Editora: HarperCollins Ibérica
Data de publicação: 01/02/2017 N.º de páginas: 272 |
«O meu querido amigo Sherlock Holmes disse, uma vez: “A arte, no sangue, pode adotar a mais diversas formas.”» Assim tem início esta nova aventura da dupla detectivesca criada por Arthur Conan Doyle. Neste romance de estreia da argumentista Bonnie Macbird (n. 1951), a trama ambienta-se em 1888, na Londres ainda em choque com os macabros assassinatos em série de Jack, o Estripador. É nesta neblina que assola a cidade londrina que o leitor encontra Sherlock Homes, num estado anímico depressivo, a definhar no seu vício da cocaína. Quem nos narra esta trama, inevitavelmente, é o Dr. John H. Watson, o fiel companheiro de Holmes de há sete anos (conheceram-se em 1881).Uma carta enigmática escrita por Emmeline “Chérie” La Victoire, uma cantora parisiense de sucesso, é endereçada a Sherlock. Nela, ela diz ter sido ameaçada por um homem: «Esquece o assunto ou alguém morrerá». A sedutora mademoiselle suplica ao famoso detective de 34 anos a ajudá-la a encontrar Emil, o seu filho de dez anos a quem só vê uma vez por ano, que desapareceu misteriosamente. O pai da criança, com quem esta vive, um dos nobres mais ricos de Inglaterra, não mantém contacto com a ex-amante. O único intermediário entre Emmeline e o conde é Pomery, o seu assistente de câmara, mas ele é encontrado morto dias depois da dupla chegar a Paris para se encarregarem de resolver o caso.Após algumas averiguações, o conde é tido como principal suspeito do desaparecimento do filho, mas também, por ser um dos maiores coleccionadores de arte do mundo, do furto de uma milenar estátua do Museu do Louvre.O que podem ter em comum esses dois desaparecimentos e o assassinato de dois outros homicídios, das duas únicas pessoas que protegiam Emil de uma desgraça iminente com efeitos psicológicos na criança para toda a vida? Graças ao seu método lógico-dedutivo, Sherlock, «a máquina fria e racional», conseguirá solucionar estes mistérios?Arte no Sangue, traduzido de Art in the Blood (2015) por Fátima Tomás da Silva (a revisão do texto é falha em alguns casos), através de capítulo breves e suspense em crescendo, retrata fielmente lugares e pessoas reais dos finais do século XIX, revelando um trabalho de pesquisa bem conseguido. Tal como outros escritores fizeram recentemente, ao darem uma nova vida a protagonistas famosos do mundo do crime (é o caso de Sophie Hannah que fez ressurgir Poirot), Bonnie MacBird apresenta um romance bem ao estilo tradicional de Conan Doyle.Nem tudo é o que aparenta, é o frase-chave deste romance de estreia, que infelizmente, nesta edição portuguesa não contém ilustrações da própria autora. Bonnie MacBird verá publicado a (sua) segunda aventura de Sherlock Homes, cujo título original é Unquiet Spirits: Whisky, Ghosts, Murder, em Julho deste ano. Esperemos pela sua tradução portuguesa.Excerto«Sempre disse que a vida com Holmes é um pouco como caminhar sobre uma ponte suspensa, preso com cordas sobre um abismo coberto de árvores. Talvez a adrenalina seja estimulante, mas as pessoas nunca sabem o que há por baixo e correm sempre o risco de cair.» (p. 102)
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