sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Poesia para Médicos, Farmacêuticos, Biólogos e afins..., de Miguel Morais (Divulgação)


Sinopse: 
Juntam-se a vida, a saúde e a doença numa obra cujos versos tanto nos ensinam a ciência do saber como a arte da ciência, numa vertente ora mais técnica ora mais lúdica, quer para profissionais de Saúde e Ciências da Vida quer para leitores suficientemente curiosos para aprender com laivos de fantasia temas relacionados com o uso da bata branca.

“Tendo como experiência que a prosa não consegue unir estas ciências, só mesmo o dom da poesia pode entrelaçá-las, talvez até estendê-las a todos os leitores." Dra. Maria Dulce Costa – Farmacêutica

“Antes de iniciarmos a leitura, questionamo-nos como compatibilizar termos técnicos com a melodia, o ritmo e a estética características da poesia. No final, surpreendemo-nos como tais termos podem ser lidos e ditos de uma forma poética." Dra. Julieta Serra – Bióloga

“Um livro escorreito que revela a inspiração do seu Autor, tratando da saúde e da doença com graciosidade na escrita e com profundidade na Alma, alternando o humor refinado com a sensibilidade intimista, numa textura poética que cativa o leitor." Dr. Rui Manuel Correia – Médico psiquiatra


A família dental
Somos trinta e dois irmãos
de garfo e copo convivas,
amantes de cálcio e flúor
no regaço das gengivas.

Como em todas as famílias
temos membros variados:
oito são muito incisivos,
os outros mais recatados.

Dentro dos últimos temos
uns caninos, uns molares,
outros que ficaram pré
nos baptismos salivares.

Gostamos de dar à língua,
mesmo com bocas insanas,
tentando guardar o esmalte
das placas bacterianas.

Da escova somos amigos,
tendo como dura sina
contra cáries, pedra e tártaro
mostrar alma de dentina.

Alma marcada em cimento,
luz da coroa à raiz,
que luta de igual maneira
por um sorriso feliz.


Poema do espermatozoide fecundante
O XY fecundante
sempre foi bom corredor:
corre, corre loucamente,
corre, corre por amor.
Corre até achar um óvulo,
e depois fica a pensar:
“Bato ou não a esta porta?
Deverei ou não entrar?”

Como leva sempre avanço,
pode pensar calmamente,
mas sem dar azo a receios
decide seguir em frente.

Por isso quando os restantes
chegam, informa-os que vai
atirar-se de cabeça
em nome do bom do pai.

Nada mais a acrescentar,
a meta está na barriga.
Percebes, meu rico filho,
por que a vida é uma corrida?


Soneto do farmacêutico
Repleto deste tempo comprimido,
bata branca, feitio encapsulado,
aqui me fiz micróbio digerido,
aqui tornei meu sangue imunizado.

Aqui, neste balcão, sempre de pé,
envolto de xaropes e pomadas,
seringuei, sem remédio, a minha fé
de ver enfermidades debeladas.

Por mim hipocondríacos sumiram,
em mim rabiscos médicos se viram,
tal o meu modo, lúcido e feérico.

E podem vir mais gripes, mais maleitas,
que aqui sempre estarei, entre receitas,
de corpo ora de marca, ora genérico.


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