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domingo, 8 de novembro de 2020

«Descomplicar a Mente» é o novo livro da dupla de psicólogas Rute Agulhas e Alexandra Anciães

Após escreverem os livros Casos Práticos em Psicologia Forense (2015) e Divórcio e Parentalidade (2018), ambos com o selo das Edições Sílabo, as psicólogas Rute Agulhas e Alexandra Anciães (especialistas em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia da Justiça) estão de regresso com um novo livro, menos técnico, destinado ao grande público. Descomplicar a Mente, a publicar pela Oficina do Livro a 17 deste mês, é um livro dedicado ao auto-cuidado e à promoção do bem-estar psicológico. Este guia para cuidar da nossa saúde mental - com dicas para melhorar a auto-estima, gerir o stresse e combater a depressão e a ansiedade - contém exercícios práticos e áudios guiados.

Sinopse
Um livro que nos ajuda a viajar até dentro de nós mesmos, rumo ao auto-conhecimento. Descomplicar a Mente leva-nos a refletir sobre aquilo que pensamos, que sentimos e que fazemos. Um percurso de descoberta que pretende ajudar-nos a crescer, a melhorar a nossa auto-estima, a gerir o stresse e a vencer a ansiedade e a depressão. Uma viagem focada na prevenção primária e no desenvolvimento de competências, com destino a um maior bem-estar psicológico e a uma vida mais feliz.
É um livro para se ler devagar e sem pressas, pois é preciso tempo para que os exercícios propostos sejam pensados e assimilados.

Sobre saúde mental, encontram publicadas neste blogue entrevistas aos psiquiatras Diogo Telles Correia (aqui) e Augusto Cury (aqui).

sábado, 12 de março de 2022

Novos livros da Psicóloga Rute Agulhas

Miúdos & Ecrãs

A maior parte das crianças e jovens nasce e cresce no mundo das tecnologias. Fazem parte do seu dia a dia todo o tipo de dispositivos como computadores, tablets, telemóveis e produtos como websites, jogos, histórias interativas, redes sociais, etc., que podem ser vistos, ouvidos, lidos, jogados ou criados nesses dispositivos. Por isso são designados como nativos digitais, enquanto os seus pais, familiares, professores e até os autores deste livro são uma espécie de imigrantes digitais.
Este livro destina-se a pais e/ou educadores que querem desenvolver mais competências e consciência digital que lhes permitam criarem uma relação saudável com os mais novos no que respeita ao uso responsável das novas tecnologias de informação e comunicação. Os conteúdos estão agrupados por tipos de uso de tecnologias e faixas etárias.
Neste livro são respondidas questões como: O meu filho já pode fazer parte de uma rede social? Porque é que o meu filho quer tanto jogar? Com que idade o meu filho pode ter um
smartphone?

Rute Agulhas
Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, Psicoterapia e Psicologia da Justiça pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Terapeuta Familiar. Pós-graduada em Análise de Dados para as Ciências Sociais. Perita forense na Delegação Sul do INMLCF-IP. Professora assistente convidada no ISCTE-IUL. Formadora Sénior do ISPA-IU. Psicóloga clínica e forense a nível privado. Tem trabalhado na área clínica e forense com investigação e numerosas publicações (em autoria e co-autoria) na área da Psicologia Forense, divórcio, direitos das crianças, parentalidade positiva e prevenção do abuso sexual de crianças. Coordenadora da coleção «Vamos Prevenir», da Ordem dos Psicólogos Portugueses, sobre a prevenção primária de diversas problemáticas em crianças e adolescentes.

Alexandra Anciães
Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Psicologia da Justiça pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Pós-graduada em Medicina Legal (INMLCF/FMUL) e em Comportamentos Desviantes e Ciências Criminais (FMUL). Formação pós-graduada em Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais e Integrativas (APTCCI). Perita Forense e Técnica Superior de Psicologia entre 2000-2019 na Delegação do Sul do INMLCF, IP. Psicóloga clínica na Estrutura de Atendimento Lisboa+Igualdade: Atendimento e Prevenção da Violência Doméstica e de Género. Psicóloga clínica e forense a nível privado. Formadora Sénior do ISPA-IU. Autora e formadora de cursos na OPP na área da avaliação pericial e violência sexual. Membro da Comissão Técnica de Análise às Especialidades da OPP. É autora e co-autora de diversas publicações na área da Psicologia forense e divórcio.
Filipe L. Gil
Há cerca de 20 anos, trocou a escrita criativa da publicidade pela escrita informativa dos jornais e revistas. A partir daí passou por várias redações e chegou a liderar algumas. Esta é a sua segunda participação num livro. Atualmente é editor do Diário de Notícias

