terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O 1.º romance de José Gardeazabal e o 2.º (publicado em Portugal) de Fernanda Torres entre as novidades da Companhia das Letras

Num mundo em que a desumanização parece irreversível, um muro divide os homens.
Jonas e a sua jovem filha Aliss são conduzidos ao longo do imenso muro por um homem chamado Servantes. A missão é levar água aos menos favorecidos, talvez electricidade. Funcionário de uma organização internacional, Jonas debate-se com o ritmo hesitante da missão. O longo muro, o clima e a distância alimentam dúvidas sobre o significado de civilização, mas Jonas vai avançando, confortado pela pequena coragem das rotinas repetidas.
Enquanto isto, a filha torna-se mulher, devagar, tumultuosamente.
Aos desamparados, no entanto, não chegou ainda a água.
Uma desconstrução dos lugares confortáveis do Ocidente, Meio homem metade baleia, de José Gardeazabal,  é uma narrativa notável que convida a uma poderosa e necessária reflexão.


O novo romance de Fernanda Torres, autora do aclamado Fim, acompanha as desventuras de Mário Cardoso, ator de meia-idade caído em desgraça. Amado pelo público graças aos papéis como galã de telenovela, Mário decide reconquistar o prestígio junto da elite intelectual, encenando uma das grandes peças de William Shakespeare. Mas as coisas não correm propriamente como esperava e para a sua versão de Rei Lear nem aplausos do público nem reconhecimento da elite. Apenas bolsos vazios e uma carreira no precipício. Começa então um verdadeiro desfile de horrores, que começa na demência da mãe e termina num beco sem saída. Mistura eletrizante de comédia de erros e retrato do artista, A glória e seu cortejo de horrores é o retrato de toda uma geração: na pele de Mario, vemos a derrocada das ilusões de tantos outros, num mundo cada vez mais rendido às fúteis aparências.

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