terça-feira, 3 de novembro de 2015

«Lugar de um Deus que me livre», o novo romance de Manuel Andrade

Lugar de Um Deus que me Livre, de Manuel Andrade

Data publicação (2.ª edição): Outubro 2015 | Páginas: 124 | Editora: Idioteque
Sinopse
Este novo romance de Manuel Andrade, autor do grande sucesso Três bichos te esperam, quatro te comerão, é uma emersão no universo de um hospital psiquiátrico, o Conde de Ferreira, onde o autor esteve a trabalhar a obra durante quatro meses.
Um livro arrebatador, onde loucura e realidade se misturam, numa escrita inebriante que permite olhar por dentro o mundo denso da esquizofrenia e de novo afirma este escritor como um grande da língua portuguesa.

Excertos
«Sabes porque é o muro do hospital do Conde de Ferreira tão alto?, perguntava-me um louco numa esquina, um rosto muito esguio e lânguido de trapo humano, como se me conhecesse de algum lado, como se eu também morasse do lado de lá da existência, como se eu fosse mais um deles, alguém que os acompanhasse naquela deriva desatinada a que a mente os condenara.
Roçava as costas contra o granito da parede e tinha uma beata apagada que lhe dançava no lábio inferior enquanto falava,
coçando a micose dentro dos bolsos das calças: É para que os loucos não saltem... cá para dentro!»

«Estava ali um microcosmos do mundo, pensava eu, um
pequeno universo idílico e representativo de um todo bem maior.
E sentia-me ali em paz, observando. Ao longe ecoavam os acordes desafinados da viola do cego Moisés, repetitiva e monocórdica, intercalados com uns aieees arrastados e continuados, que provinham da enfermaria dos acamados.»

Impressões
«Como nos arranca, a nós seres humanos, para fora de si próprios, tão desnudados, tão sem artificios, sem defesas.»
Fátima Campos Ferreira, RTP

«O Manuel Andrade escreve como se tivesse vivido várias vidas, em idades com sonhos diferentes. E pesadelos. Pega no bisturi das emoções e pesquisa estórias no mais fundo de nós, que é pela alma adentro que viaja mais vezes.»
Carlos Daniel, RTP

«Dos muros altos da demência, daqui "do alto castelo que é a phantasia..." saltando pelos murais da loucura, sem moralizar.»
Rui Reininho

«Um estilo envolvente e sem freio que mantém até às derradeiras páginas.»
Sérgio Almeida, Jornal de Notícias

1 comentário:

Arnaldo Santos disse...

Um excelente livro, de um grande autor. É um livro onde o autor quis humanizar a imagem do doente mental e livrá-la de muitos dos errados anátemas que, ainda actual e tristemente, prevalecem.
É um livro que vivamente recomendo a ser comprado e lido, tal o realismo e qualidade que tem.