domingo, 1 de junho de 2025

«O Silêncio dos Livros», de George Steiner

Editora: Gradiva
Data de publicação 3.ª edição: 28-01-2025
N.º de páginas: 80

A História tem refletido o destino da leitura e da cultura escrita num mundo em transformação. Mostra como regimes totalitários, sejam seculares ou teocráticos, buscaram controlar ou eliminar os livros por reconhecerem neles uma força subversiva. A transição de sociedades livres para sistemas dogmáticos evidencia como o pensamento crítico sempre foi alvo de censura. Exemplos como a queima de livros na Alemanha nazista ou as restrições impostas por regimes religiosos remetem a uma era medieval em que a Igreja dominava o saber e inibia a autonomia intelectual. 
Este livro colige dois curtos ensaios que abordam a censura e a repressão do conhecimento. Em O Silêncio dos Livros, uma das mais sábias vozes do nosso tempo, George Steiner, versa sobre como o silenciamento da Literatura pode afetar a sociedade. Publicado em 2006, este texto (traduzido por Margarida Sérvulo Correia a partir de Le Silence des Livres suivi de Ce vice encore Impuni) mantém uma atemporalidade inequívoca, nomeadamente em relação a ações de censura de regimes totalitários vigentes no mundo, que visam silenciar vozes dissidentes, através de uma série de políticas que restringem o acesso a conteúdos que professam ideias de progresso; um deles é a proibição de livros em escolas, muitos abordando temáticas como raça e identidade de género. «A censura é tão velha e omnipresente como a escrita. (...) Participou em todas as tiranias», relembra o autor francês.Através de exemplos de obras que mudaram a maneira como o leitor vê o mundo, desde a Antiguidade até aos dias de hoje, o ex-professor nas Universidades de Oxford e de Harvard mostra ao leitor como os livros moldaram a Humanidade.
No prefácio desta nova edição, com o selo da Gradiva, o filósofo e professor universitário Onésimo Teotónio Almeida escreve que «Somos amantes, alguns mesmo devoradores, de livros e deles não abdicamos». Esperemos que esse vício [da leitura] não volte a ser suprimido. 
No segundo texto do livro, o jornalista Michel Crépu, corrobora com Steiner e diz-nos que nestes tempos conturbados, o silêncio passou a ser um luxo: «O que nos falta é paciência e silêncio; o que nos falta é pura e simplesmente tempo (...).»
Ambos estes ensaios funcionam como metáforas para a luta contra a repressão cultural e a importância da preservação da diversidade de pensamento em tempos de cerceamento. Narrado com erudição e envolvência, este é um livro que faz refletir sobre a maior ferramenta da liberdade alguma vez dada ao ser humano: o Livro.
Excertos 
«A invenção de Gutenberg deixou a Igreja católica muito apreensiva. A censura (...) e a destruição física dos livros atravessam (...) toda a história do catolicismo romano.» George Steiner 

«A experiência da solidão (...), dessa tão estranha e doce tristeza que se esconde no fundo de cada livro como uma luz feita de sombras, essa experiência fundamental que é, afinal, a iniciação ao mundo e à finitude (...)» Michel Crépu

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