quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Romance «Suíte Tóquio» ganha reedição após reconhecimento internacional


Suíte Tóquio, o livro que em 2021 marcou a estreia em Portugal de uma das autoras mais marcantes da literatura brasileira contemporânea, ganha uma nova edição, em formato de bolso, em meados de Janeiro, pela Tinta da China. Este romance de Giovana Madalosso foi finalista do 63.º Prémio Jabuti e traduzido para inglês (The Tokyo Suite foi o título lançado nos EUA) e espanhol. 
Recentemente, foi reconhecido pelo The New York Times como um dos 100 livros mais notáveis de 2025 — um feito e tanto para uma obra originalmente publicada no
Brasil em 2020, pela editora Todavia. O jornal americano descreveu a obra como um “romance tenso” que explora as divisões de classe e relações humanas por meio da jornada de suas protagonistas, evidenciando a complexidade social brasileira.
Giovana Madalosso nasceu em Curitiba em 1975. É colunista do jornal Folha de S. Paulo desde Janeiro de 2023. É autora também dos livros A Teta Racional, Tudo Pode Ser Roubado (2022) e Batida Só (2025).

 
Texto sinóptico
De um lado, temos Maju, uma babá, indistinta no seu dia‑a‑dia do «exército branco» de outras babás que cuidam dos filhos dos patrões de classe alta. Do outro, temos Fernanda, a mãe, a empresária de sucesso. E no meio, além de Cora, a menina que Maju decide raptar e que Fernanda demora a perceber que desapareceu, temos luta de classes, crises pessoais, ternura, medo, busca de redenção e duas vozes femininas que se confrontam e se completam num romance trágico‑cómico sempre em movimento.


Excerto
«Estou raptando uma criança. Tento afastar esse pensamento, mas ele persiste enquanto descemos pelo elevador, cumprimentamos o Chico, saímos pelo portão. São coisas que fazemos todos os dias, descer, cumprimentar o Chico, sair pelo portão, andar pisando só nas pedras pretas ou nas brancas da calçada, mas hoje é diferente mesmo que eu não esteja fazendo nada diferente, porque tenho a sensação de que o exército branco olha pra mim. Foi coisa da dona Fernanda, inventar esse nome, exército branco. E até que ela está certa, somos mesmo um exército, ainda mais a essa hora da manhã, quando todas vêm pra praça com seus uniformes brancos carregando bebês ou crianças, e então batem papo empurrando carrinhos e balanços com bebês ou crianças. Um mundo que até ontem era o meu mundo mas que agora parece me olhar com desconfiança. Será tudo loucura da minha cabeça? Diga, minha Nossa Senhora, é tudo loucura?»

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