terça-feira, 16 de outubro de 2012

Primeiro parágrafo de «O Fotógrafo da Madeira»

Eram nove horas da noite quando o vapor Victoria, com destino a Demerara, região da Guiana Inglesa, ancorou ao largo da baía do Funchal, no dia vinte e três de janeiro de 1846, sexta-feira, depois de um atraso de quatro horas, devido à intempérie que assolava o Atlântico, desde as ilhas britânicas ao arquipélago da Madeira. Ali, onde o barco atracou perto da Pontinha, o vento sudoeste soprava rajadas medonhas e o mar despejava ruidosamente em terra enormes vagas que varriam tudo à sua passagem feroz. Embarcações menores não se avistavam entre a ilha e a embarcação, pormenor confirmado pelo comandante do barco, sinal de que houvera tempo para os donos as protegerem antes da eclosão da tempestade, ou, então de que o pior tinha acontecido: esses barcos frágeis tinham arremessados contra terra, onde se quebraram como ovos. O comandante ficara sabendo, por uma escuna ao largo do oceano, que nos pretéritos dias, precisamente no dia nove, um naufrágio ali mesmo aconteceu, mais um na história da baía, desta vez vitimado o patacho toscano Duque de Sussex.

O Fotógrafo da Madeira, de António Breda Carvalho, Oficina do Livro, 2012

Mais informações, ver aqui.
  

2 comentários:

Tiago M. Franco disse...

Já tenho o livro na minha estante, confesso que só o comprei por causa da oferta que tinha - Rio das Flores de Miguel Sousa Tavares - espero gostar do livro.

Miguel Pestana disse...

Sim, Tiago, a oferta da Fnac online ao comprar este livro é tentadora.

Estou nas páginas cinquentas, de "O Fotógrafo da Madeira".

Aguardo a tua opinião sobre este livro.