domingo, 8 de maio de 2016

Novo livro de poesia de Carlos Bondoso


Voos Picados
de Carlos Bondoso

Género: Poesia
Nº de págs: 108 
Editora: Modocromia
 
«O livro de poesia de Carlos Bondoso “Voos Picados”, conforme o próprio título indica, eleva as palavras ao expoente máximo de sequências imagéticas num movimento etéreo balizado entre o sofrimento, o amor, o sonho, a injustiça e a esperança.
[…] Não se trata de um voo passivo, mas de uma viagem agitada, onde a manifestação linguística “galga a dimensão do pensamento”, impugna, contesta e mescla-se em várias frentes, animadas em planos horizontais e verticais para apreender a verdade escondida “no ventre da noite”, questionar e denunciar “a miséria que apaga a luz da alma”.
[…] "Voos Picados" é uma composição poética, um espaço onde a linguagem verbal surge de forma a veicular a ideia de que os obstáculos podem ser transpostos, pois o ambiente não é estagnado, mas antes está em movimento, pois adquire um envolvimento ético, no sentido de prevenir, de denunciar, de depositar a esperança na humanidade.»
Lynda Carvalho, in Prefácio

SÍLABAS DE SILÊNCIO

sinto o enrugar dos dias
a noite transforma-se em fascínio
por ela passam almas vurtuosas
as palavras rangem virtudes ocultas
que se alongam em síabas de siêncio

rosas púrpuras bebem o olhar da semente
os olhos mastigam as dores dos ausentes
os pássaros apressam-se sem pressa voando
a escuridão alonga o manto da descrença

a poesia nasce na dor dos presentes
mergulha nas pedras frias da meia-noite
as lágrimas borbulham nos sonhos perdidos
e fervem na caçada dos amantes



O SILÊNCIO MERGULHA NA FOZ

os muros crescem com o Sol
não deixam ver as sombras
das ráizes em crescimento
o vento leva as sementes
que ondulam no tempo num frio movimento

é de longe o veneno é de perto o amargo
figuras sem rosto pintadas de ocre
escondem-se na multidão
onde os cascos dos invisíveis se agrupam
nas terras vermelhas de sangue

pássaros da meia-noite suportam as pedras
dos cavalos nas pontes e nas margens
as águas lentas levam as miragens
e o silêncio mergulha na foz!

Do mesmo autor, com a chancela da Modocromia:
As Cores do Meu Silêncio (2014) e A Outra Face do Verso (2013)

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