Grande Livro sobre a Violência Sexual

A violência sexual é um problema de saúde pública que afeta, não apenas as vítimas, mas também as suas famílias e toda a comunidade. Estamos perante uma realidade complexa e com elevada prevalência, que exige estratégias de prevenção, avaliação e intervenção rigorosas, numa perspetiva intersetorial e multidisciplinar.
Quando falamos de violência sexual, falamos de crianças, adolescentes e adultos, falamos de vítimas e agressores, falamos de tipologias de crimes e perturbações mentais e falamos, ainda, de diferentes áreas e níveis de intervenção por parte do sistema profissional - seja o Direito, a Medicina, a Investigação Criminal, a Psicologia ou a Psiquiatria.
Neste livro, compilamos os diversos olhares e perspetivas, reunindo a principal informação relativa a esta temática. Ao longo de 20 capítulos, procuramos compreender a violência sexual e aquilo que a literatura descreve como as boas práticas ao nível da prevenção primária, da avaliação e da intervenção, fornecendo ao leitor um conjunto de informações que lhe permitam conhecer para melhor adaptar as suas práticas. 

Outros livros das autoras: Casos Práticos em Psicologia Forense (Edições Sílabo, 2015),  Divórcio e Parentalidade (Edições Sílabo, 2018) e Descomplicar a Mente (Oficina do Livro, 2020).

sábado, 17 de dezembro de 2022

Os benefícios do journaling são descortinados em «Guardar Depois de Escrever»


Na primeira semana de Janeiro, a Presença publica uma obra escrita pelas mãos de dois psicólogos e psicoterapeutas portugueses. Guardar Depois de Escrever pretende ser o diário de escrita terapêutica do leitor, uma viagem guiada pelos especialistas Rute Agulhas e Pedro Aires Fernandes às profundezas o seu ser. A obra inclui exercícios para promover o autoconhecimento e bem-estar.

Sabe quais são os benefícios do journaling?
- Maior sensação de controlo
- Relaxamento
- Autoestima mais elevada
- Melhoria nas competências de comunicação
- Menor sintomatologia ansiosa
- Menor sintomatologia depressiva
- Maior sensação de bem-estar geral

Nos últimos anos, a escrita enquanto ferramenta terapêutica disseminou-se e viu reconhecida a sua importância. No entanto, muitas pessoas sentem-se perdidas e sem orientação ao realizar este mergulho interior. Foi por isso que os psicólogos e psicoterapeutas Rute Agulhas e Pedro Aires Fernandes escreveram este livro.
Com a ajuda de perguntas, exercícios e desafios, vai explorar o seu presente, passado e futuro. No final, não deite fora este livro: faz agora parte de si. E todas as suas partes são demasiado valiosas para serem esquecidas.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Lançamento: «A Violência Sobre Crianças»

Livro reúne reflexões sobre a defesa dos direitos da criança

Passados que estão mais de 50 anos sobre a Declaração Universal dos Direitos da Criança, ainda há uma grande distância entre o que deveria ser a defesa desses direitos e o que ela é. Todo o desenvolvimento civilizacional das últimas décadas não conseguiu que este debate saísse de um plano essencialmente político.

Perante esta realidade, a Escola Superior de Educação João de Deus, com a coordenação do Prof. Doutor Luís Miguel Larcher reuniu um conjunto de intervenções de magistrados, psicólogos, psiquiatras e professores, sobre os mecanismos de defesa dos direitos da criança, num volume a que chamou «A violência sobre crianças».

Segundo as Nações Unidas, 14% a 23% das crianças de todo o mundo já sofreram, no mínimo, um acontecimento traumático nas suas vidas. Só na década de 90 estima-se que tenham morrido mais de 2 milhões de crianças. E em Portugal continuam a avolumar-se as denúncias na comunicação social seja por abandono, bullying, maus tratos ou trabalho infantil.

A necessidade premente de desenvolver um pensamento denso e eficaz sobre as questões da violência sobre as crianças levou a que fossem convidados alguns dos melhores especialistas portugueses nesta matéria e que sobre ela tem produzido estudos e ensaios.

