, mas confesso que ainda não li nenhum livro dele escrito em parceira com o Lincoln Child, embora tenha imensa vontade.