quinta-feira, 11 de julho de 2013

«Os Chouriços São Todos Para Assar», de Ricardo Adolfo

Editora: Alfaguara
Ano de Publicação: 2012
Nº de Páginas: 172

Este é o primeiro livro publicado por Ricardo Adolfo, primeiramente sob a chancela da Dom Quixote, em 2003, e agora pertencente à Alfaguara, que detém a “custódia” de todos os seus livros. O que podemos encontrar nesta colecção de vinte e nove contos que preenchem uma-duas-três páginas cada? Em Os Chouriços São Todos Para Assar, escrito pelo autor que Miguel Real — escritor e crítico literário — afirmou: «(…) ninguém escreve em Portugal como RA [Ricardo Adolfo] (…)» (in Jornal de Letras), podemos encontrar personagens vestidas de tão diferentes personalidades, cidades e ambientes sociais portugueses. São exemplos a Natália e Silvina, que há anos, todos os fins-de-semana assistem a vários funerais, sem serem convidadas, como passatempo. Afirma Silvina: «Cada funeral que faço é sempre diferente do outro. E já ando nisto há 20 anos.» Natália, que «tá mortinha por morrer» é ainda uma “aprendiz” nessa arte de passar o tempo, mas segue com distinção o legado da colega.
No texto intitulado Perguntou o fino, o autor conta a viagem de um casal, Luciano e Lurdes, que percorrem a autoestrada de Lisboa até ao Algarve, e entre cólicas, traumas e discussões ambos refletem sobre o estado da sua relação “arremediada” pelo tempo e pelas circunstâncias. «Afinal ele até era um gajo com sorte» antes de ter de ir viver para a casa da mãe, para poder deixar de bater na mulher.
Os chouriços são todos para assar, conto que dá nome ao livro é um dos mais caricatos e divertidos desta antologia. Um homem vai à mercearia e não encontra o que procura. Sob o olhar indiscreto da comerciante do estabelecimento, ele inventa produtos alimentares em falta na sua despensa de casa, buscando às prateleiras do estabelecimento azeite, chouriço, etc., para consolar não o seu eu mas o da circunspecta vendedora.
Irónicas e sarcásticas, conjugadas com doses extremas de realismo, assim perfazem as várias histórias dadas a conhecer aos leitores, sem sintaxes gramaticalmente correctas ou convencionais, que o autor de Maria dos Canos Serrados — o seu último romance — criou, para bel-prazer de leitores que não abdicam de uma boa gargalhada, enquanto desfrutam de uma bela obra.

6 comentários:

Ana Vieira disse...

muito bom!

Espiral disse...

Adoro este escritor

Anónimo disse...

Fantástico!

kassie disse...

Aqui está um livro que tem colhido críticas e opiniões muito positivas e que me deixou muito curiosa. Penso que será a minha próxima compra :)

Vasco disse...

Um bom autor

senhorita valdez disse...

Nunca li nada deste autor, mas depois desta crítica fiquei muito curiosa.