Esta obra reúne reflexões da Juíza Florbela Silva, Procurador Mello Breyner, Juiz Conselheiro Souto de Moura, Dr. José Godinho, Prof. Doutor Luís Larcher, Procuradora Olga Barata, Médica Rita Teixeira, Psicóloga Rita Jonet, Psicóloga do Instituto Medicina Legal Rute Agulhas e Dra. Sandra Oliveira, apresentadas no âmbito de uma pós-graduação sobre os direitos da criança.

A análise deste tema conta ainda com contributos de personalidades como o Juiz Conselheiro Armando Leandro, Juiz Conselheiro Laborinho Lúcio, Procuradora-Geral Adjunta Joana Marques Vidal, Procuradora Paula Garcia, Procuradora Helena Gonçalves, Procuradora Aurora Rodrigues, Psicólogo Prof. Doutor Eduardo Sá, Psiquiatra Prof. Doutor Luís Viegas Gamito, Jurista Pedro Berhan da Costa, Médica Isabel Henriques Cardoso, Professora Paula Branco, Educadora Mestre Emília Tomás, Psicóloga Margarida Barreiros, Jurista Francisco Morais de Barros, Psicóloga Marta Villarinho Pereira, Mestre Filomena Costa Pereira, Professor Paulo Viana e Mestre Isabel Matos.

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Oficina do Livro publica «Sou Madrasta ou Padrasto… e Agora?»

A Oficina do Livro, uma das chancelas do Grupo Leya, lançará no final deste mês o livro Sou Madrasta ou Padrasto… e Agora?, da autoria de três especialistas em Psicologia e Direito da Família: Nuno Cardoso-Ribeiro (advogado e mediador familiar), Adriana Morão (psicóloga especialista na área da Infância e Juventude) e Rute Agulhas (psicóloga e psicoterapeuta, coordenadora do Grupo VITA e co-autora de livros como Miúdos & Ecrãs, Divórcio e Parentalidade, Descomplicar a Mente, Casos Práticos em Psicologia Forense e Guardar Depois de Escrever).

Texto sinóptico
Um livro pertinente e necessário, destinado a madrastas, padrastos em famílias recompostas. Um guia simples e prático que vai ajudar todos os elementos do novo sistema familiar a adaptarem-se a esta nova realidade, na gestão de expetativas e emoções, na clarificação de papéis e na criação de laços afetivos.
Os autores conseguem, ao contrário do que acontece com a maioria dos livros sobre parentalidade e divórcio, que se centram nos pais e nas crianças, criar um espaço seguro e de protagonismo para madrastas e padrastos nestas páginas, onde podem de forma prática e simples saber mais sobre:
- Gerir emoções e desafios em famílias recompostas;
- Conhecer os direitos e deveres de todos;
- Estabelecer uma relação saudável com as crianças descobrir e derrubar mitos.

Conhece aqui outras novidades do Grupo Leya.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

As mais recentes novidades com o selo de rigor e qualidade das Edições Sílabo

De José Filipe Pinto, investigador-coordenador e professor catedrático na ULHT, que exerce o cargo de diretor da licenciatura em Sociologia nesta universidade, autor de Lisboa, os Açores e a América (2012), Populismo e Democracia (2017), Terrorismo Religioso (2024, 3.ª edição), entre outras obras, as Edições Sílabo publicaram a 5 deste mês A Europa numa Encruzilhada, um convite para os leitores refletirem sobre o futuro do continente.

Num mundo em constante transformação, a Europa enfrenta desafios internos e externos que moldam o seu futuro político, económico e social. Este livro explora em profundidade a complexa teia de novos movimentos sociais que emergem face a um cenário global incerto, onde a diversidade e as tensões internas se cruzam com as ameaças externas.
De que forma os novos movimentos sociais estão a influenciar os partidos políticos e a governação na Europa? Como é que a pluralidade de regimes políticos e as assimetrias económicas afetam a coesão e o futuro da União Europeia? Como é que as principais ameaças, como o populismo, o crime organizado e o terrorismo desafiam a estabilidade do continente? Quais as oportunidades para a Europa se reposicionar no cenário global, numa era de múltiplas ordens e crescente competitividade?
Este livro oferece uma análise profunda das dinâmicas contemporâneas, expondo como a diversidade tanto pode ser uma origem de vulnerabilidades, como também uma fonte de oportunidades.
Descubra as interações entre política e sociedade, e como os novos desafios globais e regionais podem moldar a Europa contemporânea.

