O Quinto Filho, livro da escritora inglesa galardoada em Outubro de 2007 com o Prémio Nobel da Literatura, é publicado pela Bertrand Editora a 18 de Abril, numa tradução assinada por Cristina Rodriguez. Referir que este romance está, há pelo menos três decádas, esgotado no nosso país.
Romance curto, mas poderoso, escrito sem capítulos ou pausas, é uma das obras mais inquietantes de Doris Lessing, explorando, de forma crua e incisiva, as questões ligadas à maternidade, e revelando que esta é, de facto, um conjunto de escolhas muitas vezes impossíveis de conciliar.
Doris Lessing, falecida em 2013, aos 94 anos é considerada uma das mais importantes escritoras do século XX. Por altura da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Doris Lessing, a Academia Sueca descreveu-a como uma «contadora épica da experiência feminina, que, com ceticismo, ardor e uma força visionária, submeteu uma civilização dividida ao escrutínio».
Em Portugal, os seus livros já foram editados pela Europa-América, Livros do Brasil, Editorial Presença e, mais recentemente, pela Bertrand Editora, que publicou em 2016 Uma Velha e o Seu Gato e a história de dois cães.Elogios
«A escrita de Doris Lessing é muito forte, ousada, está sempre à frente do seu tempo, e ao mesmo tempo de grande sensibilidade.» Maria Teresa Horta
«Doris Lessing nunca se travestiu na sua escrita, nunca rejeitou a sua condição de mulher na observação da realidade.» Lídia Jorge
«Doris Lessing era um modelo para todos os escritores que vêm de um meio distante, demonstrando – como fazia questão de assinalar – que podemos não ser ninguém, mas, com talento, coragem, perseverança nos momentos mais difíceis, e um pouco de sorte, podemos chegar aos lugares mais importantes.» Margaret Atwood
Texto sinóptico
«Ao ouvirem os risos, as vozes, as conversas, os sons das crianças a brincar, Harriet e David, no seu quarto, ou talvez descendo as escadas, procuravam a mão um do outro, sorriam e respiravam felicidade…»
Quatro crianças, uma distinta casa vitoriana, o amor da família e a admiração dos amigos. Na desinibida sociedade inglesa do fim dos anos 60, a vida de Harriet e de David Lovatt, um casal de classe média alta, é uma ode gloriosa à felicidade doméstica e aos valores familiares ditos tradicionais. Mas quando nasce Ben, o seu quinto filho, parece nascer também uma sombra perversa e implacável, que se abate sobre este núcleo imaculado.
No início da gravidez, o bebé move-se no ventre de Harriet antes do tempo e de forma impetuosa. Sentindo o filho dentro de si como se estivesse ele próprio «fervilhando de excitação», Harriet experiencia um parto extremamente violento, acompanhado por dores mais intensas do que de qualquer das vezes anteriores. Vigoroso, excecionalmente desenvolvido, agressivo, esfomeado, bestial, Ben exibe um triunfo frio, os olhos brilhantes de prazer intenso. Que ser é este?
Ao prover o cuidado materno ao recém-nascido, e frente a uma treva e a um desafio estranho que nunca havia conhecido, Harriet sente um medo profundo da criança a que acabou de dar a vida e que ao crescer vai destruindo pouco a pouco a família que o gerou.
Com um estilo incisivo de escrita, que suscita a leitura compulsiva e inquebrantável de cada frase até à última palavra, O Quinto Filho é uma obra que podemos considerar como um clássico, um romance no qual a língua do amor maternal - o mais puro, o mais absoluto - é descrita de peito aberto e à luz da condição de que a maternidade é, de facto, um conjunto de escolhas impossíveis, por vezes irreconciliáveis com todas as escolhas que a precedem e sucedem.
Outros livros da autora
A Fenda; Um Homem e Duas Mulheres; O Sonho Mais Doce; Gatos e Mais Gatos.
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