«Guia Prático para Vencer a Ansiedade», de Diogo Telles Correia e José de Almeida Brites

Editora: Bertrand

Data de publicação: 28-02-2020
N.º de páginas: 240

Portugal é o quinto país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que mais consome ansiolíticos. A nível europeu, é o país que tem, há já vários anos, uma mais elevadas taxas de consumo de calmantes.

Dados respeitantes ao primeiro trimestre deste ano, revelam que houve um aumento do consumo destes fármacos pelos portugueses. Desde o mês de Março e até ao presente, a venda de benzodiazepinas poderá ter sido potenciada ainda mais, visto que quase metade dos portugueses passou por momentos ansiogénicos desde que a COVID-19 chegou a Portugal (no dia 2 de Março).

Alguns dias antes da pandemia ter chegado ao nosso país, foi publicado Guia Prático para Vencer a Ansiedade, um livro escrito por um psiquiatra e um psicólogo portugueses.

De forma prática e objectiva, numa linguagem isenta de jargões, neste livro os autores informam, elucidam e desmistificam todos os temas associados à ansiedade. O que é, como se manifesta e que tratamentos existem para lidar com a ansiedade? Logo nas primeiras páginas, as respostas a estas dúvidas de um leitor leigo na matéria, são esclarecidas.

Um dos capítulos é inteiramente dedicado a um tipo de ansiedade que manifesta-se de forma mais permanente: a ansiedade generalizada, uma das perturbações mentais que mais afecta os portugueses. Para exemplificar de que modo esta ansiedade, que pode despoletar-se a qualquer momento, sem aviso prévio, e assim, realçando de que forma pode limitar muito a vida pessoal, social e profissional de uma pessoa, os autores apresentam três histórias de pacientes seus que lidaram com este tipo de ansiedade.

Que diferença existe entre a agorafobia e a fobia social? Que fazer quando os pensamentos tornam-se obsessões? As crises de pânico são controláveis? A hipocondria é um transtorno de ansiedade? Nos capítulos 5, 6, 7 e 8, respectivamente, os autores elucidam estas questões.

Porque o público-alvo deste livro não é só quem sofre de ansiedade, mas também os familiares e amigos dos mesmos, ao folhear as últimas páginas da obra, podem ser encontradas dicas úteis de como é possível ajudar a amenizar o sofrimento da pessoa que nos é querida.

Ao longo das páginas de Guia Prático para Vencer a Ansiedade, Diogo Telles Correia e José de Almeida Brites apresentam também exercícios envolvendo a respiração e meditação, entre outros, que visam derrubar pensamentos negativos (que geram emoções e comportamentos também negativos) e evitar preocupações que provocam stresse, mal-estar, doença.

Referir que todo o conteúdo deste guia baseia-se no modelo da psicoterapia cognitivo-comportamental, que segundo a ciência, é a mais eficaz no tratamento da ansiedade.

Embora esteja organizado e apresentado de forma prática e visualmente atraente, com esquemas, diagramas, grelhas e tabelas, alguns destes elementos, tal como algumas das ideias e reflexões vindas no livro, tornam-se repetitivas e, assim, dispensáveis. É um livro com o cunho de dois especialistas reputados no que se refere a saúde mental, mas pensado para alcançar um grande público, o que não tira mérito ao mesmo, mas faz com que este seja um livro para principiantes, para leitores que têm pouca informação sobre o tema em qual gira todo o livro. Para quem ainda não leu nenhum dos quatro livros anteriores (menos técnicos) de Diogo Telles Correia, Guia Prático para Vencer a Ansiedade é certamente recomendado.

Outro aspecto a apontar tem que ver com as “vozes”. O livro, embora tenha sido escrito a quatro mãos, podia ter, em passagens muito específicas, apenas uma assinatura, uma “voz”.

Excertos

«Quando deixamos de lutar contra aquilo que a vida é e contra o que as pessoas fazem, aumentamos o nosso nível de aceitação, a vida torna-se mais serena e adquirimos uma nova leveza no modo como encaramos o dia-a-dia.»

«(…) a ideia de que os produtos naturais não apresentam interações com outros medicamentos e podem ser tomados por qualquer pessoa (mesmo em casos de diabetes, doença cardíaca, problemas renais ou do fígado…) é errada.»

«Os nossos comportamentos e as nossas emoções dependem da nossa equação de vida: aquilo que queremos ser ÷ aquilo que podemos ser = aquilo que somos.»

Fontes: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.