A 16 de Outubro, foi lançado O Direito de Participação e Audição da Criança nos Processos Judiciais. A autora, Odete Severino Soares, é autora e co-autora de diversas publicações e livros sobre os direitos da criança, destacando-se a obra À Descoberta dos Direitos da Criança (Edição da Assembleia da República, 2023), que escreveu com em conjunto com Rute Agulhas, psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde, Psicoterapia e Psicologia da Justiça, e com Joana Alexandre, psicóloga, doutorada pelo ISCTE-IUL e docente na mesma instituição em várias licenciaturas e mestrados e, em particular, no Mestrado de Psicologia Comunitária, Proteção de Crianças e Jovens em Risco. 

Em Portugal, o direito de participação e audição da criança nos processos judiciais que lhe dizem respeito está consagrado na legislação nacional. É o reconhecimento do papel da criança como «sujeito de direitos». No entanto, a verdadeira efetivação deste direito ainda não foi totalmente interiorizada pelos operadores judiciários e garantida na prática judiciária, seja porque os critérios de decisão de cada magistrado judicial levam a que a criança não seja simplesmente ouvida, seja porque não estão criadas as condições adequadas para proceder à sua audição.
A abordagem teórico-prática utilizada pretende analisar a influência e impacto que a participação e audição das crianças têm nas decisões tomadas pelos magistrados judiciais (juiz) no âmbito da jurisdição de família e menores, em particular nos processos de promoção e proteção (fase judicial) e tutelar cível, com enfoque nos processos de regulação, alteração e incumprimento do exercício das responsabilidades parentais, no ano judicial 2019/2020, nos Juízos de Família e Menores de Coimbra e Sintra. Pretende-se apresentar, por um lado, de que forma essas decisões procuraram incorporar a opinião da criança e, por outro, de que forma as mesmas foram transmitidas à criança.
Esta obra apresenta a evolução positiva registada em termos legislativos e prática judiciária no âmbito do direito de participação e audição da criança nos processos judiciais. Enuncia alguns argumentos para que os decisores públicos e políticos ponderem a incorporação de uma «abordagem baseada nos direitos da criança» na cultura judicial, alicerçada nos princípios gerais da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas, de forma a assegurar que os procedimentos judiciais estejam plenamente adaptados às crianças e que valorizem o seu contributo na tomada de decisão, enquanto «sujeito de direitos» e na defesa do seu superior interesse.



Salientar que a Sílabo reeditou este mês a obra
50 Grandes Discursos da História (agora 51 nesta nova edição: foi adicionado o discurso 'Gorbatchov – A Dissolução da URSS').
Os discursos estão ordenados cronologicamente e reflectem encruzilhadas importantes com as quais a Humanidade se viu confrontada. No livro, estão compiladas falas proferidas por grandes líderes como Napoleão Bonaparte, Karl Marx, Abraham Lincoln, M. Gandhi, Oliveira Salazar, W. Churchill, Martin Luther King, Mário Soares e Nelson Mandela.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Entrevista a Tânia Ganho

Todos os anos centenas de mulheres e homens sofrem em silêncio, ao não denunciarem a violência doméstica de que são alvo, seja ela física, psicológica ou sexual.

No seu mais recente livro, a escritora e tradutora literária Tânia Ganho apresenta-nos um romance que é um grito de alerta sobre a violência doméstica em Portugal.

Publicado há dois meses pela Casa das Letras, uma chancela da LeYa, Apneia, já na 2.ª edição, serviu de pretexto para uma conversa com a autora, que vive actualmente em Lisboa.



Miguel Pestana | Fotos: DR

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Apneia marca o seu regresso à escrita volvidos oito anos. Por algum motivo específico?

Em Portugal, existem pouquíssimos apoios à criação literária, portanto a maioria dos escritores não pode dedicar-se a tempo inteiro à escrita e eu não sou excepção. Trabalho como tradutora e só consigo escrever à noite, o que significa que demoro muito tempo a terminar um manuscrito. No caso de Apneia, ainda mais, porque o tema é tão duro e complexo, que exigiu um longo período de maturação, para eu encontrar o tom certo, de modo a não ser sensacionalista ou piegas.

O romance gira em torno de um tema actual – embora não seja novo – que faz manchetes na comunicação social quase diariamente: a violência doméstica. Porque escolheu abordar este assunto tão sensível e complexo?

