Raul Brandão (1867-1930) fez carreira militar, foi jornalista e escritor de uma extensa obra literária. Reformado do posto de capitão, em 1912, Brandão inicia a fase mais fecunda da sua produção literária, escrevendo livros, como Húmus, a sua obra-prima.
Em 1924, Raul Brandão visitou os arquipélagos dos Açores e da Madeira, no âmbito das visitas dos intelectuais então organizadas sob a égide dos Autonomistas. Dessa viagem resultou a publicação (em 1926) de As ilhas desconhecidas, considerado um dos melhores livros de viagens de todos os tempos na literatura portuguesa.
Este livro, que contém também várias fotografias das nove ilhas açorianas, captadas nessa expedição, está inserido no Plano Nacional e Regional de Leitura. Uma publicação da Letras Lavadas, que também editou-o em inglês (tradução de David Brookshaw): The Unknown Islands.Excertos do livro
«As Flores e o Corvo erguem-se uma defronte da outra, separadas por um canal de quinze milhas, o Corvo espesso e nu, as Flores violeta e verde com rochas violetas e os cimos dum pasto delicado.» — Raul Brandão, 30 de junho de 1924
«Nunca me esqueceu a manhã virginal da Madeira, e as cores que iam do cinzento ao doirado, do doirado ao azul-índigo - nem a montanha entreaberta saindo do mar diante de mim, a encerrar azul e verde...» — Raul Brandão, 14 de agosto de 1924
Excerto do prefácio
«As Ilhas Desconhecidas – Notas e Paisagens, [são] sem sombra de dúvida uma das obras-primas da literatura de viagens em língua portuguesa, facilmente ombreando com os melhores clássicos. Com efeito, ainda hoje, é impossível compreender os Açores moderno, sem trilhar os passos e entender as apreciações do escritor nessa viagem realizada de junho a agosto de 1924, ao encontro de um mundo de magia e mistério. Ligam-se a natureza, as pessoas, as tradições e a história, e o que resulta é um panorama que naturalmente nos atrai, numa identificação em que nos tornamos participantes num extraordinário laboratório onde o povo açoriano se singulariza nas suas qualidades, através de um melting pot baseado numa rica simbiose entre natureza e sociedade. Pode dizer-se que a obra de Raul Brandão constitui uma peça crucial para a compreensão da especificidade açoriana e para a construção da autonomia constitucional hoje consagrada. E a grande qualidade cultural e literária contribuiu decisivamente para a afirmação da moderna identidade açoriana ». Guilherme d’Oliveira MartinsElogios
"A sua visão da luz e da cor dos Açores é uma coisa inexcedível." — Vitorino Nemésio
"A alternância entre o esplendor da luz e o abismo negro da dor faz de Raul Brandão um escritor de hoje e de sempre." — Maria João Reynaud
"É um magnífico livro de viagens, mas é muito mais que isso: faz da geografia das ilhas portuguesas uma geografia metafísica, tremenda e maravilhosa. Um reino deste mundo e de outros mundos." — Pedro Mexia
Outro livro que pode interessar: Lady Bobs, o seu Irmão e Eu, de Jean Chamblin
terça-feira, 12 de agosto de 2025
O belíssimo livro de viagem que Raul Brandão escreveu sobre os Açores e a Madeira
publicado por Miguel Pestana
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