Chegaram recentemente às livrarias novos títulos (incluindo algumas reedições) de literatura estrangeira com o cunho da Nova Vega.
Contos de Amor
de Hermann Hesse
Tradução de Maria Adélia Silva Melo
Colectânea das mais belas histórias de amor escritas por Hermann Hesse em várias fazes da sua vida, algumas delas com fundo autobiográfico do próprio autor. O volume foi organizado cronologicamente de forma a que o leitor acompanhe a evolução dos sentimentos em diferentes idades. Começa no encantamento idealístico da juventude, passa pela união e compromisso, representados pelo casamento, e aborda outras formas de explanar o afecto maior, quer a um nível platónico quer ao abrigo do amor abnegado do próximo, sem parceiro definido. A intemporalidade dos contos, a atmosfera e ambiente retratados, a clareza de cada enredo, a profundidade e o rigor na observação psicológica e a elegância da escrita, fazem desta obra um marco da moderna literatura alemã. Segundo Thomas Mann, a obra de Hesse «eleva o familiar a um novo nível espiritual, que pode ser denominado de revolucionário, não em termos políticos e sociais, mas num sentido psicológico e poético; é verdadeira e autenticamente aberta e sensível ao futuro.»
«O dia Julho meridional caiu resplandecente, as montanhas nadavam em fantasmagorias de Verão com cumes rosados, nos campos crescia abafada a vegetação rasteira, o milho gordo e alto erguia-se pujante, muitas searas já tinham sido ceifadas, no barulho da poeira tépida e farinhenta da estrada corriam, doces e maduros, vindos dos campos e dos jardins, muitos aromas de flores. No verde espesso a terra ainda guardava o calor do dia, as aldeias irradiavam dos frontões dourados um reflexo quente para a escuridão que tombava.» Primeiro parágrafo do conto O que o poeta viu à noite.
Um Quarto que Seja Seu
de Virginia Woolf
Tradução de Maria Emília Ferros Moura
«Uma mulher tem de dispor de dinheiro e de um cantinho seu, para poder escrever ficção – Virginia Woolf». Um Quarto Que Seja Seu nasceu de duas dissertações subordinadas à temática «A Mulher e a Ficção», proferidas pela autora nas universidades femininas de Newnham e Girton, em Cambridge. Nelas Woolf reflecte sobre os efeitos que as condições de vida das mulheres têm sobre o que escrevem — a sua sujeição intelectual. Contudo, esta obra, plena de subtileza e espírito, é muito mais do que um ensaio sobre as mulheres e a ficção; trata-se de uma construção arquitectónica de ideias de todo o género, habilidosamente dispostas como ilustração do tema central.
«Virginia Woolf mergulha numa visão negra, duma época fascista, totalmente masculina. Mas apressa-se a acrescentar que a "culpa" é de um e de outro sexo. Dozendo que Shakespeare é andrógino porque o génio é andrógino, Virginia Woolf volta a sublinhar que, pelo menos no que respeita a sexo, não existe literatura da boa, da autêntica, e que seja simultaneamente contestatária ou panfletária. (...) Virginia Woolf conseguiu evitar os alienantes sentimentos de ódio e medo, conseguiu o seu ideal de escrita íntegra sem contestações. Mas o preço foi o desespero, a morte.» Maria Isabel Barreno, in prefácio
A Voz do Silêncio
de Helena Blavatsky
Tradução de Fernando Pessoa
(…) As páginas seguintes são extraídas do Livro dos Preceitos Áureos, uma das obras lidas pelos estudiosos do misticismo no Oriente. (…) O Livro dos Preceitos Áureos (…) contém noventa pequenos tratados distintos. Destes aprendi de cor (…) trinta e nove. Para traduzir os outros, teria de me referir a apontamentos dispersos entre um número de papéis e notas, representando um estudo de 20 anos e nunca postos em ordem, demasiado grande para que a tarefa fosse fácil. Nem poderiam eles ser, todos, traduzidos e dados a um mundo por demais egoísta e atado aos objectos dos sentidos, para que pudesse estar preparado a receber, com a devida atitude de espírito, uma moral tão elevada. Porque, a não ser que um homem se entregue perseverantemente ao culto do conhecimento de si próprio, nunca poderá de bom grado dar ouvidos a conselhos desta natureza. (…) Nesta tradução esforcei-me por conservar a beleza poética da expressão e das imagens, que caracteriza o original. Compete ao leitor avaliar até que ponto o consegui. (Da tradução inglesa - Helena Blavatsky)
Tao Te Ching
de Lao Zi
Tradução de António Graça de Abreu
O Tao Te Ching será, depois da Bíblia, o texto mais traduzido em todo o mundo. É uma afirmação que há muitos anos corre meio planeta. Porquê? O que levará qualquer simples, obtuso ou rebuscado cidadão da Terra a interessar-se pela obra de Lao Zi, a tentar caminhar por dentro dos oitentas e um capítulos do Tao Te Ching, em busca de todos os encantamentos e magias? Exactamente isso, o deslumbramento por dentro das palavras, a serenidade complexa, os conceitos e imagens a fluir por entendimentos capazes de tudo abarcar, e que são sempre parcelares e limitados. Os capítulos do Tao Te Ching formam um todo, um desafio constante à inteligência e sensibilidade de cada um, uma proposta para caminharmos por vias nunca e sempre percorridas. Constituirão uma companhia sagaz e exaltante para nos desdobrarmos, nos perdermos e nos reencontrarmos, no inefável, antigo e eternamente novo da, três vezes milenar, sabedoria chinesa.
O Esoterismo de Dante Seguido de São Bernardo, de René GuénonA Pedra e a Nuvem, de Raul BrandãoSob o Signo de um Deus Menor, de Assírio BacelarA Maçonaria Portuguesa e a Grande Guerra (1914-1918), de António VenturaConfluências - Estudos de literatura Portuguesa, de Manuel Simões
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