James Baldwin escreveu que “um escritor é um perturbador da paz” e eu sinto uma necessidade cada vez maior de abordar na minha escrita questões que considero muito graves na nossa sociedade. A violência doméstica mata dezenas de mulheres todos os anos, em Portugal, e deixa outras tantas crianças órfãs. A Justiça continua a não valorizar o sofrimento das vítimas, sobretudo das crianças, e a não saber protegê-las. Quis escrever um livro que mostrasse o que é a violência doméstica e, acima de tudo, a violência psicológica, e as marcas que deixa nas vítimas, marcas que não se vêem, mas existem e são terríveis.

O casal retratado na história pertence à classe social média-alta, ambos instruídos. A Tânia quis realçar que este flagelo que abala a sociedade – a cada um de nós – não escolhe formação, religião, cultura, raça…

Escolhi um casal de classe social média-alta precisamente para acabar com a ideia errada de que a violência doméstica só atinge os mais desfavorecidos ou as pessoas com menos estudos e menos posses. E a violência psicológica, que é aquela que eu abordo no livro, pode atingir qualquer pessoa, não só no contexto de intimidade, mas também no local de trabalho.

Nesse ambiente tóxico, tudo se adensa com a existência de um filho, que testemunha diariamente as atitudes transgressoras por parte do progenitor masculino. O divórcio litigioso por que passam é, assim, vivenciado também pelo filho, gerando nele efeitos negativos, como pesadelos e ansiedade. Por que razão as crianças não são mais salvaguardadas nestes processos?

As crianças não são mais salvaguardadas, em primeiro lugar, porque um ou os dois progenitores as usam como arma de arremesso para atingir o outro. Em segundo lugar, porque nos tribunais de família ainda há muito a noção de que as crianças se adaptam a tudo e com o tempo esquecem as coisas más, o que não é verdade. Uma criança que ouve constantemente o pai ou a mãe a dizer mal do outro progenitor vive num ambiente violento, mas muitos magistrados não dão adevida importância a isso e julgam que o importante é a criança ter um pai e uma mãe, mesmo que esse pai ou essa mãe sejam tóxicos. E, acima de tudo, faltam psicólogos nos tribunais e, em especial, psicólogos com formação específica nesta área, que saibam interpretar correctamente o discurso dos progenitores e o das crianças, e auxiliem os magistrados a tomar decisões.

Esta criança é maltratada por um dos pais e, sem querer, maltrata o outro. Muito se fala sobre alienação parental, mas parece que pouco se tem feito nas instâncias de protecção de menores no nosso país. Esta inércia deve-se a quê, no seu entender?

Há uma grande celeuma em Portugal e noutros países, como o Brasil, em redor da alienação parental e a verdade é que, enquanto andamos às voltas com a teoria da alienação parental, infelizmente as crianças é que vão sofrendo as consequências de não haver um consenso. É um facto que há progenitores que fazem tudo para afastar – alienar – os filhos do outro progenitor. Alessandro, a personagem de Apneia, é um exemplo disso. Mas a chamada ‘síndrome de alienação parental’ foi inventada por um psiquiatra norte-americano cuja idoneidade já foi mais do que posta em causa, como descrevo no meu livro, e creio que temos mesmo de parar de falar em alienação parental e analisar cada caso por si só, sem teorias, sem dogmas e, acima de tudo, sem ideias pré-concebidas. Temos de nos focar nas crianças e no bem-estar das crianças e não ceder a teorias, lobbies e preconceitos. 

“Um processo de guarda nos tribunais portugueses é uma corrida de fundo”, podemos ler na página 313. Burocracia, falta de comunicação entre instituições que tratam dos casos, falta de sensibilidade por parte de alguns profissionais judiciais… O que falha para a pouca celeridade nestes processos que deviam ser prioritários?

Os tribunais têm falta de magistrados e psicólogos, os hospitais têm falta de pedopsiquiatras, as instituições são demasiado burocratizadas e a comunicação não flui entre elas, há muitos advogados que põem achas na fogueira e, em vez de ajudarem a atenuar o conflito parental, acirram-no e, mais importante, falta empatia na Justiça. A empatia devia ser ensinada nos bancos da escola.

A Tânia escreveu recentemente que a violência doméstica é uma “pandemia”. Na sua opinião, que medidas urgentes devem ser tomadas para reverter este “surto” que dura há décadas na sociedade portuguesa?

