De José Tolentino Mendonça, poeta, professor e Cardeal, a Assírio & Alvim publica um novo livro de poesia. Em O Centro da Terra, o autor nascido em Machico, na ilha da Madeira, procura capturar o informe irrecuperável da infância, o tempo transitório do presente que sempre se adianta para fazer nascer ou morrer uma história, uma flor, desabitar uma casa até à ruína ou fazer esquecer um nome. Mas puxando para si todos os fios do poema está a figura terrivelmente bela da mãe, centro geodésico do inteligível, o umbigo do mundo.
O OUVIDO NA PEDRA
Ainda não colocámos o ouvido na pedra
ainda não começámos a escavar uma abertura
como uma árvore bem talhada
ainda não avançámos uma polegada
nas entranhas da terra
na sua duração sem precedentes
considerando-nos uma parte
deste jogo de passagens
Ainda não colocámos o ouvido na pedra
ainda não começámos a escavar uma abertura
como uma árvore bem talhada
ainda não avançámos uma polegada
nas entranhas da terra
na sua duração sem precedentes
considerando-nos uma parte
deste jogo de passagens
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