domingo, 16 de novembro de 2025

Algumas publicações da Shantarin editora

A Shantarin é uma editora multilíngue de literatura, artes e humanidades, que desde 2022 tem vindo a publicar obras de grandes autores portugueses, como é o caso de Fernando Pessoa. Em seguida, deixo os textos de apresentação de quatros livros desta editora independente, que já publicou livros em oito línguas.

Poesia. Primeira Antologia oferece aos leitores uma edição da primeira antologia da obra poética de Fernando Pessoa, editada por Adolfo Casais Monteiro na década de 1940. A obra inclui uma fina seleção de poemas, enriquecida com textos em prosa do autor, entre os quais a carta que Pessoa escreveu ao próprio Casais Monteiro para explicar a origem dos seus heterónimos. Com prefácio de Guilherme d'Oliveira Martins e um ensaio de Eduardo Lourenço.


O Sábio Árabe reúne uma seleção de textos de Fernando Pessoa, bem como outros documentos provenientes do seu espólio, sobre a civilização arábico-islâmica. 
Pessoa é reconhecido como o mais universal dos escritores em língua portuguesa. A sua característica mais singular, que o torna um fenómeno literário raro e de excecional relevo em todo o mundo, reside no facto de ter escrito grande parte da sua obra, em verso e em prosa, através dos «heterónimos», personalidades fictícias que escreviam e pensavam de forma diferente entre si, como se fossem verdadeiros autores, distintos de Fernando Pessoa ele mesmo. 
Este livro nasce com o objetivo de mostrar o que Fernando Pessoa, poeta-pensador da multiplicidade, escreveu e pensou sobre uma civilização que se baseia na religião da unidade divina: o Islão. 
Dos textos literários e críticos de Pessoa, sobressai a ideia de que «não há profundo movimento português que não seja um movimento árabe» — um movimento com sólidas raízes no legado cultural de filósofos e poetas como al-Muʿtamid, e na tolerância e no pluralismo religioso que caracterizaram o al-Andalus.


Mário de Sá-Carneiro é um poeta fora do seu tempo e, portanto, contemporâneo porque só é contemporâneo quem não coincide com o próprio tempo e não se adapta às suas pretensões. Por isso, plenamente consciente de ser o único a chegar a tempo a uma festa cujo convite, porém, declinou, Sá-Carneiro faz-se ele próprio ofensa e irrisão dos lepidópteros de uma época que é a sua, mas que recusa porque é incapaz de correr à sua velocidade.
Talvez tenhamos de começar por aqui e admitir que não precisamos da vida de Mário de Sá-Carneiro — e muito menos da sua morte — para apreciar os seus versos e reconhecer-lhe a grandeza que, passado mais de um século, continua inalterada e inalcançável. 
Canções de Declínio. Obra Poética (1913-1916), com edição de Giorgio de Marchis e ilustrações de Kleber Sales, reúne todos os poemas da breve idade adulta de Mário de Sá-Carneiro e conta com prefácio de Adriana Calcanhotto.


Camilo Pessanha
, geralmente identificado (e bem) com o simbolismo, pelas imagens que usa e pelos símbolos que propõe na sua leitura metafórica do mundo e das suas sensações, pode, sob outro prisma, ser apartado daquele movimento literário. É que à vista do leitor vai-se revelando uma narrativa alegórica que, ao conceber a existência humana como um processo de despersonalização, acaba por conduzir a sua poesia para o território do modernismo. São, aliás, absolutamente centrais na literatura portuguesa as ligações entre Pessanha e poetas modernistas como Mário de Sá-Carneiro (1890–1916) e Fernando Pessoa (1888–1935), com a poesia de Pessanha a iluminar uma boa parte das obras destes autores. A presente edição da obra poética de Camilo Pessanha, Clepsydra, da responsabilidade de Paulo Franchetti, conta com uma introdução de Helena Carvalhão Buescu e ilustrações de André Carrilho.

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