A curto prazo, há várias medidas que podem e devem ser imediatamente aplicadas: prisão preventiva para os agressores, em vez de medidas de coação ridículas como “proibição de contactar a vítima”; obrigar os agressores a sair de casa, em vez de serem as vítimas a ter de abandonar o lar e procurar uma casa-abrigo; penas de prisão efectiva e não suspensa, para os agressores perceberem que existe efectivamente um castigo para o crime de violência doméstica; acompanhamento psiquiátrico e psicológico disponível em todos os centros de saúde, porque há muitos agressores que sofrem de patologias que podem ser diagnosticadas pelos técnicos de saúde. A longo prazo, temos de educar as novas gerações para o respeito e a empatia, acabar de vez com a ideia absurda de que “ciúme é sinónimo de amor” e de que as pessoas matam por amor. As pessoas matam porque sofrem de patologias do foro psiquiátrico e não por amor.

Acha que a pandemia que assolou o nosso país e o mundo nos últimos meses, agudizou casos de violência doméstica pré-existentes?

Sem dúvida que agudizou. A pandemia criou muitos factores que potenciam a violência doméstica, como o isolamento social, o desemprego, o stresse. O confinamento trancou muitas vítimas em casa com os seus agressores, sem a possibilidade de saírem pelo menos para trabalhar.

Em Portugal, nestes processos, quando é necessário tomar uma decisão, as crianças são avaliadas por psicoterapeutas e pedopsiquiatras, que reportam aos magistrados e juízes os seus pareceres sobre o estado psicológico dos menores. Os pais não deveriam ser avaliados também por um técnico de saúde mental?

Deviam e, nalguns casos, são avaliados, mas nem sempre por técnicos com formação específica na área da violência doméstica. É preciso que os psicólogos tenham formação nesta área e os magistrados também, para saberem interpretar os relatórios que recebem. Um técnico pode fazer um relatório competentíssimo, mas se os magistrados não lhe derem a devida importância, o relatório não serve para nada. 

Há pais que são apenas progenitores. Só isso. Porque é que a sociedade insiste em pintar um quadro bonito, em que o pai e a mãe têm que estar presente na vida das crianças?

As crianças precisam de um pai e de uma mãe e não de progenitores tóxicos ou negligentes. Uma criança é mais feliz se viver só com um dos progenitores mas em paz, do que se viver com os dois num ambiente de violência e agressividade. A sociedade continua a perpetuar o mito da família feliz, mas há muitas famílias que são um verdadeiro inferno. Basta pensarmos que uma grande percentagem dos crimes de abuso sexual de menores são intrafamiliares, ou seja, são cometidos por familiares próximos das vítimas, muitas vezes o pai ou o padrasto, o tio ou o avô.


No livro, descreve os diversos danos psíquicos gravíssimos que sofrem as vítimas de violência psicológica. Algumas passagens que escreveu são inquietantes para quem lê. Um escritor, tal como um psicoterapeuta, tem que se distanciar, se resguardar, quando aborda estes temas?

É difícil resguardarmo-nos quando escrevemos sobre temas tão duros como a violência psicológica e creio que é impossível distanciarmo-nos, mas tentei ser objectiva – como um psicoterapeuta, sim –, procurei escrever um romance que contasse o sofrimento por dentro, mas sem ser melodramático, nem vingativo. Procurei não o distanciamento, mas a lucidez. Não é uma história de vitimização e ódio, é uma história de redenção e amor.

 

É notório que fez muito trabalho de pesquisa para escrever este livro. Pode referir algumas entidades e instituições a quem recorreu, que fundamentaram o teor deste seu trabalho literário?

Conversei muito com advogados, com funcionários do Ministério Público e da Segurança Social, com alguns polícias e investigadores da Polícia Judiciária. Li muitos requerimentos e acórdãos, durante anos “coleccionei” os artigos que saíam na imprensa sobre raptos parentais, guardas partilhadas, violência doméstica. Li uma bibliografia extensa, da qual gostaria de destacar os textos da autoria da juíza Clara Sottomayor, os livros das psicólogas forenses Rute Agulhas e Alexandra Anciães, o livro O Tribunal é o Réu do psiquiatra Daniel Sampaio e a tese Abusadores Sexuais do psicólogo forense Mauro Paulino. Por último, fiz um curso de especialização em Ciências Forenses, Investigação Criminal e Comportamentos Desviantes, que me deu muitas pistas sobre perfis criminais e perícias forenses.

