quarta-feira, 13 de abril de 2016

«Tim», de Colleen McCullough

Editora: Bertrand
Data de Publicação: 11/03/2016
N.º de Páginas: 272

São mundos opostos, os dos dois protagonistas deste romance ambientado em Sydney, Austrália. Mary Horton é uma solteirona de quarenta e poucos anos que com o passar dos anos ganhou estatuto e poder na empresa onde trabalha. A sua aparência sóbria e impecável camufla um espírito austero, inflexível e muito solitário. Ela é proprietária de uma moradia situada num tranquilo subúrbio da classe média, casa esta que nunca é palco de visitas. Sem familiares nem amigos, «sem filhos, sem amor, destituída de qualquer influência humanizadora», esta mulher que leva uma existência muito reservada, nos fins-de-semana dedica-se em exclusivo ao seu grande vício que eleva a sua cultura pouco a pouco: a leitura. A sua biblioteca, composta por mais de cinco mil livros é para ela o seu bem mais precioso.
Tim Melville, de vinte e cinco anos, desde cedo deixou os estudos para trabalhar nas obras, onde é alvo de chacota por parte dos colegas operários por possuir um retardamento mental. O seu corpo bem definido e a sua beleza fazem as delícias das mulheres, mas quando elas o abordam, ele, com o seu jeito de criança e a sua imensa ignorância, as afasta.
Quando a vida de Mary se cruza com a de Tim, num dia ao acaso, tudo muda. Uma ligação muito forte nasce entre eles, «ele era demasiado infantil e ela demasiado madura», e num ápice começa a florescer entre ambos um tipo de amor raro, incondicional.
Tim torna-se no eixo da vida de Mary, e sem saber, a sua companhia a ajuda a colocar mais cor na sua vida cinzenta e solitária. Porém, para manterem acesa essa ligação terão que enfrentar diversas adversidades e preconceitos.
Tim, o primeiro romance de Colleen McCullough (1937-2015), datado de 1974, conta uma história que seduz desde o início. Um enredo habilmente estruturado, pouquíssimas personagens tão bem caraterizadas física e psicologicamente, são dois aspectos a destacar deste romance pujante que tem os ingredientes necessários para ser um daqueles que permanecem na nossa memória por muito tempo.
A par de Pássaros Feridos, este é a nível internacional o livro de maior sucesso da romancista australiana que faleceu há um ano. De referir que Tim originou o filme homónimo, de 1979, que teve como protagonista Mel Gibson.


Citações
«Tim, à medida que os anos passam, descobrimos que a vida é feita de encontros, de relações e de separações. Por vezes, amamos as pessoas que conhecemos, outras vezes não, mas conhecê-las é o mais importante da vida, é o que nos torna humanos.» (p 100)

«As separações são o mais difícil, o mais doloroso de aceitar, especialmente quando amamos essa pessoa. Separarmo-nos de alguém significa que nada voltará a ser como antes; a nossa vida perdeu algo, e falta-nos um pedaço de nós, um pedaço que não pode ser recuperado.» (p.100)

«Por vezes, a distância que nos separa uns dos outros não é nada (…) por vezes é tão pequena como o silêncio entre os batimentos de um coração.» (p. 269)

1 comentário:

maekika disse...

Ofereceram-me o livro mas ainda não o li... Está a ser guardado para as férias!