terça-feira, 27 de maio de 2025

As mais recentes publicações com o selo das Edições Letras Lavadas

Elisabeth Phelps – Com a Madeira no coração
de Cláudia Faria

Elisabeth Dickinson (1796-1876), filha do Capitão Thomas Dickinson (1754-1869) e de Francis de Brissac (1760-1854), chega à Madeira em 1819 acompanhada pelo seu marido, Joseph Phelps, um dos herdeiros da Phelps Page & Co. Instalada no Funchal, na rua do Carmo, a jovem integra-se no círculo britânico residente na capital madeirense. Enquanto se dedica à família e até aos negócios, ocupa-se do bem-estar e da melhoria das condições de vida da população local, tendo mesmo estabelecido uma escola para raparigas.
Detentora de um espírito aventureiro e de um carácter pragmático e dinâmico, Mrs. Phelps foi pioneira na organização de excursões aos pontos mais altos da ilha, de picnics e plantação de árvores. Viveu na Madeira durante mais de 40 anos, aprendendo a conhecer e a disfrutar da ilha que a recebeu de braços abertos. Adoptou alguns hábitos madeirenses e introduziu outros que trouxe de Londres. Viveu entre cá e lá, mas sempre com a Madeira no coração.


Diversa e Absoluta
Estudos Sobre a Obra de Natália Correia
de Rui Tavares de Faria

Ler Natália Correia, interpretá-la, compreendê-la e conhecer o seu pensamento não são tarefas que se concretizam e se esgotam num volume com cerca de uma centena de páginas. Natália pervive e deve ser estudada com afinco, rigor e persistência. Os sete estudos que integram o presente volume pretendem ser disso mais um exemplo. Procura-se, por um lado, dar a conhecer ao leitor hodierno a produção nataliana, evidenciando o quão vasta e diversificada é, e, por outro, pretende-se promover e estimular a investigação científica e académica sobre o legado da mulher que se definiu “metade fêmea, metade mar como as sereias.”
Os capítulos que compõem Diversa e Absoluta. Estudos sobre a Obra de Natália Correia abrangem tanto a obra narrativa da autora, como também a lírica e integra, ainda, um ensaio sobre uma peça dramática de Natália.
Os estudos que agora se reúnem neste volume resultam de um trabalho de investigação que se desenvolveu ao longo do ano de 2024, por parte de Rui Tavares de Faria.


Lady Bobs, o seu Irmão e Eu
de Jean Chamblin

Minha querida, encontrei-as! Estão aqui todas, as nove ilhas dos Açores. Pequenas ilhas cheias de orações e santuários e sinos vespertinos, enfiadas num fio de água, como as dezenas nas voltas de um Rosário do Mar. Lady Bobs equilibra-se com leveza feminina, muito humor e virtuosa elegância no cruzamento entre a literatura de viagem e o romance epistolar. Escrito após uma digressão de Jean Chamblin pelo arquipélago açoriano, o livro oferece um interessante retrato da sociedade micaelense em inícios do século XX. Por entre descrições de paisagens rurais que se iluminam ou fantasmagorizam consoante os caprichos do clima, o olhar sensível da viajante americana capta as pessoas, lugares e costumes ilhéus, tecendo uma narrativa ancorada no casamento fértil entre a estranheza, o equívoco, a ironia e o fascínio. Um livro imprescindível, finalmente publicado nos Açores. - Paulo Ramalho


Diário de Um Homem Só
de J. Chrys Chrystello

Este Diário de um homem só, chegou ao termo do seu prazo de validade, após 12 meses de desabafos e dor, cumpriu a missão, e não sendo de catarse, expurgou silêncios, prantos e medos, neste doentio e anómalo sossego, nesta calma podre, nesta serenidade irreal, nesta tranquilidade artificial de autocontrolo, nesta paz doméstica da solidão, sem agitação da vida em comum, sem o dessossego da tua doença, sem o tumulto das tuas crises, sem a desordem do lento e inexorável caminhar terminal do teu enfisema pulmonar. O tempo passa, aumenta a saudade, a dor, a impotência de te rever apenas em fotos e filmes, sem poder(mos) regressar aos locais que passam, todo o dia, nas imagens na moldura digital em frente a mim.


Casa do Tempo
de Lélia Pereira da Silva Nunes

A habilidade de Lélia Pereira da Silva Nunes em reproduzir literária e afetivamente suas memórias de infância e trazê-las para o presente hipnotizam o leitor/leitora. Neste Casa do tempo, uma experiência coletiva geográfica e historicamente situada – os Açores e a Ilha de Santa Catarina, sua gente e sua cultura – ganha, nas teclas dessa admirável intelectual catarinense, uma verdade pessoal e comunitária a que o leitor se alia sem pestanejar.
O eu único da narradora se revela na escritura do eu-social. Lélia, ao se referir a autores tais Nereu Corrêa, que ela aproxima de Miguel Torga, às relações culturais entra as ilhas citadas, como os ritos religiosos e profanos respectivos, ao realçar a importância de Othon d’Eça, de Ana Luiza de Azevedo e Castro, Willy Zumblick e das festas do Divino Espírito Santo, nos fala da condição humana universal.
Não posso deixar de sublinhar a referência ao elo da convergência cultural entre a literatura dos catarinenses e a literatura nascida nos Açores. Vozes de diferentes histórias e gerações a percorrerem os caminhos do mar – Vitorino Nemésio, Eduíno de Jesus, Pedro Almeida Maia, Pedro da Silveira, José Andrade. Escreve sobre o passado com os dois pés no presente, com a autonomia de uma narradora do futuro. Não há nesta bela obra uma ilusão naturalista nem uma mitificação da chamada religião do vivido, mas, sim, uma análise de um eu-sujeito a serviço da arte e da causa Humanista. - Godofredo de Oliveira Neto (Membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Catarinense de Letra)

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