Vários são os excertos de poemas de Anne Sexton que acompanham a narrativa. Para quem não leu Apneia, pode descrever que género de poesia é a dela?

A poesia de Anne Sexton é intimista, confessional, uma poesia que aborda sem pudor temas da vida íntima da autora e questões da esfera doméstica. Sexton foi uma mulher conturbada e fascinante, e a poesia dela aborda muitos dos temas de Apneia, como a doença mental e o divórcio.

A ilha da Madeira e a de Porto Santo já foram retratadas em contos e romances que já escreveu. Qual a sua ligação com as “nossas” ilhas?

A minha família paterna é madeirense e passei muitos Verões na Madeira, Verões esses que me deixaram recordações belíssimas. Os passeios pela serra, as caminhadas ao longo das levadas, os banhos no Clube Naval, acampar no Paul da Serra, ver as estrelas cadentes no céu sem fim do Pico do Areeiro, o arroz de lapas de Porto Moniz, o bolo do caco e os filetes de peixe-espada com que me deliciava todos os anos, as estradas às curvas com ribanceiras vertiginosas... Aprendi a nadar no mar da Madeira e a minha primeira ida a uma discoteca foi às Vespas. São recordações preciosas, que me acompanharão para o resto da vida. Quero voltar a escrever sobre a Madeira, mas mostrando precisamente este amor que sinto.

Em Apneia, a protagonista busca um refúgio, um escape, numa outra ilha portuguesa. Que significado têm as ilhas nas histórias que cria?

Talvez por essas recordações da Madeira que me ficaram da infância, tenho um fascínio enorme por ilhas. Parece que o tempo é mais lento e saboreado nas ilhas, vive-se mais devagar, mais em sintonia com a natureza. A minha família costumava ir ‘ao banho’ no Clube Naval à hora do almoço, na pausa do trabalho. Quem é que no Continente pode dar-se a esse luxo? As pessoas saem de casa de manhã e só voltam ao cair da noite. Só mesmo quem vive à beirinha da praia consegue ter esse prazer.

Nenhum leitor sai incólume após virar a página 696 do livro. Esta era a sua intenção?

Era. Quero que os leitores cheguem ao fim e fiquem a pensar em Adriana e Edoardo, na justiça, na violência, na crueldade. E na capacidade de as vítimas superarem os traumas e terem vidas “normais”. Há uma mensagem de esperança em Apneia. 

A feitura de ‘Apneia’ levou quanto tempo?

Demorei cerca de sete anos a fazer pesquisa e a escrever. A fase de revisão também foi muito longa, porque queria que não houvesse falhas nos trechos que se referem especificamente a questões do foro da Psiquiatria e do Direito.

Até agora, que feedback tem recebido por parte dos leitores que já leram Apneia?

A reacção dos leitores tem sido comovente para mim. Recebo muitas mensagens nas redes sociais de pessoas de diferentes idades que leram Apneia em três, quatro dias, e que me escrevem para dizer que o livro as tocou. Fico feliz por ter esse contacto tão directo com os leitores, o que era impensável antes da existência das redes sociais. 

A Tânia Ganho é um nome bem conhecido na Tradução Literária em Portugal. Que autor ou livro gostou mais de traduzir?

Tenho vários preferidos (e por motivos diversos): A Vida em Surdina de David Lodge, A Acidental de Ali Smith, Recordações do Futuro de Siri Hustvedt, Um Gentleman em Moscovo de Amor Towles, são alguns deles.

No seu dia-a-dia, como concilia a escrita com a tradução?

Não é fácil conciliar as duas actividades. Geralmente traduzo de dia e escrevo à noite e só quando já tenho uma grande parte do romance escrito é que tiro um ou dois meses só para escrever e rever o texto.

O que faz com mais agrado: ler, escrever ou traduzir?

Ler. É a ler que desligo de tudo e me abstraio de todas as preocupações. Traduzir é um prazer, mas é uma actividade muito exigente e fico sempre receosa de ter interpretado mal uma frase ou falhado na escolha de uma palavra. Escrever é uma necessidade, escrevo porque, se não o fizer, as palavras acumulam-se e não me deixam descansar. 

(Entrevista - versão alargada - publicada originalmente no Diário de Notícias da Madeira a 28/09/2020)

 

Entrevista a Tânia Ganho, publicada aqui no blogue em 2012, aquando do lançamento do livro A Mulher-Casa.