Ricardo Mellado põe homens a tricotar contra os estereótipos. Diogo Faro criou Não É Normal, um movimento anti-machista. Tiago Rolino promove a igualdade de género. Ângelo Fernandes fundou um porto de abrigo para vítimas masculinas de violência sexual. Flávio Gonçalves e Jonathan Israel abriram um espaço de discussão entre homens sobre o papel que têm na sociedade.Os Homens Também Choram, com o cunho da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), relata histórias de homens cansados do velho guião da masculinidade tradicional, ao qual, hoje, opõem formas mais diversas e inclusivas. Pretende apresentar a realidade de homens que também são vítimas desta estereotipagem «tóxica». Convocá-los para a luta pela igualdade e o combate à violência de género. E circunstanciar e apelar de modo contundente à revolução da masculinidade, porventura a mais importante do século XXI.Elogios de quem já leu
«Um livro diferente: da autoria de um jornalista credenciado, abordando um tema pertinente — a igualdade de género e a violência no feminino — bem estruturado e fundamentado, escrito de modo atractivo e desafiador. Um testemunho de humanidade e justiça.» Luís Marques Mendes, advogado, político, comentador «"Ser homem” ou “comportar-se como um homem” sempre foi uma fonte de ansiedade silenciosa por temer não estar à altura do estereótipo: trazer dinheiro para casa, arranjar um problema elétrico, defender a família da violência externa. São um conjunto de competências exigentes. O ideal masculino de há poucas décadas cabe inteirinho dentro da atual noção de “masculinidade tóxica”. Os homens, como é seu timbre, preferem não discutir que há que repensar a masculinidade e a sensação de ameaça que sentem pelo empoderamento feminino. Há que começar por repensar essa “ameaça”. Luís Pedro Nunes, cronista
Excerto
«Ângelo Fernandes tinha 10 anos quando foi abusado sexualmente durante meses por um amigo da família. «Era alguém próximo e que cultivava uma posição de confiança e de referência na comunidade, o que é habitual nos casos de violência sexual contra crianças», conta-me. Foi manipulado ao ponto de interiorizar que era ele o culpado por aqueles abusos, que tinha seduzido um homem de 35 anos. Sentiu nojo de si próprio e, como tantos homens que passaram pelo mesmo, cresceu sem contar a ninguém o que lhe aconteceu. Aos olhos de quem o rodeava, era como se o abuso nunca tivesse acontecido.»
Nelson Marques nasceu em Espinho, em 1979. Escreve no Expresso. Esteve no Público, colaborou com a SIC e com a RTP, e publicou em diversos jornais estrangeiros, do britânico The Guardian ao espanhol El Mundo. É autor dos livros Filhos da Quimio, também editado pela FFMS, e de Chefs sem Reservas (Clube do Autor). Os Homens Também Choram é a sua terceira obra.
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