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Pedro Abrunhosa em estado CRÓNICO
Esta semana aprendi o quanto é fácil
contentar o Tuga: uma queda em directo e temos o país a reluzir de
felicidade, a estrebuchar de contentamento, a esquecer a crise, o
défice, o orçamento e, sobretudo, a pequenez que, somada, leva
confrangedoramente a este estado alarve ao qual nos fomos placidamente
acomodando. Ao ter caído no programa da SIC, ÍDOLOS, levei a casa de
cada um de nós um pouco de esperança, de luz, da ambição há muito
perdida. Ainda coçando a careca que embateu no chão,
e sob os holofotes cáusticos do povo de gengivas abertas, já eu me
apercebia de que a miséria humana dos outros leva cada qual a sentir-se
maior e mais poderoso ainda que por breves instantes. Valha-nos a net, o
Youtube, o Facebook e afins.
«Crónico» reúne as crónicas que Pedro Abrunhosa vem publicando regularmente em algumas revistas de referência, desde 2009.
Os portugueses não se
riem de si mesmos e Pedro Abrunhosa corta com esta velha tradição. Em
textos de uma lucidez cortante, desmonta alguns dos tiques dos
portugueses expondo toda a nossa risibilidade,
«Nada é para levar a sério. Muito menos nós próprios», escreve. É essa
atitude que marca a abertura deste volume com um texto inédito sobre o
famoso trambolhão na gala dos Ídolos que animou os portugueses sedentos pela desgraça dos conterrâneos de sucesso.
Quem conhece e gosta
da música de Pedro Abrunhosa, vai encontrar nestas crónicas a mesma
exactidão de linguagem com que construiu retratos musicais da nossa
sociedade como «Balada para Gisberta»,
«Novos-pobres» ou “Eu sou o poder».
Temas como a
corrupção, os SMSs de Natal, a vontade de ser famoso ou os ginásios que
se converteram em discotecas diurnas, são algumas das realidades
ampliadas pelo olhar de um dos mais sagazes artistas
portugueses.
Este é um livro sobre uma crónica forma de ser português.
Fundador da Escola de Jazz do Porto, em 1994
Pedro Abrunhosa, com os 'Bandemónio’, edita o primeiro álbum (“Viagens”)
e atinge a tripla platina, com 240 mil exemplares vendidos. Seguem-se
Tempo (1996), Silêncio (1999), Momento (2002), Luz
(2007) e Longe (2011), com os Comité Caviar. Lança ainda diversos
álbuns ao vivo. Faz mais de 3000 espectáculos espalhados por 20 países e
partilha o palco e os discos com os maiores vultos da música
internacional; de Nelly Furtado a Maria Bethânia, de Maceo
Parker a Caetano Veloso. Realiza conferências, aulas, debates, colabora
e escreve para músicos de vários géneros e biografias. Pelo caminho
cria os Boom Studios e uma editora homónima que se especializa no rock
dos novíssimos grupos e/ou autores que escrevam
em português. Aqui, e à imagem do que faz com os seus discos, assume-se
como produtor. Está actualmente a escrever o seu sétimo disco de